XXXVII
Na segunda-feira seguinte começaram as inspecções. Na FAP apresentaram-se dois inspectores da polícia judiciária entregando um mandato judicial com a missão de verificar todos os documentos que desejassem, nos arquivos da FAP.
Foram recebidos por Laura que lhes disse:
- Todos os nossos documentos estão à vossa disposição, digam-nos o que desejam ver.
O inspector que parecia ser o mais graduado, respondeu:
- Doutora Laura derixe-me observar primeiro os registos dos depósitos bancários da fundação.
Laura fez um sinal de aquiescência para uma das colaboradoras no escritório que, quase de imediato apresentou alguns "dossiers" numa secretária onde o inspector se instalou, começando a folhear o primeiro, tomando algumas notas, o mesmo procedendo o seu companheiro sentado junto a outra mesa. E Laura, após alguns momentos, disse:
- Senhor inspector terei de o deixar. Se entretanto surgir alguma dúvida ou dificuldade, estas nossas colaboradoras sabem onde me encontrar - e Laura saíu da sala.
Entretanto apresentaram-se na recepção outros dois inspectores, estes provenientes do ministério dos assuntos sociais. Laura, avisada, foi recebê-los e, depois de conhecer a missão de que iam incumbidos, encaminhou-os para outra sala dos serviços administrativos, anunciando:
- As nossas colaboradoras aqui presentes facultar-vos-ão todos e quaisquer elementos que desejarem. Eu estarei aqui perto e, pelo telefone interno, peçam a minha presença se vos surgir algum problema.
Não surgiu. Pouco mais de uma hora depois, todos os inspectores saíram da FAP despedindo-se de Laura. Que foi de imediato para o gabinete de Júlia:
- Todos aqueles senhores inspectores fartaran-se de tirar apontamentos nos cadernos oficiais que traziam.
- Pediram muitas fotocópias?
- Três ou quatro sem muita importância. As raparigas tomaram nota das cópias fornecidas. E êles não fizeram quaisquer comentários, parece-me que saíram convencidos que não temos segredos. Na realidade, não temos.
- Olha Laura, agora só falta que apareçam os autarcas, oxalá venham ainda hoje, não perderíamos mais tempo.
Apareceram em força, sem aviso prévio, quase ao meio dia, dêsse mesmo dia. Dois vereadores acompanhavam o presidente e o vice presidente da autarquia. A recepção preveniu a direcção, Júlia e Fernando receberam-os. Júlia, com a sua habitual cortesia, depois das apresentações, disse:
- Temos muito prazer em vê-los nesta casa. Podem dizer-nos de quanto tempo dispõem e o que vos interessa conhecer da actividade desta fundação?
Surpereso, pela actitude directa de Júlia, o presidente respondeu:
- Pretendemos conhecer a vossa actividade, os vossos objectivos e, se possível, o que pretendem no futuro. Penso que até ao almoço nos dará o tempo suficiente.
Foi a vez de Fernando intervir:
- Como é meio dia, é provável que seja um pouco tarde para a vossa visita aos nossos investmentos. Poponho-vos que até ao almoço falemos na sala das reuniões. Depois almoçamos, almôoço para o qual a fundação vos convida.
O presidente, respondendo, disse:
- Agradecemos o vosso convite. Porém antes temos muitas perguntas.
Júlia interrompeu-o:
- Então, se estão de acordo, passemos à sala das reniões., aqui ao lado.
Júlia depois de todos acomodados, disse, sentando-se junto a Fernando:
- Estamos ao vosso dispôr.- E o presidente foi directo ao assunto:
- Quais são, em concreto, os objectivvos desta fundação? - E Júlia:
- O objectivo principal da FAP, fundação para oa auxílio ao pôvo, é, como o seu nome indica, o de auxiliar todas as pessoas começando pelas famílias mais necessitads, abrangendo os desempregados com subsídios muito reduzidosl. Resumindo, procuramos auxiliar todas as pessoas con níveis de subsistência muito baixos. De forma directa, êsse auxílio iniciou-se pelas ofertas
em dinheiro e estamos entrando e ocupando-nos também duma forma indirecta dêsse auxílios.
- Que forma indirecta de auxílios?
(continua)
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