De vez em quando
De vez em quando fujo à rotina do certinho, do real, do socialmente correcto, do que todos ou quaser todos julgam certo, mais apreciável,
mais sensato.
Hoje, de manhã, pus-me a caminho com o projecto de nada projectar, e encontrei o amigo Jorge, companheiro que não via há muito tempo. O tempo, caminhando para a primavera, era propício para uma conversa alegre, sobre os bons momentos que passámos, sobre os bons momentos que poderíamos passar. Uma hora de bate-papo, despedimo-nos om um abraço apertado. Poucos minutos depois encontro outro amigo, o Zé Felipe:
- Zé Filipe lembras-te daquele nosso amigo Jorge? Imagina que o encontrei lá atrás, perto da oficina de automóveis.
- Menino deves estar enganado, o Jorgw, nosso amigo, morreu há vinte anos.
- Também tu morreste há dez anos e estás aqui, Zé Felipe.
Não me admirei da conversa, os automóveis andavam todos em marcha atrás, o vento soprava de cima para baixo, as águas saíam das sargetas em repuxos multicolores e toda a gente que passava ia despindo a roupa que lavavam. E dos bancos comerciais saíam os empregados com maços de notas que distribuíam pelos passantes e cartuchos de moedas que despejavam no chão atapetando as ruas.
E sentei-me a tomar uma bica e a ver com calma, o espectáculo.
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