O meu tio Tomaz era um homem extraordinário. Não por ir sempre à cozinha da minha avó cumprimentar a Chachão(a senhora cozinheira do minha avÓ)depois de comermos o explêndido arroz de pato que ela elaborava nos seus domínios, seguindo a sua própria receita que infelizmente ficou desconhecida; não por vestir de forma impecável e singular; não pelo seu dom da palavra que cativava sempre quem o ouvia; não porque era a pessoa da família que tratava melhor e demonstrava mais amizade pela minha Mãe,sua cunhada: mas principalmente porque era um homem muito avançado para o seu tempo, tratava de igual modo o humilde que o ricaço, era um homem que vivia no futuro, não imitava nada nem ninguém e aliava as descobertas da época à sua imaginação e creatividade. Como grande oferta de casamento, o meu avô presenteou-o com uma fábrica de conservas de sardinha, parada há muitos anos e de máquinas arruinadas. O magro capital dum pequeno empréstimo, permitiu-lhe conseguir que a fábrica funcionasse. Movimentou-se de forma a começar a exportar para o estrangeiro as conservas que saíam da fábrica. Obra notável, foi o primeiro industrial que no Algarve montou uma creche para os bébés das trabalhadoras.
- Morreu muito novo, tinha 57 anos. De certeza que o levaram tão cedo porque, onde chegou, fazia muita falta.
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