Nestes últimos dias, desde o trinta de Abril, tenho andado bastante à deriva, no que diz respeito a pensar e a passar para o computador uma mensagem, o que sinto, o que me passa pelo espírito, o que especulo sobre a vida, o que a vida especula sobre mim, o que me remexe comigo, o que me perturba minuto a minuto. Remorsos alguns, tristezas vagas, preocupações inúteis. "Sem proveito toda a fonte de preocupações" diz uma sentença antiga, dum filósofo cujo nome esqueci agora.
O que se esquece agora é mais importante que o que não se esqueceu, tem mais relevo na alma que a "fonte de preocupações", atira à consciência maior peso, altera o nosso rumo noutro sentido?
Esta biblioteca, a nossa memória, ora aumenta, ora diminui, Ora se engrandece com algum saber adquirido com a experiência, ora se enriquece com a curiosidade que possuí8mos, ora se especializa pelo acaso que nos concede uma paisagem desconhecida, ora se empobrece pela indiferença e pelo desprezo mais ou menos voluntário de algum conhecimento adquirido. A reunião dos meus neurónios nos conjuntos de ideias, novas ou antigas, segue correctamente desorganizada.
Na realidade, bem me parece que terei de lançar já a fateixa ao mar para me situar no ponto desejado.
Mas encontrei a corda, custa-me encontrar a ancora.
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