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sábado, 22 de outubro de 2011
Quando me sento à mesa
Quando me sento à mesa, sejeito à rotina do pequeno almoço que me saca da modorra do despertar, sinto-me agarrado a uma rotina adquirida nos sáculos da minha existència, séculos de chávenas de café com leite ou de leite sem café, de papos secos com manteiga ou com outra variante comestivel que agora saquei ou saqueei do frigorícico, levei anos e anos habituado a encontrar o pequeno almocinho resignado e bem preparado à minha espera, servido por um fâmulo no colégio militar ou por uma menina e esta contava-me, era eu miúdo: vim de lá da serra de Monchiqçue para servir uns senhores ricos daquela vila lá em baixo para onde os meus pais me mandaram para servir uns senhores ricos daquela vila que casa mais grande ca horta donde o meu pai, a minha mãe e eu e os meus irmãos trabalhamos com as enxadas ou apanhando as ervas à roda das couves e dos nabos da horta donde os meus pais e eu e os meus manos trabalhamos até cum dia apareceram por lá uns homens e levaram o meu pai preso porque disse a minha mãe porque o meu pai tinha ildo lá abaixo à vila junto ao mar ca gente vê cá de cima da serra e cas minhas amigas dizem que é todo salgado, tão salgado caté lhe tiram o sal ca minha mãe tem na cozinha eu não acredtito pudera lá ser o sal é sal a água é água põe-se o sal na água fica a água salgada, não acredito caquela água toda do mar ca gente vê cá de cima da serra seja toda salgada não acredito caja tanta gente a pôr sal naquela água toda que se v^cá de cima da nossa serra.
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