O comboio de Mossâmedes para Sá da Bandeira em 1953 subia a serra da Chela por caminho de ferro de bitola estreita. As carruagens tinham uma largura de dois metros e os passageiros sentavam-se em duas filas separadas por um corredor. As nossas malas e caixotes seguiram numa pequena carruagem de mercadorias e correio.
(O primeiro troço do caminho de ferro de Moçâmedes, 67 quilómetros foi inaugurado em 1907 eo comboio só chegou a Sá da Bandeira( hoje Lubango) em 1923 e este comboio era chamado por "camacouve" até aos anos século passado.)
As sete da manhâ desse dia de Maio de 1953 o comboio partiu da estação de Moçâmedes, cujo edifício ainda se encontra hoje com a mesma fachada que no dia da sua inauguração. Os primeiros sessenta ou setenta quilómetros, pelo deserto de Mossâmedes, foram percorridos em andamento moderado, 40 no máximo 50 quilómetros por hora, valocidade que depois foi diminuindo à medida que a subida da serra era mais e mais íngreme, até que chegámos, já passado o meio dia, a Vila Arriaga, onde almoçámos perto da estação e retomamos o comboio uma hora depois.
Na subida para o Lubango sucederam-se as paragens, mais ou menos demoradas para que a caldeira da locomotiva atingisse a pressão necessária, ou para tomar água. E saíamos do comboio para descançar as pernas. Haviam-nos dito que, quando a lotação era completa, por vezes os passageiros tinham de acompanhar o comboio a pé, nos troços mais íngremes, o que devia ser verdade : naquela viagem e nas duas carruagens de passageiros, seguiamoa apenas oito pessoas, quando poderiam viajar mais quarenta.
E, às vinte e uma horas chegamos finalmente - quase dentro do horário - ao Lubango.
Sem comentários:
Enviar um comentário