Desmontei a máquina procurando resolver um encravanço duma disquete, Tirei parafusos, tirei placas, plaquinhas e plaquetas, mencionando o lugar de tudo num desenho que elaborei concisamente, Fui descobrindo com paciência os encaixes, retirando as peças soltas, mais parafusos, mais peças soltas. Mirei, remirei e namorei perdidamente o que me restava e após cuidadosa inspecção e manuseamento adequado cheguei à conclusão que afinal não era uma diskete encravada mas uma peça parte integrante da maquineta. Tornei a montar tudo, seguindo o itinerário que o desenho me aconselhava. No fim sobraram-me três parafusos, decerto inúteis porque nada abanava naquela estrutura, que eu tinha restruturado seguindo os conselhos de moda por parte de políticos consagrados. Ah ainda sobraram duas pequenas placas que considerei inúteis e apenas resultantes da burocracia mental do inventor, e apenas justificada a sua inclusão no modelo para que o resultado final ostentasse mais riqueza duma ilusão visual.
Liguei a energia, liguei os quarenta e sete cabos que aguardavam pacientemente a entrada nos quarenta e nove orifícios disponíveis, portanto dois orifícios vieram adicionar-se ás sobras atrás mencionadas, orifícios sobrantes, vaidosos, que não pude eliminar por evidente ignorância. Carreguei no botão da energia, perdi os minutos de vida que esta máquina sempre me faz perder quando a ligo, vingança do construtor motivada pela razão de eu ter adquirido o modelo mais barato. Mas que agora, computa com cores muito mais decentes, abandonados os cinzentos, os desmaiados e por vezes os ténues tons anteriores.
E os três parafusos e as duas plaquinhas sobrantes lá foram aumentar a população do armário dos meus objectos inúteis que eu insisto conservar com teima inaudita.
Sem comentários:
Enviar um comentário