Sabeis como era o carnaval, nos anos quarenta e cinquenta, em Portimão ? Muita gente se mascarava, para "intrigar" como se dizia nesse tempo. A minha Mãe nunca faltava, ninguém a reconhecia, fartava-se de dançar, até nascer o sol de quarta-feira, ia com o seu grupo de amigas percorrer alguns dos clubes desta cidade, alguns com nomes curiosos : o Glória ou Morte, o Boa Esperança ( o único que ainda hoje subsiste e se conserva mercê de alguns carolas),o União, o Vencedora. Na terça-feira do carnaval, um grupo percorria esses clubes transportando um caixão e apresentando em cada clube a farsa do enterro do carnaval. Havia quase sempre grossa pancadaria, porque choviam as críticas mordazes ao grupo que levava e fazia o enterro. Muitos copos de cerveja bebidos e rivalidades antigas despertadas, incendiavam os ânimos e, como então se dizia, havia um grande "sarrabulho", não raro apaziguado pela policia.
Uma das cenas desses "enterros" : o chefe do grupo pedia silêncio, dava umas palmadas com força no caixão, dizendo quase sempre o mesmo : "óh ,morto anda dançar umas modinhas que os gajos deste clube ainda não aprenderam e as meninas daqui precisam de par !". A frase era por vezes muito mais brejeira, as respostas quase sempre piores, daí o sarrabulho que se levantava.
Sem comentários:
Enviar um comentário