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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Acidentes no nosso percurso


            Vai um cidadão conduzindo de forma pacata o seu carro e percorrendo as ruas estreitas do seu burgo. Raramente percorre a distância até onde pretende chegar sem que lhe surja uma ou outra.surpresa : um garoto que sai duma casa e outro logo atrás perseguindo-o em correria desbragada, um senhor que  atravessa a rua continuando a ler o jornal, um outro carro que pára à frente do nosso e o condutor em conversa demorada com outro cavalheiro que lhe acenou para parar, uma rapariga conduzindo pelo meio da rua o carrinho do seu bébé, uma carroça de ciganos cuja mula escorregou no piso molhado e se estatelou, não se levantando apesar dos esforços frenéticos do cigano, uma senhora surda  atravessando a rua sem olhar. E qual é a reacção do cidadão condutor do automóvel ?
                  - Abre a porta e sai do carro gritando desaforos.
                  - Baixa o vidro da janela e brada indignado algumas palavras impróprias quase insultuosas.
                  - Ou, dentro do carro, impacienta-se e comenta o percalço,sozinho ou para quem o acompanha,
                     batendo, ameaçador, com os punhos no guiador, e exibindo uma impaciência exaltada, "isto não pode ser !".
                 - Olha para o relógio e diz frases como " aquele nunca mais anda!" ou " a polícia nunca está onde é mais precisa " ou ainda " querem ver que ficamos aqui todo o dia ?". Ou outra, mais adaptada às circunstâncias.
                  - Aguarda com calma e sem esforço, que o caminho fique livre.
         A que se devem estas reacções, tão dispares ? Com excepção da última, devem-se à deficiente formação do condutor do carro. Ou porque vai depressa demais, ou porque não aprendeu ainda a enfrentar situações insólitas, inesperadas, fora das rotinas da sua vida. Ou porque tem complexos de superioridade, ou outros que não lhe permitem reagir de forma diferente, respeitando o próximo,  possuindo um carácter que lhe permite sorrir em vez de agredir, aguardar com calma em vez de ceder ao primeiro impulso : o que não acontece senão em caso extremo, não escutando ou pensando primeiro nas razões de quem o perturba.
          Não recordando sempre quão curta é a nossa memória e a nossa vida. E sem proveito toda a fonte de preocupações.        

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