" Eu sei onde nasci: naquela rua
de árvores mortas e de velhas casas
onde ensaiei os meu primeiros passos,
e onde as minhas pueris tímidas asas,
se transformaram lentamente em braços.
Mas que me importa? Sinto-me perdida
como alguém que em menino se perdeu,
e sei que a minha vida é outra vida,
e sei que não sou eu,, que não sou eu!
Que venho de mais longe, da distância
que flutua entre o sonho e a realidade.
que nunca teve pátria a minha infância,
que nunca teve idade a minha idade.
Que o meu país, se existe, é como a quilha
dum barco a demandar inutilmente
uma impossível, ignorada ilha
banhada por um mar inexistente.
E contudo eu nasci naquela rua
de árvores mortas e de velhas casas
onde ensaiei os meus primeiros passos,
e onde as minhas pueris, tímidas asas.
se transformaram simplesmente em braços."
, poema de Fernanda de Castro (8/12/1900 - Fev 1995 )
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