No fundo do meu pensamento há uma angustia demoníaca, sem pejo, sem qualquer fulgor, palpitação, parece que flutuo dentro dum líquido mais denso que as aguas do Mar Morto, custa-me mover-me, esbracejar, esboçar qualquer movimento, sair, respirar, até me custa continuar a escrever, tento mudar a caneta com que desenho estas letras, não, que ideia esta, estou escrevendo no computador e a minha caneta é o toque dos meus dedos nas teclas que vão ressoando nos seus tiques e taques, as canetas e os lápis não fazem tiques nem sequer inocentes taques ou toques ou lá como se chamam os sons deste matraquear que os inventores e investigadores da informática ainda não descobriram o modo de silencia-los, nesse dia, após uma campanha a nível mundial com gráficos, estatísticas, entrevistas reais e republicanas em que anunciam em termos amigáveis que irão fabricar um bilião duma primeira edição de computadores sem tiques adiantando-se à concorrência que se prepara para lançar a campanha dos computadores sem taques, as encomendas já ultrapassam a produção prevista e as estatísticas ainda não efetuadas fazem prever um aumenta de vendas preocupante.
Oxalá que não demorem a lançarem essa maravilhas no mercado para que me desapareça esta angustia demoníaca.
(Uma dúvida: se se deve escrever como se pronuncia, devemos pronunciar efetuadas ou efectuadas? Mas não confundo o pacto com o pato, em particular se o respetivo ou respectivo arroz está bom e não lhe falta sal.)
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