Foi em 15 de Julho de 1944.
O meu Pai morrera um ano antes, no dia em que eu cheguei à casa dos meus pais com a boa nova de que tinha feito os exames do sexto ano( correspondente ao décimo de hoje, no liceu) e aprovado. E quando saí do colégio, acabado o sétimo ano, ao tomar o eléctrico para me dirigir à estação do Cais do Sodré afim de regressar a Portimão, lembrei-me do dia em que entrara no colégio, perturbado, desconfiado, temeroso, levado pelo meu Pai , sete anos antes, ao mesmo tempo que sentia um alívio imenso: tinha acabado a prisão que para mim o colégio sempre significou, tinha acabado o toque de caixa, as formaturas, marcar passo por tudo e por nada, marcar passo antes de ir para qualquer sitio, ao chegar a qualquer sítio, ver-me livre daquele idiota do capitão Casais, aspirar a liberdade, tomar banho todos os dias.(no colégio tínhamos banho duas vezes por semana) - e para o balneário também seguíamos a marchar. Perdoem-me, é um desabafo, que me agrada e alivia.
Porém, há que dizê-lo, para mim, o grande valor do colégio e para quase todos os que o frequentaram, foi o da esplêndida formação que nos proporcionou no domínio da cultura geral e da base intelectual para tudo o que necessitávamos aprender, base nesse tempo, difícil de obter na maioria dos liceus.
Nesse dia, aliviado, comecei a apreciar Lisboa.
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