Eu e a filha Clarissa estamos prontos a embarcar, esperamos pela minha neta Clarissa Mingo Valderrabano que deve ter herdado o hábito da sua avó Rosa que chegava sempre atrasada à partida do comboio, mas nesse tempo os comboios eram muito mais civilizados, atrasavam-se sempre que a minha Mãe se atrasava, agora os mais modernos, até obrigam os viajantes a comparecerem antes da partida! A minha Mãe tinha razão e a prova é que ela nunca perdeu um comboio ainda que sempre chegasse depois da hora marcada. E eu, pontualíssimo que sou, já perdi um comboio porque ele partiu antes da hora marcada. Para compreender isto é necessário conhecer a fundo a teoria da relatividade, que eu conheço supercialmente. Parece uma grandessíssima mentira minha, não é mentira, a razão é que tinha-se esgotado a pilha do meu relógio. Nos relógios antigos dávamos-lhes corda todos os dias e portanto estavam sempre mais ou menos certos.
Estes relógios actuais, suissos, japoneses ou paquistaneses, baratíssimos, de quartzo, atrasam-se um segundo por ano, mas nós nunca sabemos quando se lhes acabam as pilhas e nesse dia em que elas acabam, zás, perdemos o comboio.
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