Entrei naquela arca de cânfora da casa dos meus pais, na Praia da Rocha. A casa já foi substituida por um imenso caixote de apartamentos, mas o espírito da casa que o meu Pai lá construiu, nos anos vinte do século passado, ainda por lá está. E a aquela arca também. Era enorme, continua cada vez mais enorme, cabem lá dentro os espíritos duns meus mais de duzentos antepassados mais chegados e também me parece que estão também lá mais de duzentos dos espíritos dos teus antepassados, entra comigo na arca Clarissita Mingo Valderrabano, vamos conversar com alguns deles.
Expliquemos o que se passa lá dentro. Os espíritos não se atropelam, não se confundem, não se misturam uns com os outros formando uma amálgama difusa, nevoenta, poeirenta. Nada disso, a visão dentro da arca é perfeita, cada um de nós vê apenas um espírito ou uma espírita, num ponto que fixamos naquele espaço, se tentamos comunicar com ele ou ela, só ele ou ela responde ao que lhe perguntamos ou comenta o que referimos. Nunca são os espíritos que nos procuram, aparecem naquele ponto que escolhemos e fixamos. E com a Clarissa Mingo Valderrabano, que me acompanha nesta viagem pelo interior da arca, passa-se o mesmo.
Porque é que só hoje me lembrei deste passeio pela arca ? Tenho feito esta viagem muitas vezes, só agora me deu para descrever a última, porque agora vou acompanhado pela Clarissita, estou aguardando que ela chegue aqui perto da tampa da arca, o que me prometeu para amanhã ou depois.
2 comentários:
Quando eu era pequena sentia uma certa timidez perante os mais velhos da familia.
Uns anos mais tarde, uma parte dessa timidez transformou-se em preconceitos que me impediram de me aproximar e conhecer melhor certas pessoas da nossa familia.
Hoje percebo que era medo. Tive uma adolescencia um tanto isolada e faltou-me o á vontade que da o convivio social regular com pessoas de diferentes idades , em casa e fora de casa.
Em África tinhamos isso, os meus país conviviam com um grupo grande de casais que tinham filos de diversas idades, muitos da nossa. Foi uma das coisas que mais nos custou quando voltámos de vez para a Metrópole, como se dizia naquele tempo.
Só hoje, varias décadas depois, sinto que saberia tirar partido desses encontros, conhecer melhor a tantas dessas pessoas– algumas, bastantes, já cá nao estao e nao vou a tempo….
Em relacao a esas, a minha única hipótese é pedir boleia ao meu pai e á mina filha, na viagem que vao fazer á arca de canfora dos espiritos da familia. É claro que aquí a viagem é lusitana incluindo certamente todos os que vieram ou ficaram na Índia e em África.
Lá estará a tia Luisa… conservo a alegría de a ter visitado no seu ultimo ano de vida e agradeco ao meu pai ter podido ter ese encontro amoroso e comovente com ela.
A mina avó Rosa, o tio Joao, o tio Chico, o tio Afonso, a tia Manuela, a tia Fernanda, a tia Pó, o Antonio, os primos de Lagoa, a tia Mimi, a prima Palmira, o Joao Duarte, o Zé Antonio, o tio Frederico, o tio Alberto, a tia Berta, o tio Santos, e todos, todos os que nao cheguei a ver, o meu avo Joao, os meus bisavós…. Grande festa!!!! Agora que vou fazer 60 anos daqui a uns días, era mesmo esa a festa que eu gostaria de fazer!!!
Quando partem? Posso ir?
Ai filha querida do meu coração! Que grande alegria o teu bom comentário. A Clarissita não para de preparar as malas, malinhas, malórios malas de mão, maletas, malas de porão e de avião, segundo hoje me disse numa mensagem que me enviou. Todos esses antepassados próximos de que me falaste devem estar fulos comigo por não inoiciar a viagem, o que vale é que o transporte, a mala de cânfora cheira muito bem deve impressionar catitamente as pituitárias dos espíritos, que como espíritos que são têm os sentidos muito bem afinados, num sonho que tive há poucos dias aprendi entre outras coisas que sempre aprendi nos sonhos e que ainda não esqueci, aprendi que os espíritos têm os sentidos afinadíssimos além daqueles certos sentidos proibidos cá na Terra mas que no reino deles o Criador, na sua infinita bondade, espalha às mãos cheias. Bem, tu virás também na nossa viagem mas como viajaremos em plena, gemuina e celestial democracia, cada um dos viajantes se encarregará do diário de bordo, no primeiro dia serei eu o responsável, segundo a Clarissita e tu no terceiro. E nos dias sucessivos alternaremos da mesma forma esse trabalho. Podemos usar e abusar da preguiça à vontade, mas pelo menos nos dias de preguiça teremos de escrever uma ou duas palavras tal como "gaita, esqueci-me!", " estou" "olá", ou outras que revelem, como as anteriores, a vossa elevada inspiração. Distribui os meus abr, , bjs, saudades...
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