Até que enfim, acabo de ver o meu irmão José Manoel!
- Olá José Manoel, dá-me um grande abraço !
O meu irmão abraça-me forte, poucos abraços demos durante o tempo que vivemos juntos, talvez por minha culpa, talvez pelo ambiente em que vivíamos, talvez pela nossa formação.
- Ora viva, Alberto, eu sei que tens andado muito nessas viagens na arca, não nos víamos há mais de vinte anos, pelas contas que fazem ai na Terra.
- José Manoel, já me perdoaste?
- Perdoei o quê?
- Não sei se te lembras, fiz-te algumas partidas, uma delas a pedra que atirei um dia, andavas tu de biciclete, as minhas críticas junto à nossa Mãe,pelas demoras em acabares o teu curso de engenharia...
- Olha Alberto, como dizia o nosso Pai, "o que lá vai, lá vai"...Basta um dia aqui para esquecermos tristezas e agruras que passámos na Terra e para nos lembrarmos o que diz a Bíblia e todos os outros livros santos. O que me agrada muito é saber que tens uma boa vida e que a tua descendência vive em boa harmonia. O que é uma pequena, ínfima amostra do que aqui se passa.
Nem imaginas o que é conhecermos os nossos antepassados, mas repara, todos aqui são bons, até aquele que a crónica da Tórre do Tombo refere como condenado em Sevilha, aqui vive contente e em plena harmonia com todos nós. Os piores aí são aqui dos melhores. Parece que o nosso Criador, é o que por aqui referem, os limpa na Terra e aqui chegam sem mácula...
- José Manoel, diz-me, segundo o que eu escrevi no meu livro "Sonho de sorte" será que o mal do dinheiro desaparecerá aqui na Terra?
- Como compreenderás, não podemos falar do futuro, o que te digo é que tudo o que escreves se conhece aqui, é assunto das nossas conversas. E por conversas, tenho que ir para uma, é um compromisso que tenho, adeus, um grande abraço...
Tentei ainda fazer-lhe outra pergunta, mas a sua imagem esfumou-se e eu tive que desembarcar da arca.
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