Não tardou nada apareceu-me o meu irmão João. O mais parecido com o nosso Pai. Os mesmos traços indianos, o mesmo físico, corpo, braços e mãos fortes. Tão fortes que em Moçambique, quando um pneu furava, tiradas as porcas da roda, não usava o macaco, era ele que levantava carrinha enquanto o ajudante tirava a roda com o pneu furado, enfiava a sobressalente nos pernos, e colocava as porcas.
- Olá Alberto, vens para cá ou estás de visita?
- Não, João estou viajando nesta arca de que te deves lembrar na casa do nosso Pai.
- Sim, a arca de cânfora que ele trouxe da Índia. A tua Mãe é que me disse que hoje querias ver-me aqui.
- Diz-lhe que espero vê-la amanhã, não sou eu que determino quem me aparece nesta minha viagem. João recordas aqueles pequenos almoços na minha casa de Portimão? Começavas o pequeno almoço às nove horas, acompanhando-nos, eu ia para o emprego e tu continuavas conversando com a Mari e petiscando, uma fruta daqui, um pedaço de queijo dali, uma ou duas bolachitas de chocolate do pacote, uma chávena de café com leite até que eu chegava de volta do trabalho, cerca das treze horas, ele e a Mari levantavam-se e da copa, saíam comigo para o almoço.
- Por certo que me lembro, eu passei aí uns belos dias na vossa companhia.
- E, na carpintaria que montaste em Lisboa, também fabricaste as persianas de tola para a casa onde vivo.
- Esse negócio da carpintaria que faliu pouco tempo depois foi mais um mau negócio. Nós os Quadros homens, todos temos tido pouco jeito para negócios, As mulheres Quadros têm sido mais sábias, mesmo as nossas antepassadas que aqui tenho conhecido, foram mais hábeis. Bem, Alberto, podemos conversar por cá, muito no futuro. Um abraço, tenho de ir!
Tinha muitas perguntas engatilhadas mas não consegui faze-las.
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