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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Essa tentação

         E agora? Mais outro ano ou menos um? Queixar-se, fazer queixas, dizer queixinhas, lamentar-se, prejudicar a mente, encher a memória com inutilidades, rogar contra o que nos sucede sem saber se o que nos sucede foi por bem ou foi por mal, o incómodo raro se agradece e sempre nos acontece por alguma razão, se não existissem os incómodos, pensem, a vida seria uma sensaboria, uma pasmaceira, um dó de vida, um dó sem alma, sem um ré ao lado, sem um mi depois e um fa mais afastado, mas todos silenciosos, as notas do silêncio são infinitas, todos os instrumentos as tocam, não há quem desafine quando toca notas do silêncio, olhem, as que tenho na carteira são dessas, deixei de as usar há muito tempo, mas ao tempo tudo apaga, tudo deslustra, tudo muda. Porém o que não muda é a nota nostálgica da fantasia, a nota semibreve da pobreza, a nota aguda da fome.
E há quem pense nisso tudo sem reparar no que pensa.
Porque eu só reparo no que penso quando me resigno.
Porque me alegro quando cedo à tentação.
De roubar-te um beijo.   

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Quando e só quando

Coisas estas que aparecem, fogachos que iluminam a capela das minhas ansiedades, tocando os sinos nos meus claustros, abanando a fogueira dos meus desejos, gravando no livro do tempo tudo o que pressenti antes de saber que existia, esse mistério da vida.
Porque ainda ninguém descobriu a verdadeira tábua da sabedoria, porque ainda ninguém sopesou os supremos desígnios de Deus. Quando soubermos ler o romance do tempo antes. Quando abrirmos as portas do presente, quando não nos limitemos a passar por ele, sentiremos talvez quando Deus passa por nós.
Como tantos decerto já sentiram, mesmo antes de partirem.

Necessidades

Em que necessito de "chatear" com alguém , não sei como nem quero aprender nada disso, só quero melhor aprender o que já sei, tenho sempre um receio imenso de não ter receio de nada, será que pode existir vida sem receio´? Será que uma alforreca tem amores, virtudes, receios, ansiedades? Como expressará uma alforreca a saudade, como compreenderá uma alforreca os meus receios?. Um dia destes procurarei uma alforreca que saiba jogar xadrès, jogando xadrès a gente inventa muita coisa para conversar, gosto sempre de conversar com um qualquer ser que me apareça, mesmo que venha carregado de más intenções, mesmo que traga uma dose de boa vontade, Que querem, sou assim, um pouco tristonho, um pouco alegre, para quem me vè por fora, abafado contra o frio, resignado pelo silêncio de quem me vê.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Onde me leva a vela

        Eu viro-me para o lado onde o travesseiro é mais fofo. O grande problema existe quando não há travesseiro.
        A mente não roda quando a cabeça roda.
        A imagem da vela entra-me no cérebro e inspira-me a mente.
        Nunca me preocupou a minha altura, o tamanho dos meus passos, o peso da aventura. Nunca me preocupou saber o que sei.
        Nunca me intrigou a ausência de cor. Mas sempre tive medo da escuridão, talvez porque só a conheci depois de nascer.
         Vivo sempre a pensar na vida. Não sou exigente, não sei o que isso é. Conforta-me o que ela me traz. Penso sempre que o que ela me traz e o que me trará, tem sempre uma razão de acontecer.
         As vogais da vida, alegres, esfusiantes, ruidosas, são poucas, como as da gramática. Aproveito-as, são dádivas  generosas que a nada me obrigam. As consoantes da vida, tristonhas, quase mudas, sem humor, são muitas, como as da gramática. Suporto-as, com curiosidade, mas esqueço-as com facilidade.

domingo, 28 de dezembro de 2014

          Eu caio do altar da minha ignorância, procuro no chão e não encontro as sandálias do pescador. Vejo lá em cima o livro da sabedoria e trepo, afastando os espinhos da maldade, aceitando a ajuda de quem me sustem, o amparo de quem me aconselha sem nada me ordenar, a protecção de quem se limita a estar a meu lado.
          E acendo a vela. 

Valor duma carícia

         Nem só os jovens podem evoluir com a idade, a idade não reconhece os jovens. Porque todos podemos partir a loiça da virtude e juntar os cacos da ignorância. Mas ficam sempre lá os sinais da operação, embora a tinta da vergonha os possa ocultar. Mas vem sempre o tempo em que alguém se entretém  a  raspar até que encontra. Mas, por vezes fica sem paciência e parte tudo, irritado, acabando-se a pintura, anulando-se a antiguidade, voltando à terra donde saiu para aquela linda porcelana.
          Um objecto, um "bibelot", uma peça com mil anos vale menos que um gesto de amizade. Um original com mil anos não o troco por uma carícia de quem me ama.  

sábado, 27 de dezembro de 2014

Vou deixar de andar no metro

            Não gosto dos transportes colectivos. Vou deixar da andar no metro, vou passar a andar no quilómetro.

Sobre "O capital no seculo XXI" de Thomas Piketty

         No passado Natal foi-me oferecido o livro "O capital no século XXI", da autoria de Tomas Piketty.
         A celeuma que parece ter sido levantada pelo livro entre os cientistas económicos, deve-se, segundo o que lemos, às conclusões a que aquele autor chega no livro, através da análise honesta dos dados estatísticos colhidos sobre a evolução da economia nos últimos três séculos em vinte países. Demonstrou que no século XIX não se verificaram as previsões apocalípticas previstas por Marx  no seu "Capital": concentração da riqueza numa pequena percentagem da população, tendência constante para o aumento da pobreza. Porém a análise que Piketty faz dos dados estatísticos que colheu, de dados de  vinte países, vem demonstrar que a economia, está sujeita a uma espiral viciosa e de efeitos crescentes de desigualdades, apontando que só talvez a política poderá contrariar essa tendência, o que não vem sucedendo no princípio deste século XXI. A política, no entanto (e este é um comentário meu), está demasiado subordinada ao dinheiro, para interferir a favor dos mais pobres e inverter aquela tendência.
           Julgo que Piketty, - talvez de forma involuntária, talvez por deformação profissional -, neste seu trabalho não se refere nem comenta o principal motor da economia, o sistema monetário a que estamos sujeitos. Não lembra as suas bondades nem os seus malefícios.
          Thomas Piketty, no entanto, no livro aflora o problema da meritocracia. Mas não o comenta nem o aprofunda. Se o fizesse, chegaria ao dinheiro. E sendo honesto, como é, teria de iniciar a discussão.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Sociedade civil - 2 -

           Façam o seguinte para vos distrair um pouco nas vossas andanças pelo exterior: abordem a primeira pessoa que vos pareça simpática e depois dos bons dias, pergunte-lhe como vai a sua vidinha. As respostas são variadas mas na essência resume-se na maioria dos casos, neste género;
             - A minha vida, ora, vamos andando, mais ou menos bem, mais ou menos...
           Interroguei muitas pessoas talvez umas quarenta ou cinquenta,  Houve variantes interessantes, mas quase por norma não saindo da apatia, do desinteresse, do alheamento de que
falei ontem . Sempre tentava aprofundar o pensamento da pessoa que interrogava, falando-lhe da crise - a crise, sei lá o que sei é que cada vez tenho menos dinheiro e não me resolvem o assunto - mas, insisto eu, mas a senhora como acha que ficaria melhor o que deveria acontecer - eu não queria falar em governo, nem em partidos políticos , nem nos escândalos relatados nos jornais, nas revistas , nas televisões - ora, sabe o que eu acho - responde-me ela ou ele - o que eu acho é que assim não vamos a lado nenhum, a vida está cada vez pior..
             Mais adiante, se a pessoa não se despede com um "eu quero lá saber dessas coisas", mais adiante eu faço outra pergunta, sondando um pouco mais, tentando que a pessoa com quem falo, pense um pouco "nessas coisas". Mas o senhor não acha que tudo poderia melhorar, ser diferente, termos um pais melhor ? Ora, pois melhor era dantes, ao meu marido não lhe faltava trabalho, agora o filho não tem emprego e o pai reformou-se e mal dá para comermos os quatro lá em casa.
              Algumas vezes tenho perguntado se não poderíamos viver sem dinheiro. A resposta é sempre a mesma, com raras excepções: olhe, isso se calhar era bom, desde que tivéssemos outra coisas com que viver. Claro que eu não sigo com o tema. Parece-me que só numa sociedade civil muito avançada a maioria da população poderá conversar sobre esse tema.
               No presente, procurar que a maioria sinta a necessidade de sentir-se parte da sociedade civil, com organizações, agrupamentos, grupos que se reúnem com a frequência suficiente para discutir problemas importantes e encontrar soluções viáveis: será difícil mas devemos tentar. continuando e ampliando o que praticam muitas organizações que existem
(É provável que, como vou passar, em Lisboa, com a família, estes próximos dias antes e depois do Natal, talvez só lá para o dia vinte sete continuarei com esta conversa sobre a sociedade civil. Mas pensem no assunto.)

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Sociedade civil

             Impõe-se no nosso povo uma mudança de mentalidades. Quando qualquer um de nós, quando qualquer cidadão indo às compras, passeando no jardim ou participando em qualquer reunião repara na actitude generalizada de apatia e alheamento,  perante tudo o que seja diferente do que se passa à sua volta, do que está no prato com o que escolheu para se alimentar, da conversa que sustem com o amigo ou amigos que o acompanham. Conversas que salvo raríssimas excepções, incidem quase na totalidade em problemas caseiros, problemas do seu dia a dia, efemérides contadas uns aos outros. Estas actitudes reflectem a mentalidade do povo, mentalidade arredada dos problemas do país, mentalidade que na prática, apenas se preocupa com os problemas pessoais, raramente abrangendo os da sua cidade, da sua região, do seu país e que o afectam, por vezes, de forma indirecta, mas bem contundente. E portanto da mesma maneira, reflectem a ausência duma sociedade civil organizada.
            Continuarei analisando o que me parecer de útil na sociedade civil.

sábado, 20 de dezembro de 2014

A cadeira de palhinha

Na sala de jantar da casa dos meus pais sentávamo-nos em cadeiras de palhinha. Assim chamados, porque onde nos sentávamos e onde nos enconstávamos eram tampos de palhinha de autêntica de palha, bem resistentes ao peso de cerca de noventa quilos do meu Pai. Os entrançados de palhinha vergavam um pouco com o que suportavam, mas nunca fui conhecedor duma que rebentasse.
As cadeiras de palhinha eram construídas pelos egípcios, antes de Cristo e na Europa foram moda lançada pelos austriacos, que as usaram em cadeiras de mesa, em cadeiras de balanço, em otomanas e outros fins. Hoje são raras, e as que se encontram à venda em geral são de palhinha sintéticas embora com o mesmo entrançado quadriculado, deixando buraquinhos que dão frescura no verão.
          Um dia em que o meu tio João almoçou na nossa casa, ele, ao sentar-se numa cadeira dessas, disse-me:
                - Olha lá, disseste-me, quando eu aqui cheguei que tinhas uma coisa para me dizeres, o que é?
                - É uma pergunta que lhe quero fazer, tio João, o tio sabe tudo !
                - Então faz lá a pergunta, Albertinho.
           E, com a ingenuidade própria dos meus sete anos, expus-lhe a minha dúvida:
                - Tio João, o tio sabe para que são os buraquinhos que  tem o tampo da cadeira onde se sentou agora?
                - Ora Albertinho, vou-te responder mas não dizes este segredo a ninguém, pois não?
                - Não, não, tio João não digo a ninguém.
                - Então, olha, os buraquinohos são para deixar passar os pumpuns que  tio João tem que deitar fora, senão ficavam presos...
           Este meu tio avô João ensinava-me cada brejeirice...   

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Para Rutelina dos Santos e leitoras e leitores das minhas mensagens

Rutelina Santos, e todas as minhas leitoras e  leitores: venho propor-vos a vossa colaboração na minha cruzada contra o dinheiro.
Nunca falaram com os vossos amigos sobre isto? Nunca referiram nas vossas festas. nos vossos carnavais, nos vossos bailaricos , nas conversas  com os vossos maridos, esposas, namorados ou namoradas nada sobre o mal do dinheiro, o mal deste sistema em que o dinheiro é rei, justifica muita sacanagem, lança muita miséria sobre muitas famílias. Naturalmente muitos dos vossos interlocutores estarão de acordo em que o dinheiro é um mal que há muito vem assolando a humanidade, sempre incidindo o seu mal nos mais necessitados. E duma forma geral, peremptória e definitiva, terminarão a conversa dizendo : que havemos de fazer, não podemos passar sem ele. Sim, o dinheiro não traz a felicidade, mas ajuda - dirão outros. E a conversa sempre acaba por morrer em termos semelhantes. Toda a gente se resigna, se vai resignando, sem que as pessoas se decidam pelo menos a aprofundar um pouco mais o assunto, pensando mais no que seria uma sociedade sem os malefícios do dinheiro.
               Acompanhem.me um pouco, peço-vos.
               Na Internet poderão ler uma constituição que um brasileiro propôs para uma sociedade meritocrática. Sem dinheiro, todo o trabalho, todo e qualquer artigo seria avaliado em méritos. E estes não seriam outra moeda, não. Os méritos seriam creditados a cada cidadão tal como as notas que obtemos na escola, pela avaliação dos nossos conhecimentos, tal como essas classificações são inscritas na caderneta de cada aluno e que se destinam à obtenção e avaliação final do mérito dos alunos.
              Portanto: numa sociedade onde imperasse a meritocracia, o trabalho ou ocupação de cada indivíduo teria tabelas para as diferentes profissões, cada artigo à venda no comercio teria o seu valor de compra e venda expresso em méritos, valor constante da tabela respectiva. Não é possível isto?
E reparem: não seriam necessários a moeda, as notas, os bancos, não existiriam agiotas.
Pensem nisto, apresentem-me as vossas dúvidas, a vossa discordância. Falem e conversem com  os vossos amigos e amigas sobre isto, escutem as dúvidas, digam-lhes o meu nome indicando-lhes o meu endereço electrónico
quadrosalberto@gmail.com
digam-lhes que responderei a todos. E que ainda não apareceu uma dúvida sobre o assunto que eu não rebatesse .. Ou antes, por vezes com afirmações difíceis de responder tais como: "ora, ora, isso é impossível ! " a que eu sempre digo : A história está cheia de impossíveis que se realizaram, pelos que se decidiram a resolver-los".
Quando começaremos, será necessário que mais gerações suportem mais torturas, misérias e pobrezas que o dinheiro vem causando desde que existe?
Por muito menos se fazem grevcs !

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

"Putin falou, o rublo voltou a cair. Outra vez"

Mais uma bordoada nas pequenas economias. E mais uma vez que os de mais fracos recursos são os mais atingidos – agora na Russia, amanhã, meus amigos, o mesmo acontecerá cá pelas nossas bandas: o dinheiro nos atingirá com essa arma letal da inflação.
Portugal tem nome definitivo na história pelas descobertas, sulcando caminhos marítimos nunca dantes navegados.
Mais ficaria com esse nome gravado a ouro e platina se descobrisse o caminho para uma nova economia que nos afastasse do dinheiro, dos seus inevitáveis malefícios, por caminho nunca antes seguido e que descobrisse através da inteligência e arte dos seus cidadãos. Para o que talvez baste um meio tão simples como o de pensar.
(Comentário que publiquei no "Observador" de 18/12/14 , sobre um artigo com o título em epígrafe, de Nuno André Martins naquele jornal)

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

O armário de pinho

O armário do meu quarto acordava-me todas as manhãs, era o ranger daquela porta cujo espelho me fornecia a imagem de moço estremunhado, olheiras da noitada, do bailarico, dos corridinhos às duas da madrugada,  truque, tentativa, nem sempre vã da orquestra para estafar-nos e  atirar-nos aos jovens, para  as cadeiras à frente das mamãzinhas. entretidas nas críticas com as vizinhas do lado.
         Era um armário vetusto. liberal, de linhas severas, comprado nos princípios do século passado    pelo meu bisavô, parte da mobília do chamado  quarto de hóspedes, nunca albergando hóspedes, ali passávamos eu e o meu irmão a parte das noites de verão que sobrava dos bailes, dos passeios pela avenida, mais raro numa descida nocturna até à praia para ensinar o caminho a alguma turista interessente que quando partia do seu pais nórdico trazia bom conhecimento desses passeios românticos com a rapaziada local.
          E no armário de rijo pinho , todas as manhãs a minha Mãe ia sondar, em baixo, o gavetão. Ao abri-lo, na busca dum par de sapatos, acordava-me. Ela, quando se deitava, nunca deixava os sapatos no chão  do seu quarto. À noite, sempre os levava para o tal gavetão e substituía-os pelas chinelas. Mas eu consegui modificar esse hábito da minha Mãe, ensinei um pastor alemão que eu  tinha criado e a que dei o nome de Tarzan, desde os seus três meses de idade. Aprendia tudo com uma facilidade que impressionava toda a gente. E ensinei-o a levar as pantufas à porta do quarto dela : eu punha as pantufas à porta do meu quarto e, a partir das nove horas o Tarzan pegava nas pantufas, seguia e  lá estava aguardando que a minha Mãe abrisse a porta, e depois agradecesse contemplando-o com uma bolacha maria. 
          O Tarzan nunca atacou ninguém, era frequente, na praia quando eu falava  com amigos, ele suportar, contente,as carícias e festas que lhe faziam. Em particular duas francesas até corriam para lhe fazer festas. Quando elas apareciam,eu dizia : Tarzan olha a Michele e a Rose. E o cão por vezes até se empoleirava numa ou noutra,colocando as patas dianteiras sobre os ombros delas, que sorriam, fazendo-lhe festas.
           Mas aconteceu que um dia, num fim da tarde, ela passaram em frente da nossa casa de praia. Iam rindo, com vestidos leves e garridos que lhes acentuavam a graça. Quando dei por elas chamei-as. O  Tarzan, ouvindo-me, em dois saltos estava junto  delas, empoleirando-se nos ombros da Michele que, ao voltar-se, prendeu numa das patas a alça do vestido. E o cão, ao retirar a pata, retirou também o vestido, ficando a Michele completamente nua.
            Os velhos armários de pinho também trazem à memória recordações agradáveis.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Estou organizando o meu novo livro.Deverá sair em Janeiro. Terá um título semelhante ao anterior.

sábado, 13 de dezembro de 2014

Quanto mais penso

Quanto mais penso, menos aguardo pela sorte. Quando menos me dedico a pensar mais me inclino para o tédio. Nesse momento resolvo sempre acender a vela. E  vou voando, esquadrinhando, rebuscando e pronto encontrando um pouco de luz e por fim muita claridade.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

No "Observador"

Li há pouco a explicação que Bruno Valinhas, jornalista do "Observador", me deu sobre a ocultação dum comentário meu a um artigo publicado nesse diário. E publicou o meu comentário após boa justificação. Ainda há gente decente, felizmente. E claro, voltarei a inserir comentários naquele jornal. Que, como já o disse muito aprecio. Insere todos os dias artigos de interesse, tem uma maneira simpática de fazer publicidade, não nos obrigando ao massacre da exposição continua - podemos eliminá-la de imediato, se não nos interessa. Ao contrário das estações televisivas. Se adoptassem processo semelhante, estou convencido que não perderiam publicidade e ganhariam mais audiência Por isso e pelo que encerra de interesse, esse jornal já vai a caminho dos duzentos mil leitores.

Andanças e artimanhas

               A comissão de inquérito ao caso do Banco Bes durante quinze ou mais horas, interrogou ontem Ricardo Salgado e o seu primo Ricciardi. A opinião de um comentarista duma emissora televisiva concluiu que ambos tinham mentido com frequência nas respostas. Não sou da mesma opinião. Ambos estavam assessorados pelos advogados que lhes segredavam algumas respostas ou lhes lembravam factos ligados às perguntas que lhes apresentavam os representantes dos partidos na comissão de inquérito. Primeiro foi inquirido o primeiro. durante cerca de dez horas. Depois de um intervalo, foi a vez de Ricciardi, inquirido durante muito menos tempo talvez quatro ou cinco horas            
               Um dos inquiridos, Ricardo Salgado, aparentando calma, pausado, muito cuidadoso e lento nas respostas, pesando bem as palavras, ouvindo com muita frequência o que lhe dizia um dos advogados à sua direita. Ricciardi, mais pronto em todas as respostas, impetuoso, sem papas na língua, ouvindo o advogado que lhe assistia com muito menos frequência.
               Dois caracteres muito diferentes. A mim pareceu-me que, se ambos mentiram, o segundo
usou muito menos desse artifício ou engano.
               Das entrevistas parece que se definiram melhor para onde foi a dinheirama de todos aqueles passivos e começa a adivinhar-se o circuito desses capitais, as artimanhas da circulação dos mesmos. Oxalá que a comissão chegue breve a conclusões proveitosas para as futuras sentenças dos tribunais.
              O que no entanto ainda pretendo frisar é que os mais prejudicados nessas andanças e artimanhas, foram, como sempre, os mesmos: os com menos posses. Digam lá,  não é o dinheiro, a ganância, a ambição pela riqueza em dinheiro, em zeros á esquerda da vírgula, nas chorudas contas bancárias ?
.  

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

As mordomias dos eurodeputados

E se não houvesse dinheiro, existiria esta escandaleira, ofensa para todos os pobres e menos pobres, remediados de todo o mundo?
Se os eurodeputados , eurodespudorados, apenas usufruíssem de méritos equivalentes à sua condição, decerto que não assistiriamos a toda essa vergonha, a dessas mordomias? E todos os nossos(?) representantes nesse parlamento, indicados "a dedo" pelos chefes dos partidos nos seus países, se conformam, ainda não apareceu,... não consta, que por Portugal tenha algum recusado, discutido, apontado e condenado tais sinecuras.
O dinheirinho manda... "Quando o dinheiro fala, a verdade cala-se".
Continuamos a resignar-nos?

 

Mordomias dos eurodeputados

        Conhecem as mordomias a que estão "sujeitos" os eurodeputados? Não ? então vejam o vídeo que está chocando a toda a Europa:                 https://www.youtube.com./embed/NV2RrKrkeBPOQ

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Sobre Um comentário que apresentei no "Observador"

Leio o "Observador" todos os dias, perdoem a publicidade. Comentei alguns dos diversos artigos, quase sem excepção, bons. Mas hoje a censura do jornal cortou-me dois comentários, mais ou menos deste teor: "os nossos deputados, exceptuando nos últimos dias os madeirenses, raro se referem ou apresentam propostas relativas aos problemas das populações das regiões que representam. Se fizerem, como eu fiz, um pequeno inquérito aos habitantes da vossa rua, as respostas co...nterão algumas surpresas. No meu caso as respostas que obtive, na maioria foram do género "sei lá ! sei lá! se calhar é o Passos Coelho ou o Cavaco ". E terminava o meu comentário com a pergunta: "quando será que os deputados e os partidos, se empenharão para que os deputados sejam escrutinados pelos cidadãos que representam e não indicados "a dedo" pelos chefes dos partidos?
Não sei se ofendi alguém com o que comentei. Se foi por referir-me com pouca cerimonia ao presidente de república e o primeiro ministro, é a forma usual. Aliás o autor do artigo que comentei, Homem Cristo, também se refere de igual modo a Cavaco Silva.
A outra razão da censura talvez seja a de que o censor seja deputado. Ou de ter indicado e escrito que não escreverei mais comenários a artigos daquele jornal . Reservarei esses tempos para escrever no meu blog www.sonhoscomsorte.blogstop. com e no facebook,



domingo, 7 de dezembro de 2014

Ao almoço

Em qualquer hora consigo dispensar
Tormentos, dúvidas, ansiedades, suspeitas,
Procuro apreciar a sardinha assada, um vinho,
Brindado a quem me ama, a quem me acompanha
Para eludir a fome, como para viver,
Vezes sem conta esqueço-me da hora de almoçar,
Aprecio mais a conversa que uma omelete
Mais o sorriso dum amigo que um bom salmonete.


Mas sem querer, no ardor da discussão amigável
Cai um pouco do salmão no tapete.
E no meio da galhofa, após um bom argumento,
Derramo o copo cheio desse bom vinho tinto,
Na toalha de estimação com bordado fino.
Ao mesmo tempo, que num gesto brusco,
Resposta a uma diatribe dum convidado,
Salta o pudim flan para o seio, da vizinha a meu lado  

Discórdia sobre dinheiro

        Finalmente!
        Recebi uma mensagem(a primeira) dum leitor dos meus escritos, discordando do que escrevo sobre o dinheiro. Não me apresentou nenhum argumento diferente do que previ que me fossem apresentados. Disse-me quatro:
              Primeiro: da impossibilidade de acabar com o dinheiro, que não podemos voltar ao sistema de trocas. Respondi-lhe que nunca advoguei ou aconselhei voltarmos ao sistema de trocas. Mas que há outras possibilidades, como a que eu indiquei por diversas vezes, do estabelecimento dum sistema baseado na meritocracia, sem dinheiro, nem bancos.
              Segundo: que sou lunático, apreciador de impossibilidades. A minha resposta: quantas impossibilidades foram resolvidas ao longo da história. E esta poderá sê-lo também, porque não discuti-la, se se discute tanta coisa parecida com o sexo dos anjos?
              Terceiro: sem dinheiro, não podemos viver, não há outra hipótese. A resposta foi quase a mesma que para as duas anteriores. Podemos viver sem dinheiro desde que o nosso trabalho ou ocupação tenha a justa retribuição, que não é obrigatório que o seja em dinheiro. Não fazemos muita coisa não remunerada e que é essencial nas nossas vidas?
          Aguardo mais dúvidas, discordâncias, argumentos contrários.

Domingos

        Hoje, talvez por ser domingo, ainda mais me apetece escrever.
 O meu Pai, oficial de marinha na reserva, cardíaco - naquele tempo apenas existiam as pastilhas para minorar a dor da angina de peito, era sofrer e aguentar até morrer - o meu Pai, gostava da carpintaria. E aos domingos lá estava ele a pregar, a aplainar, a polir madeiras, na sua oficina caseira. Era a sua grande distração de muitos dias, domingos incluídos.
        Os que gostam do trabalho que fazem para ganhar o sustento das suas vidas, em muitos casos ocupam-se nos domingos com as mesmas tarefas. Todo o que  criou uma empresa, ou faz obre de agrado, nos domingos lá está ele pensando ou atarefado com o que gosta.

sábado, 6 de dezembro de 2014

O que encontro no caminho

- Não é porque barco é muito grande, que a viagem vai ser boa.
- Por desprezar o dinheiro jamais me importa gasta-lo.
- Eu aprendo, caminhando.
. Sempre que da minha memória salta uma frase, dei um passo no futuro.
- Indo pelo negativo ningém chega ao positivo.
- Quem fica no zero, empata. Desde o jogo até à vida.
- A mente apanha coisas no cérebro para pendura-las na imaginação - corda que encolhe e alarga.
- Estou programado para não me resignar.
                 

Masoquistas

Acabar com o dinheiro. Não ? Porque não ?
Gostam dessa carraça, mais perigosa que as naturais ?
Apreciam a dor, o sofrimento, a pobreza?
São sofredores com gosto, são masoquistas?
È o que gostam, apreciam, sofrem com gozo.
São masoquistas
(Ou são ricos e não desejam perder a riqueza...)

Ameaça

Eis que aparece um invento na Suiça  duma nova bateria que permite que um automóvel eléctrico ter uma autonomia de seiscentos quilómetros. O protótipo já circula pela Europa.
Mas, "quando o dinheiro fala, a verdade cala-se", com disse o juiz Teixeira. Se o inventor dessa bateria não tiver amor à vida nem puser o dinheiro acima da natureza, breve aparecerá uma oferta de muitos milhões, pela patente, que ele, (ameaçando-om), não pode recusar.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Manhas

Procuro sempre entender a razão
Do meu estar, de viver, de respirar
Nunca sei livrar-me da tentação
De, a correr, dar um mergulho no mar.


Sei que a vida que nós todos sentimos
Passa por entre todos os desejos
Mas não sei  se o mais que nós queremos
Se resume a afagos, abraços, beijos.


Sei-o bem, mas sempre digo o contrário
Nesse assunto sou grande mentiroso
Nas mentiras sou muito perdulário
Pelo que me chamam de manhoso
A amizade mais difícil de conquistar é a dos filhos.Todavia, é a mais duradoura

Outro sistema

Há não muito tempo um deputado brasileiro propôs uma constituição meritocrática para o seu país.
Por base, essa ideologia seria um sistema de governo que considerasse o mérito como o atributo principal e fundamental para o exercício de qualquer cargo ou profissão e ao mesmo tempo a razão principal para se atingir qualquer posição desde a mais inferior até ao topo. E portanto que na hierarquia as posições de cada trabalhador teria assento no merecimento comprovado pela educação, moral e habilidades específicas de cada um para cada actividade.
Seriam estabelecidas escalas de valores para todas as profissões e a entrada para os interessados seria obtida através de concursos ou por exames.
Muitos países, como Singapura e a Finlândia utilizam a meritocracia, embora não de forma pura mas misturada com outros padrões de análise. E todos continuam a utilizar o sistema do dinheiro como forma remuneratória do trabalho e de outras actividades - compra de acções, créditos, etc,,
Mas em nenhum ainda se levantou a discussão sobre os malefícios do dinheiro, desde que existe e sobre a possibilidade da substituição desse sistema, por outro menos maléfico.
         Outro sistema em alternativa, poderia usar o mérito como valor para pagamento de serviços e de todos os artigos necessários à vida na Terra.
         Eu penso isso possível. Talvez só dentro de muitos anos se realize. Mas é possível. E vejo a possibilidade desta forma:
              - O mérito seria a futura expressão de todos os pagamentos e recebimentos.
              - Todos os artigos e serviços seriam avaliados em méritos, estabelecendo-se de início um valor correspondente, por exemplo um euro. para cada mérito, no início da adopção do novo sistema.
              - Não se trata doutra moeda, porque não existiria um meio físico para o expressar. Apenas constituiria um meio a memorizar.
               - Os méritos seriam armazenados na memória duma máquina, semelhante a um computador. Que armazenaria na sua memória os dados de cada indivíduo, incluindo as impressões digitais de cada um.
               - Esse computador registaria, através das impressões digitais, as compras e vendas de artigos e os valores dos serviços prestados e adquiridos, nas memórias dos compradores e vendedores. O mesmo que acontece actualmente com os cartões de crédito e com os cheques. E cada indivíduo poderia obter em qualquer dia, um extracto da sua conta de movimentos, bem como o seu saldo.
                - Mediante certas normas qualquer cidadão poderia obter um empréstimo de méritos, com garantias fixadas, pagando um juro baixo, juro que reverteria para a comunidade
               - Não seriam necessários os bancos, uma das causas, desde há muitos anos, do empobrecimento de muita gente pela falência dessas instituições motivada pelos roubos de seus administradores, de outros roubos, ou pela sua má gestão.
               - Esses computadores, com o número de cópias julgado suficiente e pela cópia diária da sua memória, manteriam a integridade das memórias respectivas.
                - A corrupção ligada ao dinheiro, como hoje se verifica em inúmeras actividades, não existiria, salvo raras excepções, em geral não ligadas ao sistema monetário actual.
                - No tempo de transição para este sistema, resolver-se-ia o problema das fortunas actuais.
O dinheiro continuaria a existir e os impostos sobre as fortunas não adquiridas por mérito, em poucos anos terminaria com ele. E os governos, com esses impostos, resolveriam  com maior ou menor demora, todos os problemas originados, como  o desemprego e outros.
                 - Não existiria a usura. E o aproveitamento dos recursos naturais passaria, num prazo
 curto para as mãos de empresas da comunidade dirigidas por mulheres e homens de mérito próprio e com responsabilidade bem definida.
                 - Não haveria desemprego: o aproveitamento de todos os recursos naturais, o combate à poluição, a defesa do ambiente, entre outras actividades, daria trabalho a todos.


           
              Tudo isto é de execução difícil, talvez muito demorada.
              Mas digam-me : não é possível?
              E outro sistema poderá também ser imaginado.
              PORQUE NÃO SE DISCUTE OU SE DEBATE TUDO ISTO?           


       



terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Alegria

Dentro de mim levanta-se uma maré de alegria
Ondulada no meio de muitas convicções
Contrária às preocupações que sentia
Eivadas de profundas e continuas maldições


Passei ao lado de muitas tentações
Abandonei o fantasma da crueldade
Embrenhei-me noutras condições
Fora dos desgostos e da maldade


Porque conservo os meus sentimentos
Possuo sempre pronta a serenidade
Respeito a humildade, a brisa,  o vento
Jamais esqueço o dom de caridade


E olho a vela

Sabedoria

Se encararmos as vicissitudes, as dificuldades, as arrelias e as contrariedades como factos normais da nossa vida, como factos normais de qualquer vida e, com a serenidade que o coração permite, com a sabedoria que nos orienta e com o respeito que nos deve quem as provocou, a presença do espírito não nos abandona, a calma prevalece, a sensatez da reação manifesta-se.
Por outro lado, não podemos ceder ao impulso de manifestação desabrida, de comentários cáusticos, de acusações repentinas. É difícil, reconheço, não reagir de imediato. Mas primeiro devo lembrar-me do benefício da dúvida e da presunção de inocência: que todos nós empregamos para os nossos filhos quando são crianças, nos esquecemos por vezes quando são adultos. A tanto nos conduz a todos a experiência acumulada ao longo da vida.
Experiência de vida que nos cria alguma dose de sabedoria.
E não esqueçamos que esta é, assim o disse Confúcio  " um dos métodos mais amargos para ganhar sabedoria, é a experiêndia".   
Os matemáticos são avarentos. Adoram os infinitésimos.

A ambição da espécie humana

A minha habilidade, os meus conhecimentos, as minhas ideias sobre a filosofia, são fracas. Por isso a minha mensagem de ontem mais não é que o desejo permanente de comunicar o que sinto sobre isto, aquilo e aqueloutro.
A ideia básica, de onde nasceu a mensagem era de que todos ou quase todos nós pensamos que as outras espécies que habitam a Terra, são inferiores. Dizemos, p. ex., que são irracionais, o que confirma o período anterior. Mas as outras espécies, tem o seu sistema de vida, adaptaram-se ao ambiente em que vivem, em muitos casos de modo muito melhor que a espécie humana. E provável será pensarem nas irracionalidades da espécie humana. E cada um dos seres doutras espécies pensarem que são os mais racionais. Ou não pensarem em nada disto, que talvez seja a melhore atitude.
E a ideia final que tinha em mente é que devemos respeitar, sem reticências, tudo o que vive no planeta que habitamos ou onde nos encontramos todos e onde, não sei que poder, mas um poder supremo nos colocou a todos. Por isso, o respeito que lhes devemos.
Mas havia e há em mim outra pergunta subjacente: não é a espécie humana a única que conspurca, deteriora, o ambiente em que vive, sem respeito pelos direitos das outras ?
E, na maioria dos casos, pela ambição, pela ganância, pela avidez do dinheiro, de riqueza?
A espécie humana é a única que agride o ambiente com pouco proveito, além da riqueza. Uma riqueza que apenas se resume à acumulação do dinheiro, de fortuna.pessoal. Uma ambição que só a espécie humana possui.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Existências

A minha convicção que existo é semelhante à convicção da formiga, que existe. Não conheço a reacção dela como ela não conhece as minhas.
As minhas sensações que aprendi a sentir correspondem às sensações que o lacrau aprendeu. Sente -as à sua maneira.
As decepções que sinto, acumuladas deste que fui criança assemelham-se e correspondem às sofridas por um macaco desde que nasceu. Sofre e esquece-as com intensidade, tal como nós, que sofremos com a intensidade a que nos habituámos a sofre-las.
Quando eu toco numa formiga que caminha seguindo com obediência a que vai na sua frente, se não a matei, se continua viva, retoma sem se perturbar, o caminho seguindo a que a precede. Ela não tem consciência do gigante que a tocou.
Quando o vento me toca e me abana, se não me arrasta e me atira contra uma parede ou a um precipício, eu retomo o caminho que seguia antes ou a tarefa a que me dedicava.
Todos os animais criaram consciência no cérebro que a natureza lhes deu e tomam decisões de acordo com o que aprenderam.

domingo, 30 de novembro de 2014

Choveu tanto que a minha sombra ainda anda de guarda-chuva.

sábado, 29 de novembro de 2014

Oportunidades

Aceito que a vida me dê algumas oportunidades
Não pretendo que sejam do género de desejos ao Aladino
De vida eterna, dos tesouros dos quarenta ladrões
Ou de sacos de pérolas, barras de ouro, diamantes
Todas essas coisas são ilusões, são desencontros,
Com a felicidade, com a sabedoria, com a alegria,
Que não permitem muitas vezes repararmos
No que nos rodeia, no bom à nossa volta, nos que nos amam






 Pretendo que a vida me dê  mais algumas oportunidades
Sentir uns silêncios  vagarosos que me deixem meditar
Ver um  bando de condores que me convidem a voar,
Surgir um cavalo lusitano que me deixe galopar
Dar-me força, saúde, leveza para entrar no mar
Tirar a tampa e penetrar  num jarro azul cheio de rosas
Meter-me sozinho naquele barco à vela a, navegar.
E encontrar-te de novo aqui, pela primeira vez.
                                   

Uma frase célebre

Não sei de quem é a frase proferida por pelo juiz Carlos Alexandre, numa recente entrevista: "quando o dinheiro fala a verdade cala-se".
Calar a verdade é um atentado à liberdade, ou não?
Então ? Nada se deve concluir sobre o dinheiro?
Sobre o dinheiro, começa a esboçar-se a verdade. Poucos passos faltam para começar a ser discutido !
Não tarda quem me acompanhe nesta cruzada ! (Sobre o dinheiro, claro)

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Se tenho falta de desejos, olho para o mar
Se hoje pouco pensei, mergulho no mar
Quando me abalam os sentimentos, sinto o mar
Quando estou ao pé de ti, saio do mar


E seco as lágrimas
Apago as dúvidas
Derreto as algemas
Abro  mil laços

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Abandonando

Encontro aqui, quando escrevo, de vez em quando,
Algumas palavras organizadas nalguns versos
Palavras que me surgem alinhadas pela rima
Ou desalinhadas por uma outra inspiração.
Mas com a riqueza que me dita o coração,
Sem a beleza, grandiloquência, a elevação
De palavras duras, raras, caras, cheias de esdrúxulo
Só entendidas pelos académicos, pelos mais sábios,
Pelos que mais se enfronham nos dicionários,
Pelos que mais apreciam a retórica e coisas quejandas
Pelos adoradores dos discursos etéreos, fascinantes,
Pelos amantes das coleções, do "bric a brac", das citações
Abandonando a vida que lhes resta bem viver    

Visita exemplar

Um sujeito viajando confortavelmente num carro topo de gama pertencente ao nosso pais, com segurança paga pelo nosso país, fora do horário estabelecido consegue visitar numa prisão,  outro sujeito. Uma senhora, chegando a pé pouco depois, à mesma prisão, não obtém autorização para visitar um preso.
Variante exemplar desta democracia.
Não interessa a identidade dos personagens, o que interessa é pensar se factos semelhantes são bons e recomendáveis para Portugal.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A vida é curta

Não me importa o que vai acontecer àquele fulano, referido por tudo o que é imprensa, radio e televisão. A sério, pouco me importa. O que me importa é que o nosso país não sofra as consequências do que faz um qualquer sujeito, seja varredor, seja vigarista, seja outro qualquer artista, seja domador de pulgas, fotógrafo ou primeiro ministro. Que, como é natural pode ser amado, criticado, feroz ou meigo. Mas o que me interessa, é que não prejudique ou tenha prejudicado o nosso país, a nossa gente, o nosso meio. Como não me interessa o que faz qualquer individuo da nossa sociedade, desde que não prejudique ninguém, nem a sociedade, nem o país. Se procede mal, existem os tribunais e os juízes(não os juristas), para o condenar ou, se possível, para o emendar.
A vida é curta, curta a memória dos homens, e sem proveito todas as preocupações.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Mensagem aos fumadores
     Completam-se hoje 40, quarenta, QUARENTA anos que deixei de fumar. Porque, nesse dia, um médico ilustre da minha terra me disse:
- Está com bronquite quase crónica, se não deixa de fumar - e ele, fumando, o dizia - vai morrer como todos os homens da sua família têm morrido, mais ou menos aos sessenta e cinco anos.
- Olhe doutor, é para já e hoje o dia, da segunda revolução, também para o comemorar - decorria o dia 25 de Novembro de 1975 - hoje deixo de fumar .
- Sim, sim - respondeu-me ele, fumando - todos os fumadores dizem o mesmo, que hoje deixam de fumar.
Esse médico, um bom médico, competentíssimo, faleceu poucos anos depois, aos sessenta e cinco anos. Não era meu familiar.

Quanto

Quantas coisas por dizer
quanta coisa p'ra lembrar
coisas que não quero esquecer
que não consigo recordar !
Quantas praias bonitas
quantos vales verdes de encanto
quantos rios que parecem fitas
largadas pelos recantos.




Sem saber que quero dizer
Sem atender à razão
Olho mas não quero ver
Nem sentir o coração
Porque há pouco eu acordei
Sem sentir que estava aqui
E assim por fim fiquei
Contigo dentro de mim

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Do livro "Super cérebro "

Deepak Chopra e Rudolph E. Tanzi são os autores do livro "Super cérebro", editora Self Desenvolvimento Pessoal Editora. Respigamos, os seguintes conselhos:
       "- Não projete os seus sentimentos nos outros.
        - Não participe de negatividades.
        - Quando sentir "stress" no ar, afaste-se.
        - Não ponha a sua atenção na raiva e no medo.
        - Se tiver uma reacção negativa deixe-a fluir por um breve momento; depois, assim que puder,   
           respire fundo algumas vezes e observe a sua reacção,sem se comprazer nela.
        - Quando estiver a ter uma reacção, não tome decisões até mais tarde, quando estiver de
          novo centrado.
        - Nos seus relacionamentos não use argumentos para descarregar  ressentimentos.
          Discuta os seus problemas quando ambos estiverem calmos e razoáveis. Esta é uma maneira
          fácil de evitar desferir golpes desnecessários no calor do momento."   


    
    Um livro que aconselho. Um livro que nada tem de inútil.

24 de Novembro de 2014

O terceiro dia deste Novembro,sem nuvens !
O hibiscus, naquela varanda, resplandece,
A araucaria, lá ao fundo, está contente
A palmeira ali em baixo agradece
As parede têm mais brilho
As vizinhas levantam as persianas
Os maridos espreguiçam-se nas varandas
E de novo,"a poesia acontece" !

domingo, 23 de novembro de 2014

Quando se perderem as flores

Na minha praia
Por debaixo da linha do horizonte está o mar
Na minha frente
Por debaixo daquele prédio horrendo
Há uma flor no chão
E à sua volta, um vento agreste e a chuva
Arrancam-lhe as pétalas
Sempre que se perde uma flor
Perco um bocado da alma
Quando perdermos as flores
Perderemos  as almas

A notícia do dia de ontem

Pois eu, preciso de muita alegria para não me entristecer com a prisão dum ex-primeiro ministro do NOSSO país.

sábado, 22 de novembro de 2014

Aquele pássaro

Estou contente:
Aquele pássaro debica
Na consola dessa janela
O que satisfaz
A minha dose diária, obrigatória,
De alegria,
Ainda lá está,
Descobrindo, segundo a segundo,
Mais sustento,
Sempre atento, sempre astuto
Vigilante,
Não repara em mim, atrás dos vidros.
Mas não se preocupa,
Não se abespinha, nem se enraivece
Com a problemática do seu posto de trabalho,
Repete o mesmo caminho na consola,
Não profere reivindicações,
Não exige aumento de ordenado,
Vive do vento das suas asas,
Sem tormento pelo que ali se passa,
Não paga impostos,
Vive na rua,
Não tem horários,
Guia-se pelo sol,
E pela lua.
E o que eu gostaria,
Era  saber
O que ele pensa,
Do meu viver


Eu sou assim,
Tenham paciência.
Saem estas coisas
De dentro de mim!

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Tanta nuvem. E algum vinho.

 Já são demais os nimbos e os cumulos, catano. Há muitos anos que não tínhamos, aqui no Algarve, um novembro assim! Em vinte e um dias apenas dois, sem nuvens. Eu gosto das nuvens, por vezes gosto de me sentir dentro delas, ou de andar nelas, gosto imenso da sobremesa "nuvens", que os espanhóis também chamam de "islas flotantes" (não confundir com farofas, um acompanhamento de farinha de milho ou mandioca), acho muito bonitos os cumulo-nimbos, ao contrário dos aviadores que evitam sempre entrar dentro deles. tão luminosos, tão arredondados, não o redondo que dizem alguns vinhos terem, não sei o que é o redondo dum, vinho, redondo, dizem, é um vinho que não tem arestas, o quê? O vinho pode ter arestas, pode ser um cubo, um paralelepípedo. uma pirâmide?  Explicam dizendo que é uma metáfora, que um vinho sem arestas não tem um elemento sobressaindo e que um vinho é redondo quando o sente na boca e percebe todos os elementos de forma harmoniosa. Quando é suave e aveludado não é adstringente nem ácido e ainda, falando por metáforas, como se fizesse um circulo perfeito na boca, passando do aroma ao sabor, à textura( outro mistério dos vinhos) e com estrutura equilibrada. Pois, todavia, para mim, um bom vinho é o que me sabe bem, não me deixa a boca amarga depois de beber um golo. Não é o que tem escrito em metade dum rótulo todas essas características misteriosas da estrutura, do arredondado, da textura, das arestas, etc..E que nos ensina a falar dele por metáforas.
   Não quero que os leitores pensem que estou sempre agarrado ao vinho. Não, ao almoço um copo até dois decilitros, cai-me bem. E é salutar, na opinião moderna dos distintos clínicos.
   No tempo do vinho a pataco em que se vendia o vinho a dois tostões o litro, o mesmo que custava um pacote cheio de castanhas assadas, a propaganda nacional dizia: "beber vinho é dar de comer a um milhão de portugueses"( tantos os que trabalhavam nas vinhas). Hoje a propaganda baseia-se nas vantagens pr'á saúde, de dois decilitros por dia.

Sobre o meu irmão Afonso

Um meu irmão, Afonso Teles de Castro Quadros, irmão germano, passou a maior parte da sua vida em Moçambique - julgo que desde os dezassete anos de idade. Ali casou, ali criou dez filhos. Quase sempre no interior da colónia, apenas vivendo na capital nos últimos anos de vida. Tinha um caracter forte, era destemido, não se interessou muito pelas promoções na sua condição de funcionário administrativo, mantendo-se na categoria de chefe de posto até que foi colocado em Lourenço Marques( Maputo), nos últimos anos de carreira. Na última vez que esteve em Portimão, se não estou em erro, em 1972, confessou-me que nunca lhe interessou a promoção na carreira porque tinha uma família numerosa, o vencimento era muito escasso e tinha de o completar com a venda da caça. Contou-me algumas histórias. De caça, mostrou-me uma foto extraordinária de um leão, no ar, depois de ser baleado. E outra, de um dia, julgo que ofendido pelo que um metropolitano referia, sobre um cunhado, um metropolitano que fazia parte da comitiva dum visitante ilustre, ele, um defensor intransigente da família, não se conteve e atirou o ofensor ao mar, de cima do molhe que percorriam.
Mas e só hoje, conheci um outro facto importante da sua vida, relatado por uma sua filha a Isabel Quadros, no face-book,, do salvamento de trinta mulheres e crianças num rio de Moçambique: um batelão que atravessava o rio - infestado de crocodilos - virou-se. E o Afonso não hesitou, atirou-se ao rio e salvou toda aquela gente. Recebeu uma medalha pelo feito, mas muito mais importante que a medalha foi a coragem e abnegação que revelou.
             Não sei se imprensa da época relatou esse feito, mas hoje deveria ser recordado pela actual.

Assembleia municipal de Portimão

Os nossos concidadãos de Portimão deverão comparecer no próximo dia 28, às 21h 30m, no salão nobre dos Paços do Concelho, para participarem numa reunião da assembleia municipal de Portimão, por iniciativa da   Coligação SERVIR PORTIMÃO. O objectivo desta reunião é o de "extinguir a taxa de municipal de protecção civil" recentemente instituída. 

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Falei com o Yaga

Recebi há pouco uma mensagem do meu cão, o Yaga, que morreu atropelado por um tractor, há uns anos, com três meses de idade. Não estranhem, não fiquem admirados. A saudade faz destas coisas, é a varinha mágica que nos permite comunicar  com os que, com a morte, perderam o seu corpo aqui, na Terra.
O Yaga, um fila brasileiro nascido em Portugal, desta vez falou-me  da sua condição de cão. Das diferenças entre a sua e a humana.
             - Que, todos os da sua espécie, nunca esquecem o dono, mesmo aqueles que os abandonam ou entregam para abate.
             - Que além do faro apurado, muito superior ao dos humanos, tem outros sentidos que desconhecemos: p.ex. o que os leva a uma lealdade constante até à morte, para quem os adopta.
             - Que desconhecem, como todas as outras espécies de animais, exceptuando a dos humanos, o suicídio. Eu tentei explicar-lhe porque os homens, mais raramente as mulheres, se suicidam. Contra os argumentos que apresentei só me respondia que quem nos põe na Terra é quem tem esse poder, o de decidir a nossa morte.
             - Que, quando peguei nele após ser atropelado, e me lambia a mão pouco antes de morrer, que, o fazia para que não me esquecesse dele. Um gesto que em todas as espécies significa gratidão.(Ao contrário dos humanos. Nestes, esse gesto pode ter muitos significados, alguns dele pouco dignificantes).
             - Que as manifestações de alegria, em todos os animais, significam isso mesmo: alegria pura, contentamento sincero, prazer imenso. 
             - Que um cão, como todos os irracionais,  não mata por prazer. Só o homem e mais raramente a mulher, o faz. E por outras razões desconhecidas para as outras espécies: por avareza, por ódio, por paixão, pela fé em Deus, pela escravatura, por obsessões variadas (política, dinheiro, poder).   

Menos milhões para muitos, mais milhões para poucos

Que grande tragicomédia esta das vigarices que destruíram o Banco Espírito Santo. Mais uma vez, insisto, o dinheiro continua a sua acção maléficas. Quando surgirá o dia em que se comece a reconhecer que os prejuízos que os bancos acarretam, quando abrem falência, se devem ao sistema monetário a que estamos sujeitos?  E que poderá existir outro sistema monetário que evite esses males?
Vejam, com o BPN foram cinco ou seis mil milhões, com o BPP, não sei quanto foi, agora com o BES já lá estão cerca de quatro mil milhões. E todos esses milhões saem dos bolsos dos contribuintes.
E ainda ninguém foi preso! Mas o importante é o que acontecerá no futuro.
Será que ainda ninguém pensa nisto?

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Limpezas

Hoje passei duas horas entregue à esfregona, ao limpa-vidros, e à vassoura. Pelo meio da limpeza da escada e dos vidros das janelas a mente desconcentrou-se do balde e resolveu vaguear por outras paragens. Algumas conclusões a que me levou:
         - O trabalho doméstico é mal pago. (Não admira: desconhecemos, na prática, o trabalho dos outros)
         - Os homens, não dão o devido valor ao trabalho das mulheres.(Não admira: poucos limparam um prato, uma panela, uma escada, nenhuns pariram, o que é pena porque muito aliviariam as mulheres)
         - Nunca conheci uma empregada de limpeza eficiente, gorda, daquelas de mais de cem quilos.(Não admira: quase todas podem ocupar-se, ao mesmo tempo, de mais que uma coisa, o circular traz-lhes a esbeltez)
         - A esfregona ainda não foi contemplada com um premio Nobel.(Não admira: os que decidem a atribuição daquele prémio nunca pegaram numa esfregona, consta-me e não me custa acreditar).
         - No dia em que surja uma lei que obrigue os deputados a trabalho com a esfregona, na assembleia uma vez por mês, melhores leis serão propostas.(O que não admira: a esfregona fá-los-á meditar).
      Ainda obtive, no trabalho com o balde, a esfregona e a vassoura, outras ideias menos recomendáveis, que deixo ao raciocínio dos leitores desta mensagem.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Nalguns dias, nalgumas noites

Nalguns dias, nalgumas noites
Em que a mente nada me dita
Que enriqueça os meus versos,
Parece que perdi a riqueza
De expressar os meus sentimentos
Parece que me abandona a beleza
Não recordo uns bons momentos
Invade-me estranha tristeza








A chama que sinto por vezes
E que a alma me ilumina
Logo se traduz em verso
Que a memoria logo afina




Mas hoje não, hoje não
Não consigo versejar
Falta-me toda a inspiração
Será que nada tenho p'ra dar?
São dias, são noites assim,
Em que algo que seja bonito
Não sai de dentro de mim.
Serei pedra, serei granito?


segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Encontro-me dentro,comigo

Encontro-me dentro, comigo
Lá fora, por mais que eu tente
Não há dúvida, não consigo


Mas se existe possibilidade
Disso pronto acontecer
Fico demais perturbado


Não é necessário isolar-me
Deixar o mundo, o meu lar
Desse modo vou consolar-me


Porque lá fora, por mais que eu tente
Sempre encontro, contrariado,
Um mundo estranho, na frente.



domingo, 16 de novembro de 2014

Hoje apetece-me fazer algumas diabruras
Não, não vou comer carne negra, chocolate branco, manteiga amarela
Vou cometer outras travessuras
Pisar o risco, pintar a manta, andar sozinho num barco à vela


Que são travessuras em sentido figurado
Aproveitadas para passar este domingo
Pois que não aprecio nem me sinto inclinado
Nem para jogos de campo nem para o bingo


Se aproveito esta minha intenção, esta minha veia
Para preencher o meu bom descanso
É porque não tenho mais nenhuma ideia
Para ocupar-me durante o meu ripanço


E se vos comunico este meu arrazoado
Apenas quero, sempre pretendo,
Obter da vossa parte um sorriso grado
Reflexo da amizade que estou querendo

Quando tudo se acaba

Na opinião
De  muitos distintos sábios, ilustres doutores, grandes eminências
Tudo se acaba
Quando se acaba a vida, quando o corpo morre.
É a opinião,
Desses muitos distintos doutores, ilustres eminências, grandes sábios
Que pensam,
Que neles, só há carne, ossos, músculos, diversos órgãos
Bem dentro,
Dessas distintas eminências, ilustres sábios, grandes doutores
Pensam portanto,
Julgo eu, não sendo doutor, nem sábio nem eminência
Que em todos eles,
Da cabeça aos pés, em toda a consciência
Sem reticências
Só a carne pensa, os órgãos sentem, os músculos decidem,
Os ossos, amam,
Escrevem prosa, escrevem versos,
Têm paixões
E sentimentos

sábado, 15 de novembro de 2014

A espera

Eu nunca espero
Porque,  esperando,
Estou pensando
Vejo que p'ra muitos,
Isso de esperar
É bem atroz
Estão à deriva
Sem pensamento
Roendo as unhas
Sulcando lamentos
Perdendo a fé
E os sentimentos
Soltando raiva
E imprecações
Esquecendo  a vida
Perdendo ilusões
Mas, muitas vezes,
Por estar à espera
Ele até esquece
Desesperando
O que vai fazer.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Hoje não vou

Hoje não vou procurar dentro das coisas
As coisas que ninguém vê
Nem sequer vou gastar passos
Nas estradas não sei onde
Vou apenas ver se encontro
Tudo aquilo que não desejo
Porque aí sei que está o mistério
De tudo o que não existe


Sei que muitos não compreendem
Tudo isto e o mais que sinto
Mas enfim, eu bem lamento
Essas falhas de alegrias
Essa ausência de sentimentos
Essas vivências sem vida
Essas permanentes tristezas
Essas mentes sem riquezas


Nunca é hora de eu parar
Nunca me canso de viver
Sempre gosto de me virar
P'ra onde na bolha me der
E se alguém não apreciar
Isto que estou a escrever
Vá por outro caminho andar
Siga por onde quiser

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

O que pode estar dentro duma página

               Eu suponho que dentro duma página - não dum ou doutro lado dela - há muito que desvendar. Um sentimento, um desejo, uma fúria, um impulso, têm mais que as simples letras da palavra que os designa. E ao ler um dos lados da página se qualquer palavra ou frase se manifesta no nosso íntimo por reação favorável ou negativa em face do lido, a página enriquece-se ou avilta-se com o que entra para dentro dela. Vejamos: um armário de dimensões consideráveis, uns dois por quatro metros e meio de fundo,  carregado de vestimentas e outras utilidades, se o pudéssemos reduzir ás dimensões duma folha de papel, continuaria carregado das vestimentas e outras utilidades de forma semelhante reduzidas e microtransformadas, não visíveis senão ao microscópio electrónico, Da mesma forma julgo que electrões ou outros ões dos nossos pensamentos, desejos ou fúrias, se introduzirão dentro daquela folha cujo trecho vamos lendo. É fantasia, dirão alguns, um contrassenso, gritarão outros, uma insensatez proferirão outros que pensam que já sabem tudo. Mas é um facto que muitos poderão aceitar, muitos poderão sentir, outros a memória  profere a concordância, alguns haverão sentido o mesmo: que por vezes, quando abrimos um livro, aviva-se-nos a lembrança dum acontecimento, salta uma luz da nossa memória para um facto, uma situação, que nos desagradou ou não e que está por vezes relacionado com o tema do livro.
           Coincidência  ?
           Não será que todas as coincidências têm uma razão no passado?
           Ou que as coincidências do passado nos trazem a razão do presente?    

Vidas

Durante muito tempo pensamos que não nos atingem  as doenças, as más, as que não desejamos de saber nos amigos, porque as boas(a sorte, a virtude, a paixão), essas nunca lhes prestamos a atenção devida, sim, devida é a palavra apropriada, devida indica o mesmo que da vida, sim, também há doenças boas, doença dizem os da medicina é um padecimento causado por uma alteração fisiológica ou bla bla bla, que me importam a mim as alterações eu não me altero com a saúde, julgo que pouco me altero com a doença, lá vêm os críticos do costume, os poucos que leem o que escrevo entendem o que estou dizendo, são inteligentes q. b. , os outros, os que não me estão lendo, que se entretenham com assuntos mais elevados e que os transportem aos pontos mais altos da fantasia ou da estupidez humana, sim, porque estas também têm altos e baixos, não há nada que não os tenha, só, pelo que dizem os que já viram e perscrutaram  a luz ao fim do túnel, que eu quero é ver o arco-íris ao fim do túnel, não me interessa ver outra coisa senão um belo duplo ou triplo arco-íris que eu possa cavalgar, tenho cavalgado tanta coisa durante a vida, já cavalguei o luar, já cavalguei a brisa que corria no pomar ao nascer do sol,  já cavalguei a ambição, estou cavalgando a resignação.
         E hoje, a notícia mais importante foi a de que um amigo dum amigo meu, que fala impecável doze línguas. de modo corrente, todas as quartas-feiras vai de manhã a Londres frequentar uma aula de chinês arcaico e volta no mesmo dia para casa onde o espera a esposa ansiosa por conhecer o que o marido aprendeu.
        Deixem-me ir cavalgar no chuveiro.    

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Suborno

Tenho muitas mensagens escondidas
Estão bem guardadas e defendidas
De plagiadores cheios de cerimónia
De falsificadores prenhes de boas intenções
De artistas, amigos inveterados das imagens
De misericordiosos, hipócritas beneméritos
De fiscais subornados com benesses
E de cavalheiros, administrando bens roubados


Todavia, eu também me sinto subornado
Por essa dor, por essa saudade,
Que faz suavizar as rugas da tua face
Brilhar com esse fulgor nos teus olhos
Rasgar com encanto a tua boca
Entregar tanta elegância ao teu andar
Vestir-te com as cores mais audazes
E ouvir-te encantado pela tua voz
Hoje escreverei mais.
Depois de limpar as minhas velas, afinar o carburador, a caixa mágica e encher o depósito com o pequeno almoço. Querem acompanhar-me? Às nove da manhã de hoje. Não precisam de trazer nada, mas um presunto pouco salgado, uma garrafa de tinto do Dão e uns acepipes daqueles bem finos faziam-nos jeito. Não se admirem, continuo descarado, mas é do coração que necessita de conforto.
On y soit qui mal y pense

domingo, 9 de novembro de 2014

Gorduras

Quero aprender a tirar as gorduras
Acumuladas com vagar, no meu corpo
Provenientes dos petiscos, das frituras
Dos bons pratos. das boas sopas
Mais à frente vou tirar o curso
De sacar gorduras das panelas
E obter o enorme recurso
De as saber limpar das janelas


Há outras gorduras importantes
Que preocupam muita gente
São economistas garantes
Que o país vá para a frente
Outros dizem que as gorduras,
São prejudiciais à saúde
Não sendo mais que torturas
De qualquer dieta bem rude


A saber se alguns políticos
Muito  dados a diabruras
E que dos costumes são críticos
Não gostarão das gorduras
Que pretendem separar,
Porque sendo interesseiros
Logo irão  as colocar
Ao dispor desses cavalheiros

Humor

Que é isso do sentido de humor
É sentido  sem sentido
É relato sem valor
Que a pouco ou nada se inclina?
Será breve tentação
De quem discute e opina
Enfronhado nessa ilusão
Pensando que a verdade refina?






Sou pouco dado a manias
Não sou pasto de alguns vícios
Curso um pouco a gelotologia
Da qual emprego uns resquícios
Mas por vezes bem insisto
Em meter-me nalguma alhada
Só para provar que existo
E que aos costumes digo nada












sábado, 8 de novembro de 2014

Na crise

Perante uma crise, das nossas relações, da nossa economia, da nossa situação, que podemos fazer? Que nada podemos contra, que é o destino, azares circunstanciais, que vamos de mal a pior, que sabíamos que isto ia acontecer, etc.? Ou devemos antes pensar que é um problema ou conjunto de problemas que devemos analisar, procurar soluções, resolver? Procurar quem possamos consultar, procurar alguém que tenha resolvido com êxito problemas semelhantes, ainda, buscar no mais fundo, entro de nós, as soluções?
Desde os primeiros anos de vida que a mulher e o homem defrontam problemas, situações que lhes parecem difíceis, encravanços na vida. E quanto mais novos somos mais fácil nos parece a resolução, menos importância damos às dificuldades, com mais rapidez encontramos as soluções. E, se não conseguimos, procuramos ajudas - se ainda não temos complexos de vergonha, de inferioridade ou outros - ou levamos os  problemas  aonde os  possamos resolver.
E é então quando somos jovens que o nosso caracter se afina, se firma e se define em qualidades  que se manterão pela vida fora.
Porque trouxe este tema para o blog? Os leitores têm inteligência suficiente para descobrir a resposta.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Chegaram os tempos

Chegou o tempo de não me entreter com algumas coisas fúteis:


Parar o despertador
Vigiar a caldeirada
Pensar na morte daquela bezerra
Procurar donde vem o sueste
Consultar uma mansidão
Reparar num cumulo-nimbo
Voltar-me do avesso
Afofar o travesseiro
Dizer que não à maldita
Discutir com quem não aparece
Vibrar com a tua beleza
De pé ficar sentado
Construir uma ilusão
Desprezar qualquer tormento




Chegou o tempo de regressar ao que é mais importante:
Voltar a ter, de ti,  saudade.

Enquanto

        Enquanto aguardo o almoço, vou enganando a fome surripiando pensamentos ao meu bestunto, divagando sobre as subtilezas do destino como as ligadas ao apetite, entrelaçadas com as desditas que a crise insiste em perturbar-me através dos comentários pessimistas de muitos conceituados jornalistas. Enquanto já não aguardo, agora que comi parte dum belo empadão de salmão que a minha filha apresentou, a nossa mesa, filha que liga os seus dotes de professora catedrática de flamenco à bela imaginação de soberbos cozinhados, adquiridos prontos a ir ao forno esclarecedor das suas virtudes culinárias. Após a solene e não dolorosa digestão, aqui apresento o fraco resultado dos meus pensamentos, pouco prenhes de ideias sublimes, ricas,elevadas e ainda menos merecedoras de encómios, elogios ou manifestações de agrado.
          Mas enfim, deu-me pr'áqui, menos mal que não me deu para outra coisa mais irritante, desagradável ou ofensiva para os olhos dos que se dignaram e talvez se arrependeram de dar o passo de passar a vista sobre esta mensagem.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Quanto irá demorar

Um artigo de ontem do "Público" intitulava-se "Emissões de CO2 têm de parar já, dizem cientistas".
Acompanhem a imprensa e verão quanto irá demorar o "já".

Insisto, não desisto

               Lembro aos distintos visitantes do meu blog: continuo esperando as vossas críticas. Espero que não se defendam com a atitude dum distinto comentador político-económico da TV7( que eu muito aprecio embora lamentando que não exponha qualquer argumento, dúvida, discordância sobre a alternativa que defendo para substituir o atual sistema monetário), que no seu programa declarou que a minha alternativa - acabar com o dinheiro - não merecia qualquer atenção no seu espaço televisivo. Julgo que também a mim se referia quando declarou, após responder a alguns comentários dos telespectadores, que a outros comentários não respondia porque eram irrespondíveis, lunáticos irrealistas, etc..
              Essa também é uma opinião. Mas que, em minha opinião, mais não representa que apenas um certo grau de incomodidade de quem a propaga e publica
              Penso que no século dezanove, quando se levantou o problema da escravatura, quando surgiram as primeiras vozes contra esse mal da humanidade, quando os americanos lançaram ideias livres sobre o assunto e até as defenderam com uma guerra civil que lhes custou muitos milhares de mortos, nessa época também existiam distintos cavalheiros que declaravam tal assunto indigno das suas preocupações, sem valor para o futuro do seu país, não merecedor de atenção ou discussão. E hoje, digam-me cá: o dinheiro não contribui de forma sorrateira, silenciosa, permanente para a escravatura de muitas mulheres e homens?
              Tal como a escravatura, talvez o dinheiro também provoque uma guerra, essa não limitada a um país mas assolando a muitos. Há indícios, rumores,  provocações, nesse sentido. O que impede que os Estados Unidos e a China, discutam, estabeleçam acordos, aliem-se num projeto e numa ação que vise diminuir as ameaças que dia a dia mais se adensam sobre as modificações climáticas que poderão alterar o equilíbrio em que vivemos no único planeta que temos para habitar? O que impede tal acordo é a riqueza que esses países disfrutam e a ambição que muitos outros têm, de aumentar as suas.
               Só no dia em que a mulher e o homem compreendam, concordem e aceitem que no atual sistema monetário, caminhamos para o abismo e se decidam a pensar numa forma diferente de viver, só então poderemos sossegar, começar a agradecer. Um modo diferente de viver, que nos situe em condições de sermos alheios ao dinheiro, dependamos apenas  dos nossos méritos  e aproveitemos os recursos naturais para vivermos, alimentando os nossos corpos sem pobreza e os nossos espíritos sem qualquer espécie de relutância ou de escravatura.
                Há muito a conversar, dialogar, discutir sobre isto. Não será mais importante essa discussão do que o orçamento, o "deficit", a culpa deste ou daquele capitalista, o administrador que não sabe porque é administrador, a Tôrre e Espada no peito daquele cavalheiro que trabalhou muito e engordou tanto?   

domingo, 2 de novembro de 2014

Insatisfações

                Sempre que me encontro insatisfeito, medito. Procuro ver a origem da insatisfação, o que a provocou o que a alimenta, o que a faz progredir. Encontro e analiso de seguida as soluções encontradas. E que dificuldades apresentam, as impeçam, as possam anular. Lembro-me da vela, que se mantem se tiver alimento, que se apaga se um fator estranho a  atinge. Mas que sempre nos retribui com a luz.
               Mas primeiro, que a insatisfação não me ofusque nem me tire o juízo, não me impeça o discernimento, não me perturbe a razão. Até no meio do fogo além do calor se deve sentir o espírito, o instinto livra-nos dos primeiros perigos mas só a tranquilidade nos permite usar a razão, iniciar o raciocínio tomar a decisão mais justa e apropriada e sair incólume. E há caminhos da mente, entre eles algumas insatisfações, que nos levam ao fogo de maus passos na vida.

sábado, 1 de novembro de 2014

Meditar

Uma pessoa amiga perguntou-me:
         - Diz-me cá, quantos anos queres viver mais?
         - Olha, isso não posso dizer-te. O que quero é viver o dia de amanhã tão bem como estou vivendo o dia da hoje!
         - Mas, o que fazer para viver tão bem de saúde, como vives?
         - Não é segredo, sigo o que recomendam as últimas investigações. Todos os dias medito meia hora.
         - Tretas. Os indianos fazem muito  yoga, meditam muito e não vivem mais do que nós. Mas  a que investigações te referes.
         - À investigação neste momento muito avançada e relativa à longevidade das células. Está provado que a longevidade das células humanas depende do desgaste maior ou menor do topo dos cromossomas. E provaram que a meditação diminui esse desgaste.
       Essa pessoa amiga  continua de boa saúde.        
                  

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Hoje e amanhã

Hoje não sonho. Amanhã terei mais sorte.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014



                O que é que não fiz
Mas o que é que não fiz para estar aqui
Como se dispuseram os astros no meu destino
Onde me encontrei antes de regressar
Das circunvalações emaranhadas dos adeus perdidos
Onde ficou registado o meu deve e haver
Para onde estou condenado a seguir
Onde está o arco-íris que habitei
Onde deixaram a jaula onde me confessei?


Desconheço as nuvens que percorri
Lembro-me da cara fresca, de aspeto intrigado
Que me mostraste quando te conheci
Eramos crianças, ficámos admirados
Tu com as tuas tranças,
Eu com o cabelo rapado
E o teu tão bonito, naquele frisado
Onde eu via tudo, até via o mar.


E hoje continuamos
Com fé incontida
A nos dar as mãos
A brincar às escondidas
Naquele quarto escuro
Sem paredes e portas
Do nosso passado

domingo, 26 de outubro de 2014

Desperdícios de tempo
Estou convencido que quando temos consciências do minuto que passa com agrado, quando sentimos que o estamos vivendo com deleite, estou convencido que o tempo se duplica. Que esse minuto passa a  durar dois ou três ou muitos mais minutos. E, pelo contrário, também creio que um minuto mal vivido, é um desperdício de tempo. O que se dá quando estamos vendo e  escutando e aturdindo-nos com um desses filmes horrendos que as TVs nos pespegam nos nossos aparelhos, sem pagar aluguer, sem nos pagar o tempo perdido. Que os vemos porque queremos, o que não é verdade. Essa droga em que estamos metidos, que se insinuou em milhões de seres por todos o mundo, serve--se de artifícios sub-reptícios para nos engajar, aliciando-nos com alguns raros programas culturais, entrevistas de interesse, por vezes de comentários contratados para que aguentemos a publicidade mais ou menos enganosa, notícias da atualidade - dum modo geral da atualidade mais tenebrosa e dos filmes que atraem as massas de espetadores.
Mais uma maneira do senhor dinheiro imperar.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Estou sentindo que o meu intelecto está desconstruído com anedotas e com receitas de  cozinha, agora que os concursos de cozinha estão na  moda cada dia que passa desaparece uma das receitas antigas como o bacalhau à Bulhão Pato, ameijoas à Bulhão Pato, qualquer coisa e muita coisa à Bulhão Pato,  que era uma senhor amante das letras, que de pato, de galinha ou de burro nada tinha, mas que inventava e comunicava à sua tertúlia de amigos e inimigos receitas que perduraram até hoje, como as sobrecujas e sobreditas, que ainda se mantêm no anonimato conhecido por toda a gente mas que ninguém confessa,nem segreda. No tempero é que está o ganho, a mostarda que não sabe a mostarda é aquela mostarda especial que não tem mostarda mas que sabe a mostarda e que mantem todas as vitaminas do ruibarbo, do mexilhão e da alcachofra. O que foi autenticado pela análise de água, pela observação com microscópio electrónico, e pela desconfirmação efectuada pelos sete sábios que vivem na lua nova.
Não concordo com o novo desacordo ortográfico, nem com a dialética parnesiana e panteista dos
distintos deputados da oposição deles.
Estou enfronhado no meu novo livro, um de versos mais ou menos malucos. Até ao fim deste ano tenho que termina-lo. Se outro bem não me atingir.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Só sabios...

Anda pelo nosso país uma gentinha avarenta, relapsa, contumaz, que se mantem silenciosa apenas referindo que tem soluções para todos as males que assolam Portugal, não os referindo,  explicando e comunicando que não é oportuna a sua divulgação, poderão os ouvintes adotar interpretações defeituosas, que poderão deturpa-las por execução deficiente.
Fazem-me lembrar aquele ilustre professor que, referindo-se a um congresso onde tinha comparecido, declarava com ênfase: "só sábios éramos sete. E entre todos o que mais brilhou foi um que a modéstia me impede de mencionar".

A nossa vidinha

       A vidinha que levámos constou de sucessos, alegrias, prazeres entremeados de alguns desaires, azares, problemas. Mas se formos honestos teremos de concordar que disfrutamos do que dispusemos, nos anos que decorreram desde que nascemos até hoje, de incontáveis benesses, inúmeras situações felizes, incontáveis acontecimentos favoráveis. Pouco sabemos agradecer a quem cá nos colocou, ao sabor das condições do planeta que o destino nos presenteou para vivermos.
       No entanto não podemos esquecer, assobiar para o lado, encolher os ombros perante as agruras por que passam tantos que nos acompanham por cá, menos contemplados pelo destino. É muito fácil dizer "elas e eles que se desenrasquem, não tenho nem sinto culpa das diferenças, se a elas ou eles a vida lhes corre mal, o Senhor lá terá as suas razões, são imperscrutáveis os seus desígnios, talvez noutra vida estejam melhor. E outras "plaisanteries" semelhantes. Não. Eu não esqueço nem me sinto indiferente sobre todos os que estão pior do que eu, dos que passaram pior do que eu, dos que sofrem do frio da fome, de torturas de injustiças. Embora encontre as tais justificações para tantas diferenças, embora encontre muitas razões que podem justifica-las, embora o comodismo tente levar-me para uma indiferença insensível, sempre procuro encontrar razões para tantas diferenças.
     Uma das conclusões a que sempre chegue, procurando que não me ofusque a honestidade devida, uma das razões é a de que tem sido o homem a criar as condições nefastas que tocam tantos dos seus semelhantes. A mulher e o homem das cavernos, pelo que sabemos ou imaginamos das suas vidas, tinha uma vida saudável, o seu emprego resumia-se ao aproveitamento dos recursos naturais para
se alimentar e abrigar. As famílias cresciam, nasciam as desavenças, os conflitos, as guerras. E a partir daí, os humanos forma inventando mais e mais motivos para desavenças, para conflitos, para guerras.
      É o que nos conta toda a  história .
      Mas que não chega para justificar o tal encolher de ombros.     

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Afinal não paro !
Anda prá'i uma data de gente a falar sem dizer nada, pura retórica, sem uma ideia útil, sem sequer uma ideia inútil, sem um lampejo de projeto sem sequer uma simples profecia otimista e que expresse alguma luz, uma pequena ilusão, um simples desígnio útil. E os governantes que temos, insistem na ausência duma esclarecedora informação, sobre a situação em que estamos, na economia, nas finanças, na assistência, no ensino. Com palavras que toda a gente compreenda, dentro das duas mil palavras que a maior parte do povo percebe e pelas quais pode avaliar a situação, pensar um pouco e formar uma opinião suficiente para que expresse uma atitude consciente.


Pausa

Vou parar, Pelo menos por um dia ou dois. Estou envolvido nas olimpíadas do xadrez, não, irritado por não ser participante, mas a irritação é má, sei combate-la, um abraço grande, daqueles que se podem dar a qualquer hora.

domingo, 19 de outubro de 2014

Um dia mais, um vestido menos

         
            Entrou em casa depois de um dia de contrariedades, o chefe a exigir mais três informações sobre as avarias em catadupa no parque de máquinas, aquele operador da grua que o ameaçava dia sim, dia sim com mais greves.
            A esposa levantou-se do sofá. Sêca, séria, sem a alegria doutros tempos, desfechou-lhe:
                     - Francisco, não tenho roupa nenhuma, tens de me comprar um vestido, não posso mais sair à rua com este, se pudesses íamos agora...
            O marido fez um gesto apaziguador, ao mesmo tempo tentando exibir grande cansaço, a grua do operador de máquinas zurzindo-lhe na cabeça:                   
                     - Cristina, desculpa, venho com a cabeça em água, no emprego...
                     - Francisco, desde há uma semana que venho falando-te nisto. Olha, se não tens disposição para sair, dá-me quinhentos euros.
            O marido atirou-se para o sofá, suspirou e começou com o rodeio costumado:
                     - Olha, Cris querida, não trago tanto dinheiro comigo, reconheço que necessitas de mais roupa, mas essa que trazes vestida não me parece que esteja assim tão mal, aliás tu conservas tão bem o teu guarda-roupa, estragas tão pouco o que vestes e o que calças, considero-me um marido privilegiado, não és como essas vizinhas cá de cima ou as outras do segundo direito, sempre a pavonear-se em vestidos novos, não sei onde aqueles maridos arranjam tanto dinheiro, realmente os negócios correm-lhes bem. Ontem falaram-me...
             Cristina, atónita, testa franzida, olhar de incredulidade, procurou mais argumentos:       
                     - Francisco, ainda não é tarde para ir aquela loja do centro comercial onde eu reservei o vestido que quero comprar, podias passar-me um cheque...
                     - Ai filha, deixei de usar livros de cheques, os bancos, é uma roubalheira com os cheques, imagina que agora por cada cheque o banco me  cobra um euro e ainda por cima, sabes o que se passou com o Ricardo? Imagina que passou um cheque para pagar a prestação do carro e o gerente do "stand" hoje não teve a lata de ir lá a casa dizer que o cheque não tem cobertura, imagina tu, o Ricardo, milionário e herdeiro duma fortuna daquela tia francesa que faleceu no mês passado coitada da senhora...
                     - Francisco, lá estás tu com a lenga- lenga  do costume, daqui a pouco fecha o centro,
passa-me o cheque, querido, vou arranjar-me para sair...
                     - Parece-me que tens razão, o centro comercial já deverá estar fechado quando ali cheguemos, querida podemos deixar para amanhã, um dia mais com um vestido a menos, não me parece um grande problema. Problema é o que me surgiu no emprego imagina que aquele mestre de obras que esteve ontem aqui visitando-nos com a esposa, então não queres crer que...