"Alma! Eis o que nos falta.l Porque uma nação náo é uma tenda, nem um orçamento uma bíblia. Ningem diz: a pátria do comerciamnte Araujo, do capitalista Seixas, di banqueiro Burnay. Diz--se
pátria de Herculano, de Camilo, de Antero, de João de Deus. Da mera comunhão de estômagos não reulta uma Pátria, rsulta uma pia. Sócios não significa cidadãos. O burguês estúpido, perante as calamidades que nos assaltam, computa-as em libras, redu-las a dinheiros.Parece que se trata duma mercearia em decadencia. Dívida flutuante, iimpostos, câmbios, cotações, alfândegas, cifras, dinheiro, nada mais.A ruina moral não entra na conta nem por uma vitem. Deve e há-de haver, eis o problema. Direito, Justiça, Honra. Pundonor, - palavras! Se o gigo das compras andasse farto e os negócios corressem, podiam encafuar Jesus Cristo na penintenciária e sua Mãe no aljube, que a récua burguesa, dzendo-se católica, não se moveria- O câmbio estava ao par."
De Guerra Junqueiro em "Anotações" ao seu livro "Pátria"
Mais de cento e vinte anos passados notais alguma semelhança com o que hoje se passa?
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