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sábado, 31 de maio de 2014

Naquela tapeçaria

Ontem encontrei-me comigo e não me admirei
Porque todos os dias me tenho encontrado comigo
Nalgum dos dias anteriores não passados
Eis a razão profunda de eu dar os passos
Que não dei finalmente nos dias futuros
Nem conseguir sonhar com esses caminhos
Que percorri entrando na formosa  Via Láctea
Deixando o nosso Sol para trás das costas
Cantábricas, atlânticas, mediterrãneas
Enquanto aprofundava a quadratura desse sonho
O encanto do pi, do fi, das pirãmedes, do Partenon
Nunca esquecendo aquelas ninfas que dançam
Uma dança de roda, agitando os lenços brancos
Nessa tapeçaria que tenho na minha casa

-Lembra-te
"Quando te estiveres a ponto de te preocupar com merdas, os dilemas da poesia portuguesa contemporânia, o IRS, o código do multibanco, os carros que te roubam o estacionamento, a falta de rede no telemével, as reuniões do condomínio, a tampa da sanita, lembra-te dos homens que puxam riquexós nas ruas de Deli. É essa a tua obrigação. Nunca te esqueças do mundo, Zé Luis."
                                                                                 de José Luis Peixoto

Riquexós: carinhos puxados por bicicletas onde os indianos pedalam transportando turistas ou patrícios, podendo cobrar 33 centimos de eurro ou pouco mais, pelo transporte dos clientes por um ou mais kilómetros. Em certas cidades da ìndia até há pouco tempo, os carrinhos eram puxados directamente pelos indianos. E suponho que isso ainda sucede em Calcutá.
                                                                 

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Será que o senhor Tempo...

               Ou será que o senhor Tempo é um balão cheio de surpresas que se dilata, que incha, que se amplifica com a doença, com as contrariedades, com os discursos entediantes, com o próprio tédio, com a saudade?  Ou que mingua, se contrai, se simplifica com as alegrias, com a saúde, com os prazeres ? 

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Um funcionário

O senhor Tempo traz a sorte pela arreata e só a solta quando o criador ordena.

O Tempo

         O senhor Tempo é um dos funcionários do Criador em serviço na Terra. Por vezes é muito activo, noutras ocasiões é lento, lentíssimo. De vez em quando nem damos por ele.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

O senhor Tempo

     Vejamos o que um estudioso das coisas humanas, curioso pelo sobrenatural, interessado no que afecta a condição humana, poderá encontrar o que o esclareça sobre o Tempo - que eu acho que deve ser tratado por senhor Tempo.
       Um senhor que desconhecemos, e que nos poderá lançar numa enorme confusão se não existir a calma, a serenidade e o bom senso, entre outras virtudes, para efectuar uma investigação apropriada..
       Sobre esse senhor sobram as definições, qual delas a mais controversa:
             - espaço que medeia entre duas acções, dois acontecimentos. Bem ligeira esta definição : então se não existir qualquer acção, não há tempo?
             - outros chamam-lhe  a quarta dimensão, do espaço-tempo - mas, agora, sem acção ?
             - para outros é uma "plataforma" onde as coisas existem, se desenvolvem - então será um
plano com duas dimensões? continuamos assim sem as acções?
             - outros dizem que a percepção do tempo, a partir dos nossos sentidos é obtida por processos psicossomáticos com influências psicológicas, para muitos uma ilusão de óptica comparando o que  sentimos nuns dias que certos acontecimentos transcorrem mais rápida ou mais lentamente que noutros dias. Um pouco transcendente esta definição e só ao alcance de mentes brilhantes.
              - ainda vemos escrito que ainda estão muito imprecisos estes conceitos, principalmente quando se aceita que "o tempo é dado pelo  relógio". Ou quando ouvimos dizer que "o tempo corre mais que o relógio", "estes dias passaram muito depressa", etc..
               - Numa acepção científica mais precisa se diz que "o tempo não flui. o tempo simplesmente é". Lindo, assim é que é falar para o povo.
         Do tempo, num sentido lato, não encontrámos definição. Einstein dizia "o tempo é uma ilusão". Supomos que o dizia sem o sentir na pele, porque mencionava, noutras ocasiões, o presente, o passado e o futuro, como reais.
          Para mim, faltando-me muita ciência, tenho a convicção que o Tempo é outra coisa. Que é doutra dimensão, que nos atinge, que nos perturba, que governa estas nossas vidas na Terra, que nos envolve, que nos acompanha enquanto cá estamos e provavelmente não pode viver sem que vivam todos os animais na Terra. E talvez que nós sejamos parte do seu alimento, talvez que nos suguem algo que lhes faz falta, um micro elemento que nós contemos e que ele necessita e que absorve de nós sem o sentirmos, desde o nosso nascimento até à nossa morte. Porque:
                - não podemos passar sem o senhor Tempo
                - sem ele não há alegria, felicidade, amôr, paixão, saudade. E tantas outras coisas               mais.
                - as crianças e os incapazes de pensar não sabem de que se trata.
        Mas tudo isto não é uma definição. E falta-me o apoio do senhor Tempo, para o investigar  mais.                    


              - 

terça-feira, 27 de maio de 2014

Um professor exemplar

         Um dia um meu professor de português-latim, levou para a sala de aula, um galo, Nada menos que um galo adulto, grande, de farta crista e penas bem coloridas. Durante alguns segundos esse professor observou a nossa reacção, os risos e sorrisos de alguns, a cara de pasmo de outros, a curiosidade manifestada na expressão de quase todos.
         O galo parecia bem amestrado porque não fugiu quando o professor o colocou sobre a mesa, limitou-se durante alguns momentos a olhar pra um lado e para outro com aqueles movimentos vivos e bruscos próprio dessas aves. Nem cantou nem cacarejou, quando o professor o acalmou colocando alguns bagos de  milho no tampo da mesa.
         Após a apresentação daquela visita, o professor fez duas ou três perguntas simples. E, depois, como era normal nas suas aulas, disse:
             - Uma folha em cima das carteiras! Assunto a desenvolver em dez minutos: o galo aqui presente.
         Era frequente aquele professor começar as suas aulas por uma prova escrita desse género: uma pequena redacção sobre um tema simples: um objecto que trazia ou que escolhia na aula, um animal conhecido, um defeito ou uma virtude, Por vezes apresentava um número ou uma palavra simples como assunto a desenvolver.
         Na aula seguinte fazia alguns comentários sobre as pequenas provas apresentadas. Mas nunca, nunca se servia da sua condição de professor para ridicularizar qualquer das provas apresentadas e muito menos ridicularizar o seu autor.
         Era um professor exemplar. Entrávamos para as suas aulas na expectativa alegre do que ele apresentaria. Naquele dia levou o galo, Noutro levou um autoclismo dos antigos. Um dia determinou-nos que o tema seria "coragem".
         Fazia-nos pensar, escrever, fazia-nos rir e sorrir.
         E, sem nos provocar medos ou receios, nas suas aulas a indisciplina nunca surgiu.
         Na verdade, era um professor exemplar.                   

Tentando levantar o véu

 Eu não creio que o Nosso Criador nos colocou nesta morada, na Terra, e que nos tempos infindos que passaram e nos tempos infindos que estão para vir, não tenha cá posto ou dentro de pouso tempo não ponha gente mais evoluída que o bicho mulher e que o bicho homem. È provável que não tenhamos os sentidos necessários para os distinguirmos, tal como a formiga não nos distingue. Conhecemos nós, humanos o que é o vento, para além da definição  descoberta por não sei quem nem sei quando  que o "vento é ar em movimento"?. A formiga não nos definirá os humanos duma forma semelhante? E a luz, e a brisa, e a água? E o tempo? E tanta outra coisa que ainda desconhecemos? Neste pequenino espaço do Tempo, de poucos milhões de anos de existência dos humanos o Nosso Criador terá lançado outras vivências, como agora dizemos, noutra ou noutras dimensões? Que talvez nos sejam perceptíveis por nós, os humanos, através de tudo o que nos permitem transportar, armazenar e disfrutar para viver esta vida, tal como nós humanos permitimos que as formigas possam transportar, armazenar e dlisfrutar o que encontram para viver da sua maneira. Só o impedimos quando elas invadem os nossos territórios e nos chateiem. Talvez que os ventos, tempestades, raios, terramotos, representem a forma como seres doutras dimensões nos afastam ou nos liquidam quando nós, humanos,  os incomodamos ou quando, sem o sabermos, estamos invadindo o seu território ou incomodando-os.
          Os humanos resignam-se e contentam-se, com as definições que engendram, químicas, físicas, filosóficas, espirituais, transcendentes, para diversos seres e coisas que encontramos na Terra depois de nascermos. Aparecem outros  de vez em quando, mulheres e homens( a senhora Curie, Einstein, Platão, etc.) que, insatisfeitos,   trazem mais uma definição, mais uma explicação, à nossa escala, para o que nos rodeia, para os mistérios que subsistem e que os perturbam.
          Mas é muito lento esse desvendar, muito árduo os caminhos para os conseguir.
          E que naturalmente serão meros e antiquíssimos axiomas para esses seres doutras dimensões ou doutros mundos que nos são ainda desconhecidos.           

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Abstenção de sessenta e seis por cento

             Nestas eleições europeias, em Portugal houve  cerca de sessenta e seis por cento de abstenções.
             Já aqui neste blog escrevi do que a estatística poderá induzir em erro. Nas votações em Portugal, onde a cada partido se atribui a percentagem de votos relacionando o número de votos a favor com o número total de votos entrados nas urnas, os resultados expressos dessa forma são, em minha opinião, uma fraude, porque não exprimem a realidade. Senão veja-se: se forem seis milhões o total de cidadãos com direito a voto, sendo a abstenção de 66 por cento, resulta que apenas entraram nas urnas 34 por cento dos seis milhões de votos possíveis, dos eleitores com direito a voto, ou seja
34 x 3000000 : 100 = 1020000. Ora bem, se o Partido socialista conseguiu 32,1 por cento dos votos
depositados nas urnas, e portanto 34 x1020000: 100 = 327420, número dos cidadãos e apenas estes que  votaram no partido socialista, número que representa apenas cerca de 10,91 por cento do total dos cidadãos recenseados e com direito a voto.
         Acham que uma eleição destas é representativa ? Que cerca de onze por cento dos eleitores exprimem a vontade popular e decidam pelo país? Porque não é o voto obrigatório? - como é nalguns países-´

domingo, 25 de maio de 2014

Volta meu berço

               Embalo-me estranhando o meu berço de menino, entro no vento que me traz a saudade, vejo o meu mar entrar nesses sonhos incompreendidos,, perco-me nos caminhos que nunca percorri e penetro nas arestas e nos remendos de toda a inquietude, nos espinhos da resignação a que esses sonhos me obrigam. Vai-te embora vaidade, Fica comigo Imagem dos meus momentos perdidos sem abraços teus. E deixa-me, vida, cair na tentação dos beijos que não dei.

sábado, 24 de maio de 2014

           João Martins acordou na penumbra das sete da manhã, espreitou pela janela do camarote não viu o mar nem sentiu o ruido monótono das máquinas do navio a que se habituara nos dez dias após a saída de Lisboa. Maio ensonado reparou na avenida das palmeiras sobre a baia de Luanda, que continuava, sem as palmeiras pelo cais onde o navio atracara. Uma pancada na porta do camarote e a voz dum tripulante - "senhor Martins tem uma mensegem urgente na recepção!" - despertou-o da modorra em que ainda se encontrava. Chegara a Angola, desta vez em camarote de luxo com janela e varanda com vista para o mar.
           Que viagem tão diferente da que fizera no velho Moçambique, sessenta anos antes em terceira classe desconfortável, dormindo naquelas noites enjoadas na camarata colectiva  e durante quase um mês de viagem !
           Na outra viagem, à chegada a Luanda, quase que o arrancaram da cama, na camarata, arrumara a mala à pressa e foi ao encontro do tio que o esperava no cais. Era a única pessoa que ali se encontrava. Naquele tempo quem ia  para Angola ou era funcionário público ou, se não ia deportado
só o deixavam embarcar se munido de carta de chamada de parente ou amigo lá da colónia, que lhe garantia emprego e bilhete de retorno, em terceira classe, se o seu trabalho não agradasse. 



            A pobreza arranhara tanto a vida de João Martins como se tivesse passado toda a mocidade sujeito a cem chicotadas diárias, látegos profundos que lhe deixaram marcas indeléveis e desejos infrenes e intensos que o conduziram à emigração. As primeiras letras, aprendidas no serviço militar, haviam-lhe despertado a inteligência herdada e que, aliada a uma esperteza de menino de rua, o habilitaram à luta pela vida de quem parte do zero. 

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Exmo senhor público

            Eu sabia que ela, muito experiente e sagaz, me iria safar daquele compromisso em que me metera, ainda é escassa a minha habilidade para falar, discursar, conversar com uma assistência exigente como é um grupo de amigos e de alguns desconhecidos, ou seja de qualquer assistência de mais que um ouvinte, não há dúvida tenho que me matricular no tal curso americano da arte de falar a um público. E ali, naquela circunstância, quando temos o microfone implacável, inerte mas comprometedor, um pedaço de metal e fios que parece gritar-nos por alimento de palavras, nesses momentos parece que detesta o nosso silêncio, abomina o gaguejar, a tosse para disfarçar, os gestos inúteis as frases de circunstância e mais que tudo os silêncios acompanhados de sorriso amarelo e de gestos inúteis, assoar-se, coçar a cabeça ou as mãos. E cem olhos mirando-nos com sorrisos complacentes dali, miradas irónicas acolá, segredinhos para o lado acompanhados de olhares inquisidores para o, esse tipo defronte de mim que se julga competente para me ocupar o meu tampo e eu que tenho tanto que fazer que raio é que me convenceu a vir até aqui de táxi ouvir este tipo, se calhar quer que eu lhe compro o livro, sei lá se o compro,  quando tinha combinado para as oito jantar com ....
           - "E agora passo a palavra ao autor do livro"- disse ela dando palmas. 

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Lançamento do meu tercero livro

Ao primeiro livro que escrevi - um livro técnico relatando uma viagem oficial que efectuei a Israel, suecedeu o romance "Sonho de sorte" e agora o terceiro "Pensamentos subtis..." lançado ontem na livraria "A ler devagar". A minha filha Maria Alexandra apresentou-me à assistência, cerca de cinquenta pessoas amigas.
        Êste terceiro livro está à venda, por 12 euros, naquela livraria (na LX Factory, Alcântara) e na livraria Altheia, no Bairro Alto, ambas em Lisboa. E quem o desejar poderei também enviá-lo, à cob4rança, pelo correio.

domingo, 18 de maio de 2014

Outro porquê

           Qual é mais feliz? O cavalo, a formiga, o elefante, a mulher? O jacarandá quando floresce na primavera, esse pigarço que galopa na pampa, a onça que leva os dois filhos pela anhara? O investigador que descobre um segundo passo, o professor que depara com a genialidade  de um aluno,  o cozinheiro que descobre uma nova iguaria, o escritor quando termina mais um conto?
            E porquê, sentiam-se todos infelizes, antes desses momentos?

sábado, 17 de maio de 2014

Dinheiro

Frases de Dinheiro

" A chave para o sucesso financeiro é você poder dizer ao seu dinheiro aonde ir, e não tentar descobrir onde ele foi". Donald E. Grane



"A verdadeira medida de nossa riqueza está em quanto valeríamos se perdêssemos todo nosso dinheiro". John Henry Jowett



"Antes de entrar em uma terra estrangeira, é sempre proveitoso trocar o dinheiro na moeda daquela terra, de modo que agora é o tempo de transferir nossos tesouros para a moeda do céu, tornando-nos ricos com Deus. Guilherme Gordon Murdoch



"Aquele que serve a Deus por dinheiro, servirá ao diabo por salário melhor". Roger L’Estrange



"Dinheiro é como esterco: só é bom se for espalhado". Francis Bacon



"Dinheiro pode não trazer felicidade automaticamente, mas torna a infelicidade muito mais cômoda". Victor Zaremba



"Mas como já disse certa pessoa, aliás, com muito acerto, a questão não é quanto do meu dinheiro dou a Deus, mas quanto do dinheiro de Deus conservo comigo". Stanley Tam



"Não posso dar-me o luxo de perder tempo ganhando dinheiro". Louis Agassiz



"O dinheiro ainda não deixou ninguém rico". Sêneca



"O dinheiro é bom criado, mas um mau patrão". Bacon



"O dinheiro representa uma nova forma de escravidão impessoal, em lugar da antiga escravidão pessoal". Leon Tolstoi



"O homem mais pobre que eu conheço é aquele que não tem nada mais do que dinheiro". John D. Rockefeller



"Poucas coisas testam mais profundamente a espiritualidade de uma pessoa do que a maneira como  usa o dinheiro". John Blanchard



"Quem empresta, perde o dinheiro ou ganha um inimigo". Provérbio



"Se a religião de um homem não afeta a maneira como ele usa o dinheiro, a religião desse homem é vã". Hugh Martin


" O dinheiro foi inventado pelo diabo" (Alberto Quadros-2014)

Um aroma

           Que maravilha poder sair, vaguear, ir ao encontro da brisa, da luz, aspirar os aromas da loja de frutas, das flores desta primavera nascente, deixar livre o pensamento, sentir a liberdade, aspirar o ar perfumado dos jacarandás, sei lá se é dos jacarandás, o que sei é que é perfumado, sem necessidade de ter nome comercial, nem publicidade, nem preso e guardado em frasquinho artístico. É indomável, livre, vem no vento e na brisa, tanto chega ao nariz do rico como entra nas ventas do mais pobre. Não é egoísta, não é fanático da luta de classes, tanto se entrega a uma garota da escola, como ao cachorro que vai pela trela, tem  assuntos muito importantes a tratar, não provoca, não assalta, não prejudica, não infecta. .    

Banho violeta

Acontece de novo a poesia violeta que os jacarandás nos oferecem !

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Quem

Nunca foi pecado amar, amar,
Triste do que se esqueceu de amar, amar
Nunca se ensinou amar, amar
Nunca ninguém se perdeu por amar, amar
Quem não se sente diferente, por amar, amar?
Quem se sente ausente por amar, amar?
Quem se perturba por amar, amar?
Quem não sorri por amar, amar?
Quem ?

Levantar o veu dessa desgraça

          


 Contentar-me-ei se apenas um dos que lê os meus livros, o aprecie. Porque se o aprecia de verdade - com um juízo próprio, uma critíca honesta, um comentário oportuno - decerto comunicará a alguns dos seus amigos o que o impressionou nesse livro. Em particular, no tocante ao "acabar com o dinheiro".  O facebook está divulgando um vídeo com o relato (ali publicado por Nuno Quadros) das actividades do Golden Sachs. Deveria ser conhecido em todo o mundo, e as televisões de todo o mundo deveriam publicá-lo. Apressaria decerto a discussão sobre os malefícios do dinheiro, as soluções para evitar bancos desse tipo. E em particular a multidão imensa de seres humanos que
aumenta dia a dia, por obra e graça da sua actividade. Quando um banco, num só ano (e ano de crise!) foi beneficiado com lucros na ordem de mais de quinze mil milhões de euros atente-se em primeiro lugar que o lucro desse e de muitos outros bancos, se baseia em especulações financeiras. E para haver lucro, tarde ou cedo alguém o pagou ou pagará. QUEM?
             Começará talvez a levantar-se o véu dessa desgraça que o dinheiro vem ocasionando, denunciando os  seus principais causadores.
    No meu primeiro livro, "Sonho de sorte", pretendi  desenvolver dois temas: acabar com o dinheiro  e erradicar a pobreza. Provavelmente as gentes do nosso mundo talvez só dentro de dois ou mais séculos, começarão a sentir tais necessidades - se entretanto estas gentes que vivem nesta morada que é a Terra, não a tiver conspurcado e poluído de tal maneira que obrigue as suas descendências a emigrar para outro sistema planetário beneficiado por outra estrela.
     Este meu segundo livro tem um onbjectivo menos pretensioso, menos altruísta, talvez mais egoísta: legar aos meus descendentes um conjunto de pequenas peças que demonstrem e revelem de alguma forma o que eu sou, o que eu sinto, o que me alegra, o que observo no  meu semelhante, ao fim deste pouco tempo que tenho de vida, oitenta anos, pouco tempo na eternidade, e que resultou na mente e na alma que tenho.  

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Tretas


        Fascina-me embora termine por me aborrecer, um individuo que povoa tudo o que diz com tretas, Quando oiço um desses espécimenes do género humano, não resisto à tentação  de o analisar com imparcialidade, sem preconceitos, comparando-o com outras pessoas por mim conhecidas, também amantes de gabarolices. Em geral gostam de monopolizar a conversação, mostrando-se agastados se o impedem, de elevar a voz procurando abafar qualquer outra concorrente e gesticular com exuberância pretendendo realçar a importância pessoal nos factos ou acontecimentos apresentados.
         Há uns meses atrás, viajando de comboio para Lisboa, sentei-me,no lugar marcado no meu bilhete,  ao lado dum sujeito que se ocupava com um desses artefactos modernos com jogos mais ou menos complicados. Vestia fato e gravata, sapatos ponteagudos de polimento, a mão esquerda com anel de brazão, talvez de outo, a direita com uma ligadura no dedo anelar. Assim que abri um livro - sempre levo um livro quando viajo de comboio - fechou a cassete do jôgo e disse-me sem qualquer cerimónia:
                - Vejo que se interessa pela leitura. Eu sempre trago um livro mas hoje comprei esta cassete de jogos, foi uma encomenda do meu filho e  tenho a fraqueza da nada negar aos filhos, não sou como aqueles pais que tudo negam aos filhos, convencidos que negar todos os desejos aos filhos só lhes dá fortaleza de caracter, não sei se o senhor tem filhos mas eu acho que o melhor para eles é rédea curta,  poucas falas, mesada escassa e muita exigência, sim porque as raparigas e os rapazes se os deixamos fazer o que lhes apetece o mais certo é fazerem o que não nos agrada, um vizinho meu contou-me - aqui eu tentei atalhar a verborreia daquele sujeito:
                  - Olhe, se quer a minha opinião - mas ele, implacável, mais não me permitiu:
                  - Mas repare, o senhor pode ter outra opinião, o que lhe digo é que lá na minha casa aos filhos não permitimos certas liberdades nem discussões, se querem discutir, para isso é que andam no liceu, não nos cansamos de lhes lembrar quem lhes paga o sustento, a mesada e a escola somos nós os pais há muitos pais que deixam os filhos fazer o que querem e depois é o que se vê, não sei qual é a sua opinião, isto de criar os filhos é muito complicado, não sei quem foi que disse que um filho é uma doença para toda a vida, eu cá não, eu e a minha mulher já combinámos fazer o que achamos melhor um filho, como os pássaros quando saiam do ninho a vida  é lá com eles, mas enquanto estão na nossa casa, aí não, aí...- fiz mais uma tentava, tentando estancar aquela catadupa de tretas: abri de novo o livro que levava, esperando que ele compreendesse a mensagem indirecta. Mas não reagiu:
                 - Olhe, desculpe se o incomodo mas eu julgo que conversando é que as pessoas se entendem - e o homem confundindo conversa com monólogo, atalhou a minha tentativa e continuou:
                 - È que sabe, isto de ter filhos é muito complicado, começa com as gravidezes da mulher, depois os biberons,  as noites mal dormidas, o senhor nem imagina os trabalhos que nos dão os filhos - aqui não resisti e lembrei, suavemente:
                 - Acontece que nós temos quatro filhos...- e o indivíduo, com uma certa impaciência, mais não me deixou dizer:
                 - Ah! Têm quatro, isso é muito melhor que ter dois, como nós, com quatro os mais velhos já tiram quase todo o trabalho aos pais, agora, como nós, com um rapaz e uma rapariga, não queira saber, é de tal maneira que eu sempre procuro fazer horas extraordinárias no meu emprego, a minha mulher faz o mesmo e quando chegamos a casa a mulher que contratámos quando chegamos a casa os moços já jantaram e vão a caminho da cama...
                   - Desculpe tenho que ir lavar as mãos e beber um refresco...
            Felizmente que os comboios modernos têm bons WCs e carruagem restaurante.                        

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Dúvida

Todos os dias duvido
Daquilo que a mente me diz
Porque ela apenas me diz
Aquilo de que eu não duvido

Porque a dúvida que a gente sente
Quando quer acreditar
Às vezes não vem da mente
È o coração a falar

terça-feira, 13 de maio de 2014

Encantos

O encanto dessas palavras
Em tantos livros que lemos
São como essas flores bravas
De plantas que não plantámos
Pego um livro, pego a flor
Em ambos posso encontrar
Muita alegria ou a dor

Vgosto de saltar à corda

Gosto de saltar à corda
Por cima das ilusões
Ao lado fica a saudade
Que sempre tenho de ti
E em cada salto que eu dou
Nunca chego onde tu estás
Volto sempre à realidade
Vejo que não estás aqui

Mania

Tenho a mania de pensar
De olhar para trás de mim
Cansando-me de descansar
De sair sempre por uma porta
De procurar o meu vento
E mergulhar na água do mar
Correr não passando daqui
Parar sem deixar de correr
Dormir ficando acordado
E, continuando a esquecer-te,
Lembrar-me sempre de ti.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Abri o armazem das ideias

                Terei o armazem da originalidade quase vazio e partido o acelerador de ideias? Não, não, ora vejamos o que sai de lá.
                 Eu, que gosto tanto do mar, nunca me canso de mergulhar na sua água salgada.  Gosto tanto do mar que até me condói, me perturba, me ensombrece reparar nas águas do mar que entraram naquela salina quando passo na ponte sobre o Arade, oiço os gritos silenciosos que soltam aquelas águas aprisionadas e sujeitas à perda da liberdade que gozavam dentro da mãe da água que é o mar. E ali estão, à torreira do Sol. Para que o homem - nunca vi uma mulher numa salina - lhe extraia o sal, aliás hoje considerado um condimento nocivo para a saúde,
                 O sal foi sempre usado para dar gosto à comida ensonsa, inerte de sabor, sem personalidade no paladar. E penso que foram alguns velhos de antigamente  que, ao perder potência no paladar, começaram a empregar o sal, daí que bem se pode dizer que quanto mais velho mais sal o homem quer no prato, nascendo um vício progressivo. Como tantos outros. Penso que não há vícios que um homem adquira que não sejam progressivos e como o que demais não presta, lá diz o povo ,o tal viciado acaba comendo carradas de sal e arcando com as respectivas consequências - de que morreu o tal rei da lenda do sal.
                Pois eu gosto de sentir o gosto dos diversos produtos que entram na panela. Numa caldeirada gosto de saborear o gosto dos diversos peixes, da qualidade da batata e do tomate. Não preciso de condimentos. Num "souflé"de queijo, aprecio sabor dos ovos e do queijo. Essa iguaria tão pouco conhecida nos nossos restaurantes, é barata, fácil de executar e dá gosto saborear e antes, de o comer, ver um "soufflé" bem feito.
               Nunca mais me esqueci do primeiro "souflé" que comi, num restaurante em Versailles em 1940. Conversando com a minha esposa, como diz o povo, conversando é que a gente se entende, lembrei-lhe esse almoço em Versailles.
               Há poucos dias a minha esposa - que está conquistando-me outra vez com os pitéus que me apresenta, apresentou-me, ao almoço, um "souflé". Ainda me soube melhor que o de Versailles
               Abri o armazem das ideias. saíram algumas, misuradas com recordações,
               Já leram o que de lá saiu.
         A ocupação dos tempos livres é uma das formas de despertar as mentes ressequidas pela inércia.

domingo, 11 de maio de 2014

Esperança de vida

              Qualquer obra de arte, de valor reconhecido pelos peritos especialistas, é sempre digna de boa conservação, isolando-a de qualquer agressão que lhe retire o mérito, prejudique a beleza, ou a sujeite a condições desfavoráveis. Assim vamos  conservando as esculturas, pinturas e construções célebres, muitas com séculos de existência. No entanto, o Criador, nosso Deus que lançou neste mundo a máquina mais maravilhosa que existe e que possui a qualidade de se reproduzir, não mantem esta sua obra de arte por mais que algumas dezenas de anos, sem qualquer possibilidade de se conservar viva por muito tempo, tal como se conserva a "Pietá" ou a "Mona Lisa". Claro que a diferença está na vida que o Criador concedeu aos nossos corpos e que é independente destes - não sabemos nem o Criador deixa que o saibamos, se a vida do nosso espírito termina quando o corpo se fina e volta à  terra.
             Porém, quem nos criou, deixa-nos em liberdade depois de nascermos, tal como procede com qualquer dos outros animais que criou ou deixou criar - embora o homem muitas vezes a anule. Deu no entanto, à mulher e ao homem, a faculdade de evoluir em vários sentidos, quer no corpo quer na mente, transmitindo muitas dessas melhorias quando se reproduz. Deu-lhe a liberdade de estudar, de investigar, de transmitir conhecimentos à descendência, deu-lhe inteligência para coordenar ideias, dedicar a memoria e organizar o ensino de forma que nada do que encontrou e descobriu, se perca como objecto inútil.
             A esperança de vida vem aumentando numa progressão quase geométrica. Há setenta anos uma sexagenária era considerada  de idade próxima da morte, a reforma dum trabalhador era concedida nessa idade. Há cem anos a esperança de vida era de pouco mais de quarenta anos. Hoje,  ronda os oitenta. Há setenta anos, na minha cidade vivia apenas um homem com oitenta anos; hoje, com mais do que aquela idade contam-se uma dezenas.
             Mas nestes nossos tempos, também tem aumentado a esperança de tratamento e cura de muitas dores, achaques e doenças que atingem os mais velhos. O meu Pai, morreu com sessenta e sete anos, após o quinto enfarte que o atacou. Nesse tempo - no ano de 1943 - nem ainda se usavam os comprimidos de nitroglicerina. Hoje, descoberta a causa dos enfartes, com cuidados na alimentação e uma vida saudável - um mínimo de exercício físico todos os dias - a mortalidade pelos enfartes diminuiu de forma espectacular, de tal forma que a esperança de vida dum doente cardíaco  aumentou dezenas de anos. E, segundo li algures, a esperança de vida dos que nascem hoje, ultrapassará os cem anos.
              Portanto, e concluindo: Deus deu-nos liberdade à nascença, para evoluirmos no sentido de nos podermos conservar com vida como qualquer obra de arte que a mulher ou o homem criem ou tenha criado.
              Com a grande diferença, que é a oferta da vida.                    

sábado, 10 de maio de 2014

Lendo e escrevendo

            Os que visitam este blog são avarentos nas críticas. Digo-o porque gosto de as ler quando elas, muito raras, surgem. Não para me preocupar se são desfavoráveis, nem me envaidecer, se me elogiam. Atingi a idade em que avisadamente,  com pouco me preocupo e com nada me envaideço.
            Quando  escrevo uma mensagem obsoleta, anacrónica, louca( as duas últimas...) estou dando liberdade a muito que não presta que tenho dentro da imaginação, esta o miolo duma caixa incómoda, inútil, bastas vezes insensata, quase sempre sem a luz, o brilho e o vigor que tudo o que escrevemos deve conter.
            Lendo conhecemos muitas realidades alheias. Escrevendo, expomos muito que desconhecíamos de nós e que salta da caixa da memória aberta e camuflada pela imaginação e pela fantasia.
             Mais ou menos há sessenta anos comecei a escrever. Um pequeno poema "Carta ao menino Jesus", que então publiquei numa revista (e que se chamava"Revista" ) em Luanda e agora no meu segundo livro que acaba de ser editado. Foram esses primeiros versos,  o início desta actividade tão maravilhosa que é escrever - maravilhosa como a de ler -  para mim bem complementando e com mais valor, satisfação e resultado, que a leitura.





             Em sessenta anos foi muito pouco o que li e ainda menos o que  escrevi. Vou tentando agora aproveitar melhor o tempo que disponho.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Palpos de aranha

  Os palpos de aranha são vendidos à uma ou à dúzia nas feiras e nas barracas dos ciganos, Nas primeiras os palpos são genuínos, reais, com certificado de origem, e pagam 23,25 por cento de IVA. Nas segundas os palpos são mais baratos e são vendidos em promoção com uma aranha grátis.
           Eu ficava sempre muito atrapalhado quando os comprava, derivado a que o meu neto todos os dias me pedia um, na loja já me conheciam e me tratavam como um bom cliente aqui para nós com toda a razão porque eu deixava sempre cair o palpo no chão e comprava outro, o mesmo sucedia, e outro e outro, até que o cigano lá vinha com uma caixa de sapatos com um palpo e uma aranha grátis dentro.
            Por vezes ainda perdia ou me roubavam a caixa no autocarro. Ou a carteira, distraído que eu ia com o palpo e a aranha grátis dentro da caixa. 
            O pior é que o meu neto passou a pedir-me para lhe comprar um elefante, eu estava distraído a ler uma revista e disse-lhe que sim. Ora eu sou muito cumpridor  das promessas que faço aos netos.               E para cúmulo ou para mal dos meus pecados, o elefante não coube na porta de entrada da casa do meu filho e do meu neto. Há muita falta de carpinteiros, não há meio do meu neto ver a porta da casa do pai alargada.
            E o elefante vai crescendo. 
 O Joaquim Silva levou a bicicleta eléctrica para a estrada, desapertou o selim, colocou-o mais alto, apertou a porca subiu e abalou electricamente. Ia encontrar-se com Germana que lhe tinha telefonado antes do almoço, O Joaquim conhecia-a e namorava-a  desde aquele ano do vendaval que arrancara as chapas de zinco da praça do peixe, uma das chapas caira sobre o vidro da frente do automóvel do presidente da câmara, um carro do tempo da Maria Castanha, que tinha uma colecção de carros antigos guardados no armazém do município onde o Marcelino, o  guarda careca recebia delas uns cobres que lhe arredondavam o magro vencimento como contínuo, função contínua como a mais simples função contínua do cálculo diferencial, com a diferença que influía directa e não diferencilmente na economia familiar do Marcelino este, no entanto, sempre com boas informações de desempenho, o que  se reproduzia na opinião dos vizinhos que teria no entanto  ser relevada pelo povo da freguesia e revelada no diário local que sempre saia só uma vez por mês e quando não era feriado nem imperava o Carnaval. Naquele ano a terça - feira de carnaval fora à segunda, não por causa do mau cheiro mas porque não havia sardinha assada em qualquer restaurante que tivesse as portas abertas para a rua porque além da ventania, o calôr era intenso e chovia a càntaros partidos que é uma chuva muito incómoda, os cacos dos càntaros partidos levados pelo vento estampavam-se  e estilhavam-se no quintal do Eleutério enquanto este lia o jornal da noite porque esse dia tinha amanhecido de noite  apesar de ser um novo dia visto que era meia noite e um do dia seguinte ao anterior .
         O Joaquim Silva, chegou ao portão da casa da Germana. Esta disse:+
             - Não abras o portão, Fran...
         Foi ´quando o pai da Francisca deu um tiro no Joaquim.
         Esta notícia, como todas as notícias que dão as televisões, teria de ser dramática.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Erradicação da pobreza

                 Não entro na definição da pobreza, nem nas estatísticas a ela ligadas. O leitor terá completa informação consultando na Internet a Wilkipedia, para começar a sua pesquiza.  Depois, dispõe de muitos outros artigos sobre a pobreza.
                Mas o que eu pretendo salientar, em relação à pobreza, no nosso país e em todo o mundo é o outro lado do assunto, outra faceta desta discussão: como os humanos aproveitam os recursos naturais do planeta, e outros que têm sido inventados ou descobertos e postos à disposição  de todos nós. A antiga história do Robinson Crusoe é bem ilucidativa: uma mulher ou um homem abandonados numa ilha sem mais companhia humana e para viver dispondo apenas dos recursos naturais da ilha e do mar que o rodeia, consegue sobreviver e satisfazer as suas necessidades primárias. É claro que todos nós ansiamos e ambicionamos mais, pretendemos todos ter mais segurança na saúde, melhor educação, melhor vida na sociedade, bons transportes e governos eleitos pelo povo noutro sistema eleitoral distinto do actual em Portugal: a lista dos candidatos a deputados é organizada e cozinhada pelo chefe do partido. Resultado: a maioria da população desconhece os deputados que são eleitos, raramente os vê após a eleição, com dificuldade consegue ser ouvida só por acaso e em geral tarde, qualquer problema que interesse à comunidade, não chega a ser  apresentado na assembleia. A cidade do Porto deu um grande exemplo nas últimas eleições: elegeu um candidato independente contra todos os partidos concorrentes.
           A rua, a freguesia, o município, os distritos e províncias deveriam eleger, para todas as eleições, candidatos escolhidos entre os seus conterrâneos. seguindo um sistema eleitoral já bem conhecido noutros países e com bons resultados. No nosso actual sistema eleitoral, caminhamos para uma maior pobreza, mais desemprego, mais emigração. E mais envelhecimento da população.
         O primeiro passo deverá ser dado no sentido dum maior conhecimento da situação real do nosso país. Como o dr,Medina Carreira e o seu convidado no programa "Olhos nos olhos", aconselharam: o governo deveria promover e aconselhar todas as televisões a dedicarem  seis ou oito horas por semana, nas chamadas horas nobres, à informação sobre a situação económica de Portugal, em linguagem acessível a todos os ouvintes, com a publicidade suficiente que garantisse boas audiências.
         

segunda-feira, 5 de maio de 2014

"Ponham uma folha llimpa em cima da carteira! "


               Cada um dos sapiens tem a pretensão de ir para onde quiser sem pensar que o espírito que o governa é independente da vontade como é independente da meteorologia ou das cotações da bolsa. O que foi que me trouxe e me impeliu a escrever estas baboseiras, a que chamei de baboseiras sem pensar no seu significado nem sequer descobrir a influência que poderei ter no movimento do bando de pardais que pousa na árvore da rua, o que me parece é que a migração daquele cardume de sardinhas que conseguia distinguir no mar quando era pescador, me afectou muitíssimo mais que a má classificação que fiz daquela oração subordinada constitucional ou condicional ou lá o que era, que nosso professor de português-latim, escreveu no quadro "O pedro foi constituindo pé depois do pé um monte de areia e calhaus com un quilo de comprimento e duas centopeias negras e vagarosa  de quatro patas em escorregação pelas bordas da mesa". E disse ele " Meninos,apontem nos cadernos os erros de escrita, de gramática, de sintaxe e de semântica,  quais os substantivos, os adjectivos, os verbos e os seus tempos, têm cinco minutos, podem começar! " e sentou-se , abriu o livro que sacou da pasta e pôs-se a ler, tão entretido que só um quarto de hora depois, quando a sineta tocou é que ele mandou parar com o exercício, apagou o que tinha escrito no quadro, meteu o livro na pasta  e "Até amanhã meninos, tragam esse trabalho  de casa feito, não se esqueçam!".
           Na aula daquele dia não tinha chamado ninguém ao quadro nem aplicado aos eleitos, os costumados  cachações.  
        



domingo, 4 de maio de 2014

O meio copo de leite

               Eu e  o Nunes, quartanistas de Agronomia por vezes abancávamo-nos a lanchar naquela pastelaria junto à estação dos eléctricos de Santo Amaro. Uma pastelaria do modelo clássico dos bairros lisboetas nos anos quarenta do século passado: bancos altos junto à bancada, garrafas de bebidas variadas, em prateleiras de vidro atrás do empregado que nos servia.
                     - Que desejam?
            Pedimos o mesmo:
                     - Olhe, queremos os dois, um copo de leite e um bolo de arroz para cada  um - disse-lhe eu.
             O empregado pegou num copo e no depósito dos líquidos deitou em cada copo metade de leite e metade de água, depositou um bôlo de arroz em cada prato e serviu-nos.
             Observáramos a vigarice e, quando o empregado se afastou, disse ao Nunes:
                      - Vais ver o que faço depois
             Terminado o lanche chamei o empregado:
                      - Faz favor, quanto lhe devemos?
                      - Dois escudos, cada um! - disse ele, indiferente.
            Naquele tempo o copo de leite tinha valor tabelado de um escudo e vinte centavos e um bolo de arroz custava oitenta centavos.
            O Nunes pagou os dois escudos  
            Eu pedi ao empregado um copo de água. Quando este o trouxe, peguei no pires onde havia estado o bolo de arroz, deitei-lhe água   e pus no pires um escudo e trinta centavos, a nadar dentro da água.
                       - Que é isto? - disse o empregado meio zangado, ameaçador.
                       - Ora, isso é o que custa um bolo de arroz, meio copo de leite mais meio de de água...
            O empregado ouviu-me e disse:
                       - Olhe que eu chamo a polícia!
           Não me perturbei e respondi-lhe, segurando no pires com a água e o dinheiro:
                       Chame, chame, que nós mostramos-lhe isto!
            E a conversa ficou por ali, sem a polícia.                                                                       

sábado, 3 de maio de 2014

profeta

            O Nunes era conhecido pelo poderes extraordinários que possuía: da adivinhação, da previsão do futuro, da imaginação e espírito criador. Na sua comunidade não houve quem não se espantasse quando ele anunciou que em todos os meses os dias quinze se sucediam sempre aos catorze e antecediam os dezasseis. O presidente da câmara local propôs que lhe fosse estabelecido  um vencimento fixo, igual ao do vice-presidente, e sem horário obrigatório, um profeta não tem de ter hora marcada para o seu trabalho. E o Nunes, no pleno conhecimento das suas capacidades, comunicou aos seus conterrâneos a última advinha de sua autoria: que nessa manhã, quando se levantou às oito horas soube e teve completa consciência de que ainda não eram nove horas. O que deixou os patrícios espantados com tal profecia, relatada com pormenores minuciosos pelos meios de comunicação  social.   
           O ano 2834 decorria sem guerras, todos os países haviam estabelecido no século anterior os tratados simples que garantiam a paz, evitavam a fome, e asseguravam o bem futuro. O cérebro humano evoluira ainda que a estupidez não tivesse diminuído na mesma proporção. Pelo que ainda se conservavam algumas comunidades com os males de antigamente. A democracia vigente não podia evitar que o dinheiro ainda circulasse em dois ou três países, cujas elites governamentais aí encontravam o mesmo proveito, pela corrupção, copiada do que era corrente oito séculos antes. A arquitectura, os transportes, a saúde, a assistência social, continuavam a progredir, sempre a favor da mulher e do homem.  Com a ambição progressiva que evitava a estagnação e  esta conduzindo á descrença. ao retrocesso, ao imobilismo. O governo mundial não aceitava forças adversas que contrariassem esses desígnios, a atitude geral estava consumada e os estados da federação mundial, mantinham os mesmos objectivos, suportando as excepções (como a do dinheiro, atrás referida)
 cientes que  o exemplo, tarde ou cedo lhes despertaria a razão.  

A riqueza da palavra

           Qualquer palavra, principalmente  uma das mais importantes, os substantivos - porque são imprescindíveis nas frases mais completas - tem uma riqueza rodeada de diversas capas, que se podem separar como se separam as cebolas: o seu núcleo constitui o seu significado especial, tido como mais vulgar, as camadas são os seus significados  menos usuais, de uso menos frequente, aplicando-se  com maior intensidade ao sujeito, à situação, à circunstância.
           Um exemplo: a palavra opróbrio. Quando a empregamos numa conversa ou num escrito, induz  de imediato, a ideia de afronta. Mas se esta foi mais forte, mais contundente, se mais nos incomoda, passa o opróbrio à categoria de afronta vergonhosa, de injúria. E se pretendemos dar a ideia de baixeza moral o termo mais apropriado será abjecção.
           Podemos especular  da mesma forma com os substantivos, adjectivos e advérbios,  dos mais simples aos de  mais rara aplicação.

O pacote de manteiga

           Os guarda chuva chocaram, choveram as desculpas do costume - Ah! és tu Fátima ? - Olha, Maria, desculpa ter trazido o guarda-chuva do meu Manel, ele engana-se sempre, traz prá chuva o meu amarelo e deixa-me este qu'é mais largo que o passeio onde a gente por aqui passa e  é mais preto que um carro funerário dos antigos, ! - Mas ainda bem que t'encontro, Fátima, mas tira-me primeiro essa vareta do meu olho,  olha caquela velhaca que me mandaste lá a casa pedirma manteiga eu na estava atão né que começou na conversa com o meu Manel q'a convidou logo para irem juntos ao frigorífico na sala de jantar, tavam os dois de cabeças juntas à procura do pacote de manteiga na geleira vai daí nem deram por q'eu entrei em casa, berrei prós dois o qé que estás a fazer, Manel, dentro do frigorífico com essa mulher ? - Não é nada disso Fati- disse o meu Manel - aqui esta senhora veio por um pacote de manteiga e eu só encontro a margarina!    

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Lançamento do meu segundo livro

              No próximo dia 21 deste mês faço o lançamento do meu segundo livro " Pensamentos subtis..." na livraria "A ler devagar" na Lx Factory , em Alcântara, Lisboa, a partir das dezanove horas.
              O livro é um glossário de pensamentos, versos e contos, que fui escrevendo desde que lancei o meu primeiro livro, "Sonho de sorte", em 2011 .
              Dado que tenho muitos leitores residentes na Rússia, nos Estados Unidos e Canadá e noutros paíse, se algum quiser comparecer ao lançamento, avise-me que eu procurarei esperá-lo no aeroporto de Lisboa.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

O sistema pensaclínico

          Nada, pensava eu após grande esforço, como aplicar os meus conhecimentos básicos de mineralogia na concretização dos anseios e desejos mais profundos. Para explorar  cada vez a maior profundidade os gases e os petróleos são necessários capitais imensos, maquinaria complicada, estudos intensos. Para explorar sentimentos, anseios ou desejos  profundos as mulheres e os homens necessitam de recursos imensos de sabedoria ou de estupidez: a primeira para conseguir sonhar, a segunda para entrar na relaxação.
           Pensar é perfurar a memória, conseguindo que alguns genes se entretenham em combinações lógicas. "Despensar", uma palavra da qual são meus os direitos de autor, é envolver-nos no sono da apatia, esse sono sem sonhos, essa vacuidade sem vácuo, esse nada que muito desconhecemos mas onde germina a semente invisível do despertar. Despensar nunca pode acontecer a quem não pensa tal como não podemos entregar ou dar um objecto que  desconhecemos, ou dizer uma palavra que ainda não sabemos, que  nem sequer ainda ouvimos. Quem não pensa pode dormir mas não despensar. E a mineralogia veio a propósito porque, àlém daqueles sistemas complicadíssimos em que se classificam os minerais, triclínico, ortorrômbico,etc.., como os pensamentos são combinações intrincadas de neurónios vadios ou muito organizadinhos e   ligados por sinapses diligentes - como os minerais são combinações de  elementos químicos ligados intimamente pelas forças da natureza - assim eu poderei incluir os pensamentos num sistema mineralógico - o "pensaclínico - que diz respeito aos minerais pensantes constituídos pelos neurónios e ligados intimamente pelas sinapses. O que é um facto que qualquer estudante de medicina verifica nas primeiras práticas de anatomia. Todos constatam, se não estão na galhofa costumada, que ao pegar num cérebro de qualquer animal terão que usar um microscópio muito potente, muito especial -  que não sei se já se encontra à venda nos mercados - para encontrar os neurónios.
         Já estou muito corado, pelo ataque que vou sofrer da parte dos especialistas nestas matérias , o mínimo que poderão dizer é que não falamos a mesma língua.