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domingo, 7 de agosto de 2011

Eustáquio Mendes, colaborador na fábrica de produtos químicos e derivados, a Faquider Ld, aguardava, no pavilhão que a empresa tinha na exposição industrial de Milão, a chegada do dono da fábrica onde trabalhava desde que se formara em engenharia química e em economia, há seis anos.
Num pequeno grupo que passava pelo pavilhão reconheceu o primeiro ministro do seu país. Para surpresa sua, viu este dirigir-se-lhe:
- Bom dia senhor engenheiro, sabia que a Faquider montaria aqui um "stand" e parece-me que já nos conhecemos, ou estarei enganado?
- Bom dia senhor doutor, está certo, já nos conhecemos, no ano passado o senhor passou pelo nosso pavilhão na feira de indústrias em Lisboa.
Depois de observar algumas fotografias e gráficos expostos, o governante perguntou:
- Senhor Eustáquio Mendes, felizmente a memória ainda não me atraiçôa,
vejo que a Faquider continua a investir e a aumentar a gama de produtos que fabrica. E derivados, qusis fabricam?
- Produtos de limpeza, alguns adubos especiais, alguns aditivos.
- Sei que estão pensando mudar a vossa fábrica para outra zona do ´nosso país. Vão mudar ou ampliar as vossas instalações?
- Mudar e ampliar todas as nossas instalações, a primeira a construir no terreno adquirido será uma ala de investigação.
- Também sei que quando o senhor foi contratado a fábrica encontrava-se quase falida e que o senhor, em dois anos passou a obter lucros consideráveis. Como se consegue esse milagre nos dias de hoje?
- Embora hoje seja quase um sacrilégio político referir Salazar, ele disse um dia: "experimentar na dúvida e realizar com fé". Não sou do tempo dele, mas tambem não sou do tempo de Platão e sigo muitos conselhos contidos em muitas frases dos dois.
Ali o primeiro ministro resolveu prolongar a visita e a conversa:
- Suponho que resulta de sua iniciativa muito do que a Faquider produz, qual é o seu segredo para não ter maus resultados?
Eustáquio, com a mesma voz serena, pausada e incisiva, esclareceu:
- Não é segredo. Resume-se a diversos factores: ter ideias ou descobri-las, experimentar, experimentar, experimentar e, quando se adquirem certezas, projectar e realizar com fé.
- E para o futuro, pensa que conseguirão ampliar ainda mais a empresa ?
- Tenho um "dossier" repleto de ideias, senhor primeiro ministro...
- Sei que também tem o diploma de economia e que o senhor tambem dirige as finanças da Faquider, conseguindo, em pouco tempo, salvar a empresa da falência.
- Eu, o dono da fábrica e todos os outros colaboradores, todos contribuímos.
Depois de pensar dirante alguns segundos, o p.m. disse:
- Senhor engenheiro, quer almoçar comigo?
- O senhor Antunes, o dono da fabrica nada me disse quanto ao almoço, pelo que aceito com muito gosto.
- Então daqui a uma hora, no restaurante "Lo picolo" na praça da ópera de Milão. ´

No restaurante, embora fosse época alta em Milão, o "maitre" ofereceu-lhe de imediato uma das muitas mesas vagas, porem Eustáquio divisou o primeiro ministro que já consultava a ementa num canto da sala.
- Engenheiro Eustáquio vim um pouco adiantado o que me deu tempo para pensar na nossa conversa de há pouco, no vosso "stand". Para ir durecto ao assunto: tenho uma proposta a apresentar-lhe.O governo necessita dentro em breve, doutro ministro das finanças. Poderemos falar sobre a sua colaboração ocupando essa pasta?
Eustáquio, acabou da mastigar o aperitivo que em empregado de mesa lhe oferecera dizendo depois:
- O senhor primeiro ministro está-me convidando para dirigir o ministério das finanças? Terei de ponderar o assunto nos proximos dias.
- Claro, senhor engenheiro, teremos que conversar primeiro, estabelecer algumas normas do meu governo, pô-lo ao corrente dos nossos problemas principais, conhecer as suas ideias sobre vários "dossiers...Que me diz?
- Antes de mais, senhor primeiro ministro, tenho que falar ao dono da empresa onde trabalho, tenho um contrato que só poderei anular com a concordância do senhor José Fernandes, o dono da empresa. Porque um lugar de ministro no seu governo pode durar o que o senhor entender, terei de garantir o regresso à empresa daqui por um, dois, quatro ou mesmo oito anos, não sei se o senhor José Fernandes concordará.
- COm certeza engenheiro Eustáquio. Mas. se não se importa, permita-me que lhe faça uma pergunta: como conseguiu recuperar a empresa,que programa ou que método empregou para conseguir em pouco tempo tão bons resultados?
Continuando no mesmo tom repousado e breve, Eustáquio respondeu:
- Olhe senhor primeiro ministro começei pelas regras básicas da micro economia, da economia familiar: não gastar menos do que se factura, respeitar os colaboradores em particular auscultando-os com boa frequência sobre o que se faz, sobre o que pensávamos ir fazer, sobre problemas diversos. E destribuindo o trabalho com objectivos, obtendo com antecedência a concordância e o compromisso dos colaboradores. Ao fim do primeiro ano, melhorámos todos os salários, não despedimos ninguem.
- Mas no governo dum país deparamos com problemas muto mais complicados, o "deficit", a inflação, o desemprego...
- E o "deficit", senhor primeiro ministro, de que resulta? de se gastar mais do que se arrecada, e uma das consequências vai para o desemprego. A inflação, que como sabe é um imposto encapotado, combate-se de forma semelhante numa micro empresa. a inflação resulta de se colocar mais moeda em circulação, resultam prejudicadas as ampresas e há sempre reflexos no desemprego. Desde que existe moeda e dinheiro que isso sempre ocorre. E daí resultam sempre as grandes crises, é uma das causas principais.
Foi mais ou menos depois duma conversa destas e das que se seguiram, que surgiu um novo ministro das finanças daquele país.
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