*
Estou-me entretendo descrevendo o que lembro da minha vida já passada. Não é uma biografia. Julgo que não deve ser o próprio a escrever a sua biografia. Se o fizer terá sempre, queira ou não queira, de ser bastante parcial como, de forma geral os pais são inclinados a falar bem dos filhos, mesmo que eles mais mal lhes paguem, como diz o fado. Quem escreve a biografia própria omite muita coisa. Omite os defeitos ou os suaviza. Engrandece as qualidades, as existentes e as que inventa e que não existem. Esquece os vícios ainda que não os sinta no momento. Entra com a fantasia nas bondades do carácter. Inventa complementos ilustres para situações delicadas.
Prefiro escrever histórias da minha história, entremeadas ou não de comentários mais ou menos filosóficos e de pensamentos sobre as notícias. E no mesmo estilo com que escrevo os meus livros.
Sem comentários:
Enviar um comentário