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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

*    Seria?

      O desconhecido parecia hesitar, depois de me ver.  Puxou a aba do chapéu encobrindo-lhe o olhar e caminhou bem erguido, de passo decidido, demonstrando um propósito firme, sem olhar para as montras nem se importunar com os encontrões ocasionais dos caminhantes que consigo cruzavam. De súbito estacou durante alguns segundos como se estivesse lembrando uma obrigação remota ou um facto importante. Abriu a carteira que sobraçava, retirou um papel grande, azul , amarrotado.e olhou para o relógio de pulso. Ainda parado. alisou o papel, guardou-o, deu meia volta e estugou o passo em sentido contrário, pesquisando com atenção os espaços à sua volta.
      No primeiro café que encontrou, sentou-se a uma das mesas da esplanada, pediu uma bebida e levantou-se abraçando uma rapariga alta, loura, esguia, que chegava.
     Seria aquela a rapariga que lhe posto na caixa do correio aquele misterioso bilhete?

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