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quarta-feira, 10 de março de 2010

             Quando celebramos o dia em que nascemos neste mundo ( e quando a família nos dá a surpresa de comemorar esse dia) há as manifestações de  amizade, contam-se histórias antigas ocorridas durante a vida do aniversariante, sentamos-nos a uma mesa mais ou menos farta, entregam-nos as  lembranças da praxe.
             Mas para lá de tudo isso, no dia em que faço anos, a minha memória sempre me traz outras lembranças por vezes pouco ligadas a qualquer dos presentes. Traz-me, o que detesto, projectos e realizações falhadas ; sonhos que não se concretizaram, o que me dá alguma nostalgia ; oportunidades que perdi, o que me faz sorrir. Mas recordações de dias felizes sempre se sobrepõem às anteriores. Não sei bem porquê as más aparecem primeiro e as boas fazem esquecer, nesses momentos, todas as outras.
             Uma médica russa há muitos anos vivendo nos Estados Unidos escreveu um livro interessantíssimo, onde refere que compôs um álbum fotográfico com retratos seus inseridos num álbum por ordem cronológica, partindo de fotos mais recentes e terminando nas mais antigas. Uma senhora siberiana, octogenária, de esplêndida saúde e aparentando metade da idade, que conheceu antes de emigrar para os Estados Unidos, explicou-lhe  que o que a fazia saudável era folhear  todos os dias, um álbum semelhante ao que a médica compôs.  
             Organizei um álbum semelhante e já não tenho dúvidas. Sinto-me muitíssimo melhor quando folheio o álbum, vendo primeiro as fotos de há poucos dias e terminando por uma foto da minha Mãe, comigo ao colo, tinha então três meses de vida.
             Talvez seja essa a explicação quando os meus pensamentos, nos dias dos meus anos,  terminam sempre com algum sorriso.

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