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sábado, 17 de dezembro de 2011

Classe média alta

As cortinas agitam-se deixando a espaços a luz límpida desta manhã de dezembro entrar pela sala adentro iluminando a poeira levantada pelo aspirador que a Amélia vai levando a todos os cantos.
A família reunira-se no dia anterior,num jantar ruidoso, numa mesa comprida onde, filhos e filhas, noras e genros, netos e netas, cumpriam a praxe de jantar nos sábados de cada semana em casa dos pais. Sentavam-se dezoito à mesa, duas vezes por mês arroz de pato, nas outras duas, cozido à portuguesa. Fruta da quinta, vinho do cooperativa e doces que, por força dos costumes, eram as surpresas que os filhos traziam.
O jantar, como sucedia quase sempre, terminara depois das onze, dos cafés, das anedotas mais recentes, das guerras com os netos mais novos para que caminhassem para o vale dos lençois.
Amélia, nos domingos sempre a primeira a levantar-se, na ausência da empregada doméstica,completava nessas manhãs a arrumação da sala,o seu orgulho era sempre recompensado pela boa disposição da família e ausência de reparos das filhas ou das noras, essas críticas femeninas que por vezes nem precisam de palavras - em particular as provindas das noras.
Eram costumes da então chamada classe média alta.

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