Que quantidade de heróis â minha volta!
Somos um nobre povo de grandes façanhas
Oiço os da minha idade relatarem as maravilhas
Do quefizeram, do que exploraram, do que conquistaram,
Enaltecendo, sem qualquer dose de vergonha,com sorrisos manhosos
As malandrices, as partidas, as trapaças
Que cometeram há muito tempo, sempre há muito tempo atrás
E por vezes só como acções de grandes mariolas.
Mas eu, aqui declaro,aqui o exponho e aqui o deixo
Bem afirmando a quem me lê, ou a quem me queira ouvir,
Que de feitos gloriosos tenho nada
E de malandrices, trapaças e partidas,
Que meti debaixo do tapete do meu passado,
Tenho muitas, algumas bem dificeis de confessar,
Muitas que as perdas da memória e dos sentidos
Me ajudam a esquecer sem eu querer.
Todavia, portque o nosso cérebro é resistente
Resistindo a um milhão de pancadas variadas durante a vida,
Tenho uma memória que não esquece facilmente
Alguns feitos do meu passado mais distante
Que nada me enaltecem ou me maravilham
Nada têm de glória ou de elogio,
Com frequência bem dificeis de confessar
E que nada mais são que lixo pouco facil de varrer.
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