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segunda-feira, 12 de abril de 2010

Filmes agradáveis e filmes incómodos

               - O filme é muito bom, é excepcional ! - diz-me  a Mari.
        Referia-se a dona Mari, minha esposa,  a um filme indiano "Água", que nos emprestaram e que nos apressámos a ver, na noite passada. O filme está bem feito e relata a vida quotidiana na Índia, em 1938. Uma bela história de amor, desafiando tradições instituídas há muito pelo sistema de castas que existia naquele país,submetido ainda à tirania inglesa. A primeira meia hora do filme, passa-se em tons escuros e ambientes de tristeza,  incidindo muito na situação das mulheres, em particular das que haviam sofrido a infelicidade de enviuvarem e que, salvo nos raríssimos casos em que a viúva tinha alguns bens, eram entregues, como trapos velhos sem utilidade, a  miseráveis albergues de viúvas.
        Embora avalie e descubra o mérito (se o têm ) deste tipo de filmes, não me agrada vê-los. Pelas tristeza dos ambientes sombrios, pela cores escuras, pela revolta que me provocam alguns costumes, tradições, "tabus" da época. Se vejo o final feliz que quase sempre acontece nos filmes indianos ou sobre a Índia, fico um pouco mais aliviado. Mas não sinto recompensação pelo desagrado e incómodo causado pelo drama que um filme relata durante uma hora ou mais, porque não consigo ver um filme com a frieza dum crítico que se habituou a não sentir emoções que lhe deformem e influenciem a qualidade da crítica.Como o cirurgião, que não deve sentir qualquer emoção quando serra, corta ou cose o paciente.
         Aquela primeira  meia hora do filme "Água" acabrunhou-me o suficiente para não continuar a vê-lo e para me decidir substitui-lo pela leitura dum livro sem grande valor literário mas que me distraíu e me ocupou o espírito duma forma mais agradável.
          Por vezes vejo um filme de acção, desses de tiros e bombas, de tipos ou tipas que vencem todos os inimigos, de carros, aviões, helicópteros, barcos, em perseguições movimentadíssimas. Não é o género de filmes e de histórias que mais aprecio, mas vejo-os porque me distraem quando necessito de distracção, de mudar de assunto. A grande diferença para os filmes que relatam os dramas da vida real presente ou passada, é que nos filmes de acção, os tais de tiros e bombas, eu sei que nada daquilo é real. E se é, como nas histórias da história, pouco me agradam ver as mortes, os  desastres , etc. Se há tanta história ,real ou fictícia, agradável de se ver e ainda por ver, sem hecatombes, sem torturas, sem violências, para quê ocuparmos o nosso tempo com as outras, para ficarmos tristes,revoltados, mal dispostos ? Prefiro ver nascer uma criança ou até um qualquer animal, o que provoca sempre sorrisos, que assistir à tortura dum homem ou duma mulher. Ou de uma planta, de um pássaro ou de um peixe. O que faz esquecer sempre a vontade de sorrir.
          
            
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