E quando entrava no corredor que dava para o quintal da minha avó, a caminho do nosso quintal, logo à entrada, à direita, eram os aposentos do cavalo, o "Palhaço", um cavalo enorme, branco, que me conhecia bem porque eu, por vezes lhe da dava um "papo-seco". (O nome que nesse tempo de dava a uma pequena carcaça, pouco maior que a minha mão). Depois, batia ao badalo e a Chachão, abria-me a porta puxando a corda estreita que vinha desde lá da casa da minha avó - ela já conhecia a minha forma de dar ao badalo. Percorria um corredor, passava pelos galinheiros, o grande, o das galinhas e dos galos, e o mais pequeno, o dos patos, peruas e perús. Depois dos galinheiros estava a casa da electricidade, em frente da porta para o nosso quintal.
(A casa da electricidade, assim se chamava, porque até poucos anos antes, aí por 1928, o meu avô tinha lá um motor que produzia electricidade).
Entrando no nosso quintal passava pela palmeira alta, da altura da varanda do nosso segundo andar, dessas palmeiras com pelos enormes pelo tronco acima.
(Um dia os meus irmãos Maria Luisa e José Manoel resoveram "fazer um jantarinho" junto à essa palmeira. Apanharam e juntaram uns gravetos, acenderam o lume e já não puderam apagar o fogo que ia ardendo os pelos da palmera, pela árvore acima. Gritaram para a cozinha, onde por acaso estava o Vicente, que quando ouviu contar o que sucedia, moreno despachado que era, pegou num grande balde que tínhamos, que levava mais de vinte litros, correu pela escada acima e da varanda do segundo andar despejou a água de dois ou tres baldes pela palmeira abaixo. Eu, que contemplava em baixo, abissmado, o incêndio, ainda apanhei um duche.)
Depois do "parque da palmeira" como o meu Pai chamava àquele pequeno quintal, eu seguia por um tunel (que terminava numa porta para a "Travessa do Capote") e virava à direita, subindo uns dez degraus e entrava na cozinha da nossa casa.
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