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domingo, 11 de setembro de 2011

Quando entrava na minha casa pela porta da frente,subia as escadas íngremes com uma meia volta a meio e chegava ao primeiro andar. Olhava para o bengaleiro para ver se lá estava o chapeu do meu pai.
Aquele bengaleiro era uma peça antiga, em madeira de mogno,com um feixe de oito bengalss, quatro viravam-se para fora, à altura da minha cintura, onde ficavam pendurados os chapeus de senhora, e outras quatro que se dobravam mais acima, em frente dos meus olhos, destinados aos chapeus de homem.
A minha Mãe,que não se importava com o lugar dos chapeus, ora colocava em cima o que trazia, ora o pendurava em baixo.
E o meu pai, aos domingos - que era o dia em que as senhoras sempre usavam chapeu para ir à missa ou "fazer uma visita"- muitas vezes, quando encontrava o chapeu da minha Mãe no alto do bengaleiro, muitas vezes chamava-nos "meninos venham cá ver o chapeu que eu comprei, eu e os meus irmãos saíamoa da sala do leão e deparavamos com o nosso Pai envergando, sorridente, o chapeu e o veu que quase sempre a minha Mãe usava.
(Chamávamos àquela sala a "sala do leão" porque tinha um tapete que era a pele completa dum leão que o meu irmão matou em Moçambique, com buraco da bala assassina e cabeça ameaçadora).

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