Porque
é que eu não estou vivendo no futuro. sem ter de passar pelo
intermédio e voltando ao presente quando o sol me atinge com um dos
seus raios particulares do
presente?
Que isto é loucura do jovem que deixei lá
para traz, para
vir agora para aqui, que
isto é parvoíce senil - deixei-me cá
ficar
no presente,
vim parar aqui em dois mil e dezaseis,
nem vos conto o que encontrei de diferente. Nem sei como aprendi a
trabaque isto é parvoíce senil - deixei-me cá
ficar
no presente,
vim parar aqui em dois mil e dezaseis,
nem vos conto o que encontrei de diferente. Nem sei como aprendi a
trabalhar com esta maquineta, a escrever sem olhar para as teclas, a
não reconhecer a minha cara no espelho da casa de banho, a
por fim saber abrire
uma porta e mais tarde, aprender a dar com a porta na cara dum
contribuinte,
não goste dos que me encontram para conversar sobre os meus
anátemas. Há cinquenta anos a esperança de vida pouco mais em
concedia que mais catorze
E o que encontrarei quando saltar na
vida
mais cincoenta anos logo que um daqueles raios de novo me atinja? Não
sejam maus e comecem para aí a dizer que não estarei vivo, a
ciência da longevidade caminha a passos de gigante, para mim e para
todos vós, a
minha esperança é perene, dá
sempre mais vida a quem a tem.
O
calendário, inventado há muitos séculos suponho que pelos
egípcios, é um artigo infeliz : serve mais para anunciar qualquer
coisa que não precisamos que para nos avisar dos tempos futuros,
passados e presentes. Em
geral composto sem dar importância ao tempo mas, na maior parte dele
ocupado, na parte principal
da sua superfície, com propaganda de produtos baratíssimos e que
custam, apesar de quase sempre inúteis,
os olhos da minha cara e de todas as caras de toda a minha família.Tudo isto porque dei uma salto no calendário, com isto quero dizer que passei muitas páginas da vida procurando entrar e acertar numa do futuro. É muito fácil, para quem sabe, parece impossível para quem pensa que está agarrado ao presente, que é assunto inexistente, não necessitamos pensar muito para saber porquê. Não falo em acertar no sentido de movimentar os ponteiros dum relógio mas sim de retirar do incerto aquilo que nos parece o seu contrário – nem sempre acertando.
É
muito mais fácil retirar uma página da vida, que um parágrafo a
uma carta de amor mesmo uma das mais valiosas, uma
das
ridículas, plagiando aqui a ideia de F.Pessoa, autor a quem deveriam
ter encomendado uma ”Arte de pensar” não semelhante
àquela
à venda como manual de filosofia do décimo primeiro ano, que
apresenta joias de
cultura
desta natureza:
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