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sábado, 22 de outubro de 2016

Dei um salto no calendário
Porque é que eu não estou vivendo no futuro. sem ter de passar pelo intermédio e voltando ao presente quando o sol me atinge com um dos seus raios particulares do presente? Que isto é loucura do jovem que deixei lá para traz, para vir agora para aqui, que isto é parvoíce senil - deixei-me cá ficar no presente, vim parar aqui em dois mil e dezaseis, nem vos conto o que encontrei de diferente. Nem sei como aprendi a trabaque isto é parvoíce senil - deixei-me cá ficar no presente, vim parar aqui em dois mil e dezaseis, nem vos conto o que encontrei de diferente. Nem sei como aprendi a trabalhar com esta maquineta, a escrever sem olhar para as teclas, a não reconhecer a minha cara no espelho da casa de banho, a por fim saber abrire uma porta e mais tarde, aprender a dar com a porta na cara dum contribuinte, não goste dos que me encontram para conversar sobre os meus anátemas. Há cinquenta anos a esperança de vida pouco mais em concedia que mais catorze E o que encontrarei quando saltar na vida mais cincoenta anos logo que um daqueles raios de novo me atinja? Não sejam maus e comecem para aí a dizer que não estarei vivo, a ciência da longevidade caminha a passos de gigante, para mim e para todos vós, a minha esperança é perene, dá sempre mais vida a quem a tem.
O calendário, inventado há muitos séculos suponho que pelos egípcios, é um artigo infeliz : serve mais para anunciar qualquer coisa que não precisamos que para nos avisar dos tempos futuros, passados e presentes. Em geral composto sem dar importância ao tempo mas, na maior parte dele ocupado, na parte principal da sua superfície, com propaganda de produtos baratíssimos e que custam, apesar de quase sempre inúteis, os olhos da minha cara e de todas as caras de toda a minha família.
Tudo isto porque dei uma salto no calendário, com isto quero dizer que passei muitas páginas da vida procurando entrar e acertar numa do futuro. É muito fácil, para quem sabe, parece impossível para quem pensa que está agarrado ao presente, que é assunto inexistente, não necessitamos pensar muito para saber porquê. Não falo em acertar no sentido de movimentar os ponteiros dum relógio mas sim de retirar do incerto aquilo que nos parece o seu contrário – nem sempre acertando.

É muito mais fácil retirar uma página da vida, que um parágrafo a uma carta de amor mesmo uma das mais valiosas, uma das ridículas, plagiando aqui a ideia de F.Pessoa, autor a quem deveriam ter encomendado uma ”Arte de pensar” não semelhante àquela à venda como manual de filosofia do décimo primeiro ano, que apresenta joias de cultura desta natureza:
 









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