O tempo
Para
Aristóteles no tempo poderiam ser distinguidas três partes, duas
extremas e uma central: passado, presente e futuro; qualquer das
partes com duração desconhecida. E, em seu entender, o tempo seria
uma entidade potencial, cada instante podendo-se traduzir em acção,
num acto. Dizia “ o tempo não é, porque ele será, ou já foi”.
Para cada
um de nós o tempo passado e o tempo futuro, é permanentemente
acrescentado e interrompido pelos agoras, pelos infinitos agoras que
juntos nos vão fornecendo os tempos futuros e os tempos passados.
Quando
dois indivíduos se encontram podem dizer: agora vamos ali. Mas, se
estão separados, não poderão dizer o mesmo, como verdade. O
simples facto de que o som dessa palavra tarda uns segundos a chegar
aos ouvidos do outro, invalida a possibilidade de terem dito a
palavra no mesmo momento.
Outra
particularidade interessante do tempo é a sua volubilidade e
inconstância.
Mais que na
meteorologia – esse tempo prevê-se hoje com razoável grau de
acerto -, o tempo genérico percepcionamo-lo de forma muito diversa,
muito de acordo com as circunstâncias. O tempo decorre, o tempo
passa para um estudante mais lento ou mais veloz durante as aulas,
durante um exame, durante um beijo. Um minuto em cima de uma chapa
fria chateia-nos, temos mais que fazer; um minuto em cima duma chapa
em brasa parece que nunca mais acaba.
E se nós não
existíssimos, haveria tempo, existiria o tempo?
No silêncio
Deus está no silêncio donde
viemos e naquele para onde todos iremos.
Mas não é assim tão simples o
que se passa ou o que se passou onde estávamos, quando viemos.
Porque é uma falácia tomar como verdade que viemos de qualquer
lugar determinado. E poderá ser uma pretensão vã dizer que não
viemos de qualquer ponto no espaço do passado.
A ausência de som é uma
definição do silêncio que nos parece incompleta. Porque depende
do estado do nosso aparelho auditivo que sem excepção, com a idade
perde qualidade, na avaliação da intensidade, da altura e do
timbre do som. Por perfeito que seja o exame, não se pode avaliar
por completo, como estão os nossos ouvidos. Os exames por
exaustivos que sejam não registam a percepção de variações
infinitesimais dos sons. Portanto não se pode estabelecer os
limites a partir dos quais deixamos de ouvir – ou ouvimos menos
bem ou ouvimos um pouco melhor.
Quando tiro os aparelhos que uso
para melhorar a audição, ouço pior, mas ainda ouço.
Só com um medidor de decibeis podemos
dizer que há silêncio. E, mesmo nesse caso, podemos dizer que pode
haver um som duma fracção dum decibel, fracção que o medidor não
regista.
Mas também nada sabemos sobre
para onde iremos quando abandonamos o universo que econtrámos
quando nascemos. Se ali há sons ou silêncio. Nem sabemos se é o
mesmo lugar, o mesmo espaço, o mesmo universo donde viemos.
Uma coisa é certa: tomamos
consciência dos sons depois que nascemos. A consciência depois que
nos finamos será a mesma? Duvido, porque dentro da consciência
universal é mais provável que exista um número infinito de
consciências diferentes. É um domínio de incógnitas das quais
apenas conhecemos uma e onde não temos qualquer possibilidade de
escolha.
Viémos de lá, para lá iremos,
o silêncio é um mistério tão grande como o da fé.
7 Sobre tudo
Não vou escrever sobre a teoria de tudo, da teoria
unificada ou unificadora expandida por cientistas do século passado
de Faraday a Einstein que começaram por unificar no tudo a teoria
da relatividade geral e o electromagnetismo. Não me envolvo em tais
campos porque a minha bagagem de física é muito pobre. Ainda que
procure mais tarde satisfazer a curiosidade nesses campos da ciência
não tenho intenção de chegar tão longe nesse estudo.
Interessa-me agora o resto desse tudo, aquilo que eu possa referir
respeitante ao tudo do espírito.
Na prática do nosso dia a dia pensamos e procedemos de
acordo com o que somos.
Mas não somos tudo, tudo não podemos ser. Não somos, o
nosso espírito não é uma peça solta duma máquina, peça que
actua como sobressalente ou que se coloca ali ou acolá, ou que
alguém dispôs numa prateleira aguardando outro dia. Mas como
sendo e fazendo parte dum todo universal, físico e espiritual, de
todos, a máquina universal.
Esse tudo que antes do Big Bang era ou poderia ser pouco mais
que um ponto . O mistério tem sido, para muitos, para sábios e
para leigos, quem fez explodir ou implodir esse ponto .E daí
partindo para outros mistérios, fora da nossa dimensão do
conhecimento e da natureza. Não estou falando de resignação, mas
da profunda convicção da nossa origem, da origem de tudo o que nos
rodeia, de tudo o que conhecemos - e de tudo o resto do tudo que
desconhecemos.
Pensamos e procedemos segundo o que sentimos. Intimamente ligados a tudo o que acumulamos num todo donde deriva tudo o que sentimos, tudo o que resulta, segundo a segundo, no nosso procedimento, nas nossas reacções, nas nossas decisões.
Pensamos e procedemos segundo o que sentimos. Intimamente ligados a tudo o que acumulamos num todo donde deriva tudo o que sentimos, tudo o que resulta, segundo a segundo, no nosso procedimento, nas nossas reacções, nas nossas decisões.
Acrescentamos momento a momento e na memória,
pormenores com maior ou menor influência no espírito,
modificando este de forma contínua, melhorando ou prejudicando-o
mas sempre alterando, ainda que de maneira indelével, as decisões
que tomamos daí em diante.
E esse tudo contido no espírito conserva-se sempre
disposto aceitar variantes guardando-as na balança da inteligência,
bem classificadas e atento a qualquer solicitação da memória
E continuamos sem saber tudo.Nem ter a pretensão, a
desfaçatez de conhecer tudo.
Ainda bem.
8 Sobre Deus
Ainda
desconhecemos quais as razões porque a Santa Sé não publica o que
tem guardado, oculto, fechado a sete chaves. sobre a vida de Cristo
entre os seus dezasseis e trinta e cinco anos de idade - sabe-se que
nesse período, andou pelo Nepal, pela India, que visitou os
monges lamas. E que, quando regressou a Israel, começou a pregar.
Não se referia ao deus da bíblia, criado nos séculos posteriores
pelos autores da mesma bíblia. Mas referiu-se sempre ao Deus
universal, ao Deus de todas as coisas, aqui na Terra e nos milhões
de galáxias de todo o universo. Nunca se referiu a um deus
vingativo, cruel, implacável, como o da bíblia. Cristo sempre
disse, segundo creio, que Deus está em tudo <<<,o que
existe, portanto é tudo o que existe no universo. Fazemos parte
dele, sejamos bons ou maus na avaliação que outros façam de
nós.
Por mim, sinto que existe algo muito distinto de qualquer coisa, pessoa ou animal,algo que nos rodeia. Sinto-o nas belezas que a Natureza nos concede, nos meus anseios, nos meus pressentimentos.
Sinto-o num sentimento que nunca me abandona em todos os momentos, suavizando-me os maus, acalmando-me, os bons. E que respeita toda a vida que me rodeia. Tudo o o que podemos sentir e perceber . Não sabemos se existem outras formas de vida, outra entidade diferente no tempo e que as regule, como o tempo regula a nossa.
Por mim, sinto que existe algo muito distinto de qualquer coisa, pessoa ou animal,algo que nos rodeia. Sinto-o nas belezas que a Natureza nos concede, nos meus anseios, nos meus pressentimentos.
Sinto-o num sentimento que nunca me abandona em todos os momentos, suavizando-me os maus, acalmando-me, os bons. E que respeita toda a vida que me rodeia. Tudo o o que podemos sentir e perceber . Não sabemos se existem outras formas de vida, outra entidade diferente no tempo e que as regule, como o tempo regula a nossa.
A humanidade mais antiga, na
pré-história, começou por adorar o fôgo.
Ainda na pré-história parece
que a mulher foi adorada como deusa mãe, deixaram-nos algumas
estatuetas de mulher a que chamavam venus.
Mais tarde veio a adoração do
Sol e a adoração de deuses simbolizados em figuras humanas. E só
no poucos séculos antes de Cristo, começou a adoração de Deus,
como criador de todas as coisas, de todas as vidas, do universo em
que estamos, onde surgimos sem conhecermos a nossa situação
antecedente, sem desvendarmos a força universal que determina os
nossos destinos e os destinos de todos os seres vivos na face da
Terra ou possivelmente sobre outros planetas nesta ou noutra
dimensão, se é que existem outras dimensões.
Deus. O nosso Deus criador, de
dimensão infinita, é-nos inantigivel, invisível e imperceptível.
Uma bactéria, uma alga, uma formiga não nos veem, não se
apercebem da nossa existência. Se tocamos com um dedo numa formiga,
sem a matar, a sua reacção é semelhante à nossa quando uma pedra
roça por nós, quando o vento sopra sobre nós: desviamo-nos ou
continuamos, impávidos, a percorrer o nosso caminho.
Um cientista israelita,
consultado sobre a existência de Deus, respondeu que Deus não
existe, que não acreditava que Deus existe. O simples facto de ele
ali estar, a pensar e a responder sobre Deus foi sintomático,
provou-me a existência de Deus.
9 Intenções
Vou abrindo a alma com a chave
da dúvida e libertando-a das grilhetas do pensamento.
Esta frase minha ainda que
incluindo algumas metáforas, também representa uma intenção, um
propósito, uma aplicação da atenção . E por mais que se
especule, falando de intenções, aparece sempre o aforismo “de
boas intenções está o inferno cheio”. Que também não é
justo, em muitas situações. Se a palavra tem o propósito de
exprimir dolo, ou intenção de matar, deveremos acompanhá-la
doutra que complete o juizo. Neste caso, o da intenção de matar, a
expressão latina “animus necandi”, exprime bem essa intenção.
Qualquer intenção pode ser o
resultado da vontade. Porém quando é um desejo escondido diz-se
que existe uma segunda intenção, segundas intenções ou uma
intenção reservada. E usa-se a expressão ”faço tenção”
para confirmar uma intenção reservada.
Para reforçar e valorizar um
desejo, anunciar boa fé, bom desígnio ou conselho de sossego,
emprega-se a expressão ”com as melhores intenções”.
Servimo-nos desse recurso íntimo
para realizar o que planeámos e nada fazemos de concreto se não
completamos as intenções com actos.
Qualquer intenção reservada
está guardada em banho maria. Porém, o tempo perturba quase sempre
as intenções, umas vezes fazendo esquecer as boas, outras vezes
suavizando as más.
Também há intenções
independentes da vontade. Quase sempre expressa por actos
institivos, reacções sem controle, intempestivas, perante
situações ou agressões inesperadas.
10 Se a idade perturba ou mais uma amenidade
Se a idade bem perturba
Quem de pouco se amofina
Vou dar uma grande curva
Deitar águas na sentina
Quem de pouco se amofina
Vou dar uma grande curva
Deitar águas na sentina
Se a idade bem
perturba
Transforma
fortes em fracos
Ñão é coisa
que me iluda
Sei sempre
juntar os cacos
Quem de pouco
se amofina
De trabalhos
não se livra
Não é em
qualquer cantina
Que como uma
boa corvina
Vou dar uma
grande curva
Nunca irei em
linha recta
O vinho que
está na cuba
Faz de mim
grande profeta
Deitar águas na semtina
É sempre uma obrigação
Essa é constante sina
Após boa evacuaçãoi
Deitar águas na semtina
É sempre uma obrigação
Essa é constante sina
Após boa evacuaçãoi
Sem comentários:
Enviar um comentário