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terça-feira, 25 de outubro de 2016

O tempo


O tempo

Para Aristóteles no tempo poderiam ser distinguidas três partes, duas extremas e uma central: passado, presente e futuro; qualquer das partes com duração desconhecida. E, em seu entender, o tempo seria uma entidade potencial, cada instante podendo-se traduzir em acção, num acto. Dizia “ o tempo não é, porque ele será, ou já foi”.

Para cada um de nós o tempo passado e o tempo futuro, é permanentemente acrescentado e interrompido pelos agoras, pelos infinitos agoras que juntos nos vão fornecendo os tempos futuros e os tempos passados.

Quando dois indivíduos se encontram podem dizer: agora vamos ali. Mas, se estão separados, não poderão dizer o mesmo, como verdade. O simples facto de que o som dessa palavra tarda uns segundos a chegar aos ouvidos do outro, invalida a possibilidade de terem dito a palavra no mesmo momento.

Outra particularidade interessante do tempo é a sua volubilidade e inconstância.

Mais que na meteorologia – esse tempo prevê-se hoje com razoável grau de acerto -, o tempo genérico percepcionamo-lo de forma muito diversa, muito de acordo com as circunstâncias. O tempo decorre, o tempo passa para um estudante mais lento ou mais veloz durante as aulas, durante um exame, durante um beijo. Um minuto em cima de uma chapa fria chateia-nos, temos mais que fazer; um minuto em cima duma chapa em brasa parece que nunca mais acaba.

E se nós não existíssimos, haveria tempo, existiria o tempo?

No silêncio

Deus está no silêncio donde viemos e naquele para onde todos iremos.
Mas não é assim tão simples o que se passa ou o que se passou onde estávamos, quando viemos. Porque é uma falácia tomar como verdade que viemos de qualquer lugar determinado. E poderá ser uma pretensão vã dizer que não viemos de qualquer ponto no espaço do passado.
A ausência de som é uma definição do silêncio que nos parece incompleta. Porque depende do estado do nosso aparelho auditivo que sem excepção, com a idade perde qualidade, na avaliação da intensidade, da altura e do timbre do som. Por perfeito que seja o exame, não se pode avaliar por completo, como estão os nossos ouvidos. Os exames por exaustivos que sejam não registam a percepção de variações infinitesimais dos sons. Portanto não se pode estabelecer os limites a partir dos quais deixamos de ouvir – ou ouvimos menos bem ou ouvimos um pouco melhor.
Quando tiro os aparelhos que uso para melhorar a audição, ouço pior, mas ainda ouço.
Só com um medidor de decibeis podemos dizer que há silêncio. E, mesmo nesse caso, podemos dizer que pode haver um som duma fracção dum decibel, fracção que o medidor não regista.
Mas também nada sabemos sobre para onde iremos quando abandonamos o universo que econtrámos quando nascemos. Se ali há sons ou silêncio. Nem sabemos se é o mesmo lugar, o mesmo espaço, o mesmo universo donde viemos.
Uma coisa é certa: tomamos consciência dos sons depois que nascemos. A consciência depois que nos finamos será a mesma? Duvido, porque dentro da consciência universal é mais provável que exista um número infinito de consciências diferentes. É um domínio de incógnitas das quais apenas conhecemos uma e onde não temos qualquer possibilidade de escolha.
Viémos de lá, para lá iremos, o silêncio é um mistério tão grande como o da fé.











7 Sobre tudo


  Não vou escrever sobre a teoria de tudo, da teoria unificada ou unificadora expandida por cientistas do século passado de Faraday a Einstein que começaram por unificar no tudo a teoria da relatividade geral e o electromagnetismo. Não me envolvo em tais campos porque a minha bagagem de física é muito pobre. Ainda que procure mais tarde satisfazer a curiosidade nesses campos da ciência não tenho intenção de chegar tão longe nesse estudo. Interessa-me agora o resto desse tudo, aquilo que eu possa referir respeitante ao tudo do espírito.
Na prática do nosso dia a dia pensamos e procedemos de acordo com o que somos.
Mas não somos tudo, tudo não podemos ser. Não somos, o nosso espírito não é uma peça solta duma máquina, peça que actua como sobressalente ou que se coloca ali ou acolá, ou que alguém dispôs numa prateleira aguardando outro dia. Mas como sendo e fazendo parte dum todo universal, físico e espiritual, de todos, a máquina universal.
Esse tudo que antes do Big Bang era ou poderia ser pouco mais que um ponto . O mistério tem sido, para muitos, para sábios e para leigos, quem fez explodir ou implodir esse ponto .E daí partindo para outros mistérios, fora da nossa dimensão do conhecimento e da natureza. Não estou falando de resignação, mas da profunda convicção da nossa origem, da origem de tudo o que nos rodeia, de tudo o que conhecemos - e de tudo o resto do tudo que desconhecemos.
       Pensamos e procedemos segundo o que sentimos. Intimamente ligados a tudo o que acumulamos num todo donde deriva tudo o que sentimos, tudo o que resulta, segundo a segundo, no nosso procedimento, nas nossas reacções, nas nossas decisões.
Acrescentamos momento a momento e na memória, pormenores  com maior ou menor influência no espírito, modificando este de forma contínua, melhorando ou prejudicando-o mas sempre alterando, ainda que de maneira indelével, as decisões que tomamos daí em diante.
E esse tudo contido no espírito conserva-se sempre disposto aceitar variantes guardando-as na balança da inteligência, bem classificadas e atento a qualquer solicitação da memória
E continuamos sem saber tudo.Nem ter a pretensão, a desfaçatez de conhecer tudo.
Ainda bem.













8 Sobre Deus


     Ainda desconhecemos quais as razões porque a Santa Sé não publica o que tem guardado, oculto, fechado a sete chaves. sobre a vida de Cristo entre os seus dezasseis e trinta e cinco anos de idade - sabe-se que nesse período, andou pelo Nepal, pela India, que visitou os monges lamas. E que, quando regressou a Israel, começou a pregar. Não se referia ao deus da bíblia, criado nos séculos posteriores pelos autores da mesma bíblia. Mas referiu-se sempre ao Deus universal, ao Deus de todas as coisas, aqui na Terra e nos milhões de galáxias de todo o universo. Nunca se referiu a um deus vingativo, cruel, implacável, como o da bíblia. Cristo sempre disse, segundo creio, que Deus está em tudo <<<,o que existe, portanto é tudo o que existe no universo. Fazemos parte dele, sejamos bons ou maus na avaliação que outros façam de nós.
      Por mim, sinto que existe algo muito distinto de qualquer coisa, pessoa ou animal,algo que nos rodeia. Sinto-o nas belezas que a Natureza nos concede, nos meus anseios, nos meus pressentimentos.
      Sinto-o num sentimento que nunca me abandona em todos os momentos, suavizando-me os maus, acalmando-me, os bons.  E que respeita toda a vida que me rodeia. Tudo o o que podemos sentir e perceber . Não sabemos se existem outras formas de vida, outra entidade diferente no tempo e que as regule, como o tempo regula a nossa.
A humanidade mais antiga, na pré-história, começou por adorar o fôgo.
Ainda na pré-história parece que a mulher foi adorada como deusa mãe, deixaram-nos algumas estatuetas de mulher a que chamavam venus.
Mais tarde veio a adoração do Sol e a adoração de deuses simbolizados em figuras humanas. E só no poucos séculos antes de Cristo, começou a adoração de Deus, como criador de todas as coisas, de todas as vidas, do universo em que estamos, onde surgimos sem conhecermos a nossa situação antecedente, sem desvendarmos a força universal que determina os nossos destinos e os destinos de todos os seres vivos na face da Terra ou possivelmente sobre outros planetas nesta ou noutra dimensão, se é que existem outras dimensões.
Deus. O nosso Deus criador, de dimensão infinita, é-nos inantigivel, invisível e imperceptível. Uma bactéria, uma alga, uma formiga não nos veem, não se apercebem da nossa existência. Se tocamos com um dedo numa formiga, sem a matar, a sua reacção é semelhante à nossa quando uma pedra roça por nós, quando o vento sopra sobre nós: desviamo-nos ou continuamos, impávidos, a percorrer o nosso caminho.
Um cientista israelita, consultado sobre a existência de Deus, respondeu que Deus não existe, que não acreditava que Deus existe. O simples facto de ele ali estar, a pensar e a responder sobre Deus foi sintomático, provou-me a existência de Deus.







9 Intenções


Vou abrindo a alma com a chave da dúvida e libertando-a das grilhetas do pensamento.
Esta frase minha ainda que incluindo algumas metáforas, também representa uma intenção, um propósito, uma aplicação da atenção . E por mais que se especule, falando de intenções, aparece sempre o aforismo “de boas intenções está o inferno cheio”. Que também não é justo, em muitas situações. Se a palavra tem o propósito de exprimir dolo, ou intenção de matar, deveremos acompanhá-la doutra que complete o juizo. Neste caso, o da intenção de matar, a expressão latina “animus necandi”, exprime bem essa intenção.
Qualquer intenção pode ser o resultado da vontade. Porém quando é um desejo escondido diz-se que existe uma segunda intenção, segundas intenções ou uma intenção reservada. E usa-se a expressão ”faço tenção” para confirmar uma intenção reservada.
Para reforçar e valorizar um desejo, anunciar boa fé, bom desígnio ou conselho de sossego, emprega-se a expressão ”com as melhores intenções”.
Servimo-nos desse recurso íntimo para realizar o que planeámos e nada fazemos de concreto se não completamos as intenções com actos.
Qualquer intenção reservada está guardada em banho maria. Porém, o tempo perturba quase sempre as intenções, umas vezes fazendo esquecer as boas, outras vezes suavizando as más.
Também há intenções independentes da vontade. Quase sempre expressa por actos institivos, reacções sem controle, intempestivas, perante situações ou agressões inesperadas.


















10 Se a idade perturba ou mais uma amenidade



Se a idade bem perturba
Quem de pouco se amofina
Vou dar uma grande curva
Deitar águas na sentina



Se a idade bem perturba

Transforma fortes em fracos

Ñão é coisa que me iluda

Sei sempre juntar os cacos




Quem de pouco se amofina

De trabalhos não se livra

Não é em qualquer cantina

Que como uma boa corvina




Vou dar uma grande curva

Nunca irei em linha recta

O vinho que está na cuba

Faz de mim grande profeta



Deitar águas na semtina

É sempre uma obrigação

Essa é constante sina

Após boa evacuaçãoi 



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