comentários, poemas, situações e circunstâncias da vida, escrtos e da autoria do que escreve neste blog
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terça-feira, 31 de março de 2015
Nova revisão dum novo livro
Estou revendo outro livro, o meu terceiro. Para efectuar a revisão dum livro, de nossa autoria. o mais difícil é sermos imparciais, críticos e modestos. Imparciais , por admitirmos que um livro sempre está incompleto, crítico para reconhecermos as fraquezas da obra, modestos para verificarmos com isenção, as falhas. Por isso ´tem de ser um trabalho árduo, sem proveito especial mas obrigatório. e sempre admitindo que falta muito para ser completo..
segunda-feira, 30 de março de 2015
O dia em que eu saí do colégio
Foi em 15 de Julho de 1944.
O meu Pai morrera um ano antes, no dia em que eu cheguei à casa dos meus pais com a boa nova de que tinha feito os exames do sexto ano( correspondente ao décimo de hoje, no liceu) e aprovado. E quando saí do colégio, acabado o sétimo ano, ao tomar o eléctrico para me dirigir à estação do Cais do Sodré afim de regressar a Portimão, lembrei-me do dia em que entrara no colégio, perturbado, desconfiado, temeroso, levado pelo meu Pai , sete anos antes, ao mesmo tempo que sentia um alívio imenso: tinha acabado a prisão que para mim o colégio sempre significou, tinha acabado o toque de caixa, as formaturas, marcar passo por tudo e por nada, marcar passo antes de ir para qualquer sitio, ao chegar a qualquer sítio, ver-me livre daquele idiota do capitão Casais, aspirar a liberdade, tomar banho todos os dias.(no colégio tínhamos banho duas vezes por semana) - e para o balneário também seguíamos a marchar. Perdoem-me, é um desabafo, que me agrada e alivia.
Porém, há que dizê-lo, para mim, o grande valor do colégio e para quase todos os que o frequentaram, foi o da esplêndida formação que nos proporcionou no domínio da cultura geral e da base intelectual para tudo o que necessitávamos aprender, base nesse tempo, difícil de obter na maioria dos liceus.
Nesse dia, aliviado, comecei a apreciar Lisboa.
O meu Pai morrera um ano antes, no dia em que eu cheguei à casa dos meus pais com a boa nova de que tinha feito os exames do sexto ano( correspondente ao décimo de hoje, no liceu) e aprovado. E quando saí do colégio, acabado o sétimo ano, ao tomar o eléctrico para me dirigir à estação do Cais do Sodré afim de regressar a Portimão, lembrei-me do dia em que entrara no colégio, perturbado, desconfiado, temeroso, levado pelo meu Pai , sete anos antes, ao mesmo tempo que sentia um alívio imenso: tinha acabado a prisão que para mim o colégio sempre significou, tinha acabado o toque de caixa, as formaturas, marcar passo por tudo e por nada, marcar passo antes de ir para qualquer sitio, ao chegar a qualquer sítio, ver-me livre daquele idiota do capitão Casais, aspirar a liberdade, tomar banho todos os dias.(no colégio tínhamos banho duas vezes por semana) - e para o balneário também seguíamos a marchar. Perdoem-me, é um desabafo, que me agrada e alivia.
Porém, há que dizê-lo, para mim, o grande valor do colégio e para quase todos os que o frequentaram, foi o da esplêndida formação que nos proporcionou no domínio da cultura geral e da base intelectual para tudo o que necessitávamos aprender, base nesse tempo, difícil de obter na maioria dos liceus.
Nesse dia, aliviado, comecei a apreciar Lisboa.
O dia em que o meu Pai me entregou no colégio
Aos onze anos entrei para o Colégio Militar. O meu Pai levou-me a Lisboa, mostrou-me o caminho que depois sempre haveria de seguir quando regressasse de férias, andei pela primeira vez de carro eléctrico, pela primeira vez conheci o cheiro a gasóleo, do fumo que deitavam os táxis de Lisboa, pela primeira vez dormi num hotel, pela primeira vez, só com o meu Pai, comi um almoço num restaurante da baixa lisboeta. Restaurante conhecido pelo "farta brutos": por dez escudos, o custo de dez jornais, começavam por nos apresentar uma quantidade de tigelinhas com vários acepipes, que no cardápio do almoço figurava como "acepipes variados". Mais um prato de peixe, mais um de carne, fruta e doce. O Pai, bom garfo, comeu de tudo com abundância e incentivou-me a não deixar nada nos pratos servidos.
E depois do almoço levou-me ao colégio, apresentou-me ao oficial de serviço e ali me deixou. Espantado, secretamente um pouco magoado, mas resignado, que remédio. Mais tarde compreendi porque ali fiquei.
A vida no colégio, as nossas deslocações para as aulas, para o refeitório, para fora da "companhia militar" onde me inseriram, eram sempre feitas a toque de caixa, em marcha disciplinada e obrigatória, nascendo no meu consciente uma repulsa por tudo o que fosse tropa, sentimento que foi reforçado e constante, em particular após a primeira aula da infantaria, dada por um tenente de mentalidade nazi, que declarou, com ar ameaçador, que indivíduos muito morenos, como eu e outro colega, éramos seres inferiores. Regressados dum verão onde as nossas peles morenas com o sol das praias, tinham adquirido o tom da pele dum africano, naturalmente tostada, a inteligência daquele oficial não foi suficiente para uma avaliação mais correcta das nossas origens. E para imaginarem o caracter desse oficial, basta referir que, mais tarde, frequentando o curso para coronel, foi chumbado nesse curso e, não suportando o facto dum oficial ter sido reprovado, suicidou-se.
Mas o colégio deu-me uma esplêndida preparação intelectual que me permitiu obter, com pouco esforço, o diploma do curso superior de agronomia.,
E depois do almoço levou-me ao colégio, apresentou-me ao oficial de serviço e ali me deixou. Espantado, secretamente um pouco magoado, mas resignado, que remédio. Mais tarde compreendi porque ali fiquei.
A vida no colégio, as nossas deslocações para as aulas, para o refeitório, para fora da "companhia militar" onde me inseriram, eram sempre feitas a toque de caixa, em marcha disciplinada e obrigatória, nascendo no meu consciente uma repulsa por tudo o que fosse tropa, sentimento que foi reforçado e constante, em particular após a primeira aula da infantaria, dada por um tenente de mentalidade nazi, que declarou, com ar ameaçador, que indivíduos muito morenos, como eu e outro colega, éramos seres inferiores. Regressados dum verão onde as nossas peles morenas com o sol das praias, tinham adquirido o tom da pele dum africano, naturalmente tostada, a inteligência daquele oficial não foi suficiente para uma avaliação mais correcta das nossas origens. E para imaginarem o caracter desse oficial, basta referir que, mais tarde, frequentando o curso para coronel, foi chumbado nesse curso e, não suportando o facto dum oficial ter sido reprovado, suicidou-se.
Mas o colégio deu-me uma esplêndida preparação intelectual que me permitiu obter, com pouco esforço, o diploma do curso superior de agronomia.,
sábado, 28 de março de 2015
Valha-nos Deus
Não busco o tempo perdido
Nem me afogo no meu passado
Apenas busco algum sentido
Nos meus caminhos andados
Porque o tempo não se perde
Não se tira nem obedece
Não é branco nem sequer verde
Mas a todos sempre aparece
O tempo a muitos contempla
O tempo não tem maldade
Mas o tempo sempre lembra
E a todos traz saudade
Nem me afogo no meu passado
Apenas busco algum sentido
Nos meus caminhos andados
Porque o tempo não se perde
Não se tira nem obedece
Não é branco nem sequer verde
Mas a todos sempre aparece
O tempo a muitos contempla
O tempo não tem maldade
Mas o tempo sempre lembra
E a todos traz saudade
Casamento
Pelas regras da santa madre igreja, quando um cardeal celebra missa deve ser acompanhado pelos seus acólitos. O cardeal de Toledo e quatro clérigos celebraram o meu casamento numa igreja de Madrid, já desaparecida. Por isso estava afixado, na porta da "iglesia del buen suceso" en Madrd, desde Fevereiro de 1953 um anúncio, onde se lia: " A las seis de la tarde del dia veinte y ocho de Março del año 1953 se celebrará la boda de Maria de las Mercedes Carmen Valderrabano Quintana con Alberto Mendes Quadros..."
Foi ontem, no dia de hoje.
E quatro filhos, seis netos e cinco bisnetos, até hoje.
Foi ontem, no dia de hoje.
E quatro filhos, seis netos e cinco bisnetos, até hoje.
sexta-feira, 27 de março de 2015
As coisas importantes
Quantas coisas importantes
Sem importância nenhuma
Desde essas mais infamantes`
Que mais não são que espuma
Se todas as importantes
Não têm importância alguma
Deixaram de ser constantes
Como é inconstante a espuma
Sem importância nenhuma
Desde essas mais infamantes`
Que mais não são que espuma
Se todas as importantes
Não têm importância alguma
Deixaram de ser constantes
Como é inconstante a espuma
quarta-feira, 25 de março de 2015
Afinal vamos para outro
Não. Esse romance fica para sei lá quando. Vou pensar noutro, noutra história, noutro enredo. Mais alegre, se possível, mais profundo, se a tanto me ajudar "o engenho e arte", mais actual, se a memória me facultar o suficiente.
Vejamos: um sujeito de 28 anos, Fernando, uma situação difícil, enredo-o numa trama, encho a sua vida de preocupações, faço dele o alvo preferido de inúmeros acasos, povoo a história de alguns acidentes aparatosos, relato os factos enriquecendo-os de complementos de alegorias algo filosóficas, e doutros que encontre no inusitado, no inesperado. Uns salpicos de humor ligeiro, alguma ternura em certos diálogos e um final convincente e, se possível, espectacular.
Uma esposa atractiva qb, dois filhos e um mais a caminho, ultrapassando a media da natalidade de Portugal, assunto meritório e patriótico.
- Ora, ora, dirão, há milhentos romances com enredos semelhantes!
- Sim - responderei - mas o meu ainda não saíu.
Tenho a impressão que o livro será lido, mas ainda me parece pouco convincente.
Porque faltam umas duzentas e cinquenta páginas.
Vejamos: um sujeito de 28 anos, Fernando, uma situação difícil, enredo-o numa trama, encho a sua vida de preocupações, faço dele o alvo preferido de inúmeros acasos, povoo a história de alguns acidentes aparatosos, relato os factos enriquecendo-os de complementos de alegorias algo filosóficas, e doutros que encontre no inusitado, no inesperado. Uns salpicos de humor ligeiro, alguma ternura em certos diálogos e um final convincente e, se possível, espectacular.
Uma esposa atractiva qb, dois filhos e um mais a caminho, ultrapassando a media da natalidade de Portugal, assunto meritório e patriótico.
- Ora, ora, dirão, há milhentos romances com enredos semelhantes!
- Sim - responderei - mas o meu ainda não saíu.
Tenho a impressão que o livro será lido, mas ainda me parece pouco convincente.
Porque faltam umas duzentas e cinquenta páginas.
terça-feira, 24 de março de 2015
Para o meu outro romance
Não me canso de imaginar a personagem do romance que publicarei em 2016: filho dum camponês beirão, nascido nos anos setenta do século passado, quinteiro numa propriedade de mais de mil hectares de superfície, criando cinco filhos na casa modesta que o proprietário lhe destinou, trabalhos contínuos, pesados, durante todo o ano, na vinha, no olival, na horta. Fraca remuneração para ele e para a esposa, mal dando para os despesas do casal meeiro: de tudo o que produziam na horta, metade era entregue ao proprietário.
O filho mais velho, João Martins, no último ano do século dezanove, cumpriu o serviço militar obrigatório. Onde aprendeu a ler e escrever e vagas noções sobre a história de Portugal e colónias portuguesas. Sem profissão adquirida, a única perspectva de emprego seria na agricultura, Mas, pensando na vida dos seus pais, descartou essa hipótese. Um tio que vivia em Angola para onde havia sido deportado por condenação, trinta anos antes, cumprida a pena, explorava um comercio, no mato, a uns trinta quilómetros ao norte de Luanda. Nesse tio talvez encontrasse a solução do problema de ir para Angola. Escreveu-lhe.
Nesses tempos a ida para Angola quase que se limitava aos condenados à degradação. Lá chegados, se a pena era leve, poderiam trabalhar para quem os contratasse. Ou poderiam embrenhar-se no interior da colónia e iniciar-se no comércio de compra e venda com os indígenas ou ainda, conseguir uma concessão de terrenos. Para plantar sizal, café, actividade mais rara dada a fraca cotação de todos os produtos agrícolas.
Já temos o esqueleto e o personagem principal do romance.
O filho mais velho, João Martins, no último ano do século dezanove, cumpriu o serviço militar obrigatório. Onde aprendeu a ler e escrever e vagas noções sobre a história de Portugal e colónias portuguesas. Sem profissão adquirida, a única perspectva de emprego seria na agricultura, Mas, pensando na vida dos seus pais, descartou essa hipótese. Um tio que vivia em Angola para onde havia sido deportado por condenação, trinta anos antes, cumprida a pena, explorava um comercio, no mato, a uns trinta quilómetros ao norte de Luanda. Nesse tio talvez encontrasse a solução do problema de ir para Angola. Escreveu-lhe.
Nesses tempos a ida para Angola quase que se limitava aos condenados à degradação. Lá chegados, se a pena era leve, poderiam trabalhar para quem os contratasse. Ou poderiam embrenhar-se no interior da colónia e iniciar-se no comércio de compra e venda com os indígenas ou ainda, conseguir uma concessão de terrenos. Para plantar sizal, café, actividade mais rara dada a fraca cotação de todos os produtos agrícolas.
Já temos o esqueleto e o personagem principal do romance.
segunda-feira, 23 de março de 2015
O mau agógico, o mau, prolixo e retórico sentido das palavras
Que se passa com os jornalistas ? Têm algum contrato para inventarem, de forma permanente, discursos, respostas quando entrevistados, declarações às TVs. reportagens exigidas pelos chefes e que relatam apenas considerações agógicas, no mau sentido das palavras que escutam?
Um dia destes, quando a eminência do ridículo ainda não os atingiu, perante a notícia que o senhor primeiro ministro saiu de casa, após o pequeno almoço, para se dirigir ao ministério, no jornal da tarde poderá ler-se: o senhor ministro finalmente dirigiu-se de manhã para o ministério, no entanto não se privou de disfrutar dum rico pequeno almoço - e tanta gente com fome, tanta pobreza que grassa no país, temos governantes cuja insensibilidade roça as franjas do profundo desprezo que dedicam às classes mais desfavorecidas. É este o país onde vivemos, é esta a gente que o governa!
Assim tratam a "lana caprona", o que tem pouco interesse, do noticiário.
Um dia destes, quando a eminência do ridículo ainda não os atingiu, perante a notícia que o senhor primeiro ministro saiu de casa, após o pequeno almoço, para se dirigir ao ministério, no jornal da tarde poderá ler-se: o senhor ministro finalmente dirigiu-se de manhã para o ministério, no entanto não se privou de disfrutar dum rico pequeno almoço - e tanta gente com fome, tanta pobreza que grassa no país, temos governantes cuja insensibilidade roça as franjas do profundo desprezo que dedicam às classes mais desfavorecidas. É este o país onde vivemos, é esta a gente que o governa!
Assim tratam a "lana caprona", o que tem pouco interesse, do noticiário.
domingo, 22 de março de 2015
Essa minha adinamia
Pouco ou nada vencido por una adinamia que me deixasse prostrado, impedido de escrever a mensagem diária, bálsamo para qualquer frustração por mau resultado no torneio de xadrez, pela arrelia dum botão descosido, pela presunção de maldade que me assaltou naquilo que não tenho o descaramento de confessar, iniciei a agressão contra as teclas do computador, máquina que não cessa de me dar alegrias nos serviços que me presta, compensadas por arrelias que, ele bem mo demonstra, são quase sempre produto da minha incompetência preguiçosa defeito que me impede de estudar o seu livro de instruções e recomendações. Deveria sempre lembrar-me a teimosia e perseverança que os antigos escritores sofriam e tinham com os instrumentos de escrita, as canetas, as penas de pato, a tinta do tinteiro, os lápis, então à sua diosposição.
sábado, 21 de março de 2015
Temos
Temos uma vida que poucos sabem agradecer, o segredo desse agradecimento deve estar escondido na própria vida, não num alçapão que nada custa encontrar, é só levantar a tampa. Mas noutro cuja tampa invisível temos de descobrir. E o caminho dessa descoberta percorre-se com a ternura que entregamos aos nossos, com a compaixão que dedicamos a quem sofre, com a esmola que arrancamos e obtemos com sacrificio e que entregamos a quem necessita.
sexta-feira, 20 de março de 2015
Ainda sobre o mistério do tempo
A idade dum indivíduo é uma coisa curiosa, trata-se dum assunto delicado para muitos, que perturba a mente de outros, que altera o nodo de vida de tantos. Por mim, sem hipocrisia, estou convencido que não é um problema para ninguém. Senão vejamos:
1- Quando penso no tempo que passei até hoje, aqui na Terra - oitenta e oito anos e um
doze-avos, começo de imediato a fazer contas. Dormi durante quase trinta anos durante o tempo de vida, trabalhei durante mais ou menos outros trinta, ocupei-me em actividades agradáveis talvez durante uns dez, incluindo o ano de tempo que ocupei em escrever, outro ano a namorar, outro a amar, mais outro em actividades impróprias e indignas que já esqueci . Portanto resta-me concluir, neste ponto, que não tenho engendrado e utilizado maneira da aproveitar melhor o tempo de vida que me foi concedido e tirar algumas conclusões úteis para o meu tempo de vida futuro.
2 - O tempo não é problema para muitos - excepção para os que sofrem por dores, doença, pobreza muitos destes desejando que o seu tempo passe depressa e acabe - dado que muitos senão quase todos nem sentem o tempo passar. Alguns poderão desejar que o tempo passe vagaroso por eles, em geral por motivos ambiciosos e por vezes egoístas.
Os que me acompanham têm inteligência suficiente para me compreenderem, não necessito alongar-me mais.
3 - O tempo altera o modo de vida para muitos. Para melhor ou para pior. Porque tiveram formação deficiente, porque a pobreza e a doença os atingiram, porque o acaso transformou as suas vidas de forma favorável ou num sentido desagradável.
Eu estou convencido que nós é que fazemos o nosso tempo. E que o desfazemos.
Consegui e constato que o tempo para mim tem pouca importância. Talvez porque não o sinto, nem
o sinto passar. E encontro muito estranho o que oiço dizer com inusitada frequência: "quanto me custa passar o tempo, não há meio de sairmos deste tempo, não tenho tempo para nada, quem me dera ter tempo" e outras frases incompreensíveis e incompreendidas para mim. Penso que são ditas sem um juízo sereno do que dizem.
E acrescento: dou pouca importância ao tempo que me resta, considero muito importante o que deixei para trás. Principalmente pelo que a experiência me trouxe para melhor viver daqui para a frente.
Aquele primeiro "soufflé" que comi em Versailhes, em 1950 . A minha querida esposa uma vez por semana, agora, contempla-me à mesa, com um ainda melhor. Que importância tem o tempo que passou entre as duas datas?
Oxalá que todos os que me leem tirem algum partido do que escrevo.
1- Quando penso no tempo que passei até hoje, aqui na Terra - oitenta e oito anos e um
doze-avos, começo de imediato a fazer contas. Dormi durante quase trinta anos durante o tempo de vida, trabalhei durante mais ou menos outros trinta, ocupei-me em actividades agradáveis talvez durante uns dez, incluindo o ano de tempo que ocupei em escrever, outro ano a namorar, outro a amar, mais outro em actividades impróprias e indignas que já esqueci . Portanto resta-me concluir, neste ponto, que não tenho engendrado e utilizado maneira da aproveitar melhor o tempo de vida que me foi concedido e tirar algumas conclusões úteis para o meu tempo de vida futuro.
2 - O tempo não é problema para muitos - excepção para os que sofrem por dores, doença, pobreza muitos destes desejando que o seu tempo passe depressa e acabe - dado que muitos senão quase todos nem sentem o tempo passar. Alguns poderão desejar que o tempo passe vagaroso por eles, em geral por motivos ambiciosos e por vezes egoístas.
Os que me acompanham têm inteligência suficiente para me compreenderem, não necessito alongar-me mais.
3 - O tempo altera o modo de vida para muitos. Para melhor ou para pior. Porque tiveram formação deficiente, porque a pobreza e a doença os atingiram, porque o acaso transformou as suas vidas de forma favorável ou num sentido desagradável.
Eu estou convencido que nós é que fazemos o nosso tempo. E que o desfazemos.
Consegui e constato que o tempo para mim tem pouca importância. Talvez porque não o sinto, nem
o sinto passar. E encontro muito estranho o que oiço dizer com inusitada frequência: "quanto me custa passar o tempo, não há meio de sairmos deste tempo, não tenho tempo para nada, quem me dera ter tempo" e outras frases incompreensíveis e incompreendidas para mim. Penso que são ditas sem um juízo sereno do que dizem.
E acrescento: dou pouca importância ao tempo que me resta, considero muito importante o que deixei para trás. Principalmente pelo que a experiência me trouxe para melhor viver daqui para a frente.
Aquele primeiro "soufflé" que comi em Versailhes, em 1950 . A minha querida esposa uma vez por semana, agora, contempla-me à mesa, com um ainda melhor. Que importância tem o tempo que passou entre as duas datas?
Oxalá que todos os que me leem tirem algum partido do que escrevo.
quinta-feira, 19 de março de 2015
A vela disse-me hoje
Uma chama que te atinge, queima-te. O ouro que te atrai, derrete-te a razão.
Quanto mais ouro possuis, mais te derrete a razão.
A ambição é boa se não ´chega a ser vício.
A bondade consegue-se pela prática.A maldade também. E ambas não sente o que as pratica.
Quanto mais ouro possuis, mais te derrete a razão.
A ambição é boa se não ´chega a ser vício.
A bondade consegue-se pela prática.A maldade também. E ambas não sente o que as pratica.
quarta-feira, 18 de março de 2015
Quem nos comanda
Sou eu que comando os meus neurónios ou são eles que me comandam( além do comando supremo do nosso Criador)? Gostaria de saber a opinião dum neurologista, fora da definição e da teoria clássica. Esta diz-nos que qualquer acto é um produto do sistema nervoso central. Mas também nos diz que esse sistema tem como base uma estrutura de neurónios. Ainda li, não sei onde que acima de tudo está a vontade, produto da mente. E esta, numa definição das mais rasteiras, é a nossa consciência. Parecem-me todas dentro dum ciclo vicioso. Para haver consciência não são necessários os neurónios? E, portanto a vontade está igualmente ligada aos neurónios, não? Dessa forma estamos comandados por estes, sim ou não?
Aguardo que algum distinto neurologista se abespinhe com a minha ignorância e me elucide. Ou que a Paloma Quadros, estudiosa e muito interessada nesses assumtos, me esclareça.
Aguardo que algum distinto neurologista se abespinhe com a minha ignorância e me elucide. Ou que a Paloma Quadros, estudiosa e muito interessada nesses assumtos, me esclareça.
segunda-feira, 16 de março de 2015
Talvez a maior notícia deste século
Eu vibro com os meus sentimentos. Causados pelas agruras que me atingem, pelos azares que atingem alguns dos meus conhecidos, pela situação de pobreza, doença sem possibilidades de trato que atingem tantos, pela indigência que existe por muita parte. Mas porque é que tem existido e é quase que uma inércia generalizada por tudo isso?
Há países, na Europa, quase todos os do norte, em que a assistência social atingiu níveis modelares. E é curioso verificar que foi num desses países, a Suécia, cujos cidadãos vivem numa sociedade quase perfeita no que respeita à protecção da saúde e do bem estar, é curioso que esse pais é o primeiro que se está dedicando à eliminação do dinheiro, à substituição do sistema monetário ali em vigor, por outro sistema que elimine o dinheiro.
E eu vibro por ver que finalmente iremos acabar com o dinheiro, com as notas e moedas. Deverá demorar alguns anos, décadas ou mais de um século. Mas quando se generalizar e concretizar a pobreza será erradicada.
Há países, na Europa, quase todos os do norte, em que a assistência social atingiu níveis modelares. E é curioso verificar que foi num desses países, a Suécia, cujos cidadãos vivem numa sociedade quase perfeita no que respeita à protecção da saúde e do bem estar, é curioso que esse pais é o primeiro que se está dedicando à eliminação do dinheiro, à substituição do sistema monetário ali em vigor, por outro sistema que elimine o dinheiro.
E eu vibro por ver que finalmente iremos acabar com o dinheiro, com as notas e moedas. Deverá demorar alguns anos, décadas ou mais de um século. Mas quando se generalizar e concretizar a pobreza será erradicada.
sábado, 14 de março de 2015
Desprezando uma esfrregona branca
Eu andava a namorar a outra esfregona, a verde, encantado pelo seu apêndice essencial, comprido, liso, um cabo vermelho, redondo como o vinho da garrafa que ontem abri. Eu sabia que o seu cabelo, mais grosso que uma crina dum "percheron", mais verde que a quarta cor dum arco-iris, mais firme que aquela rocha da minha praia onde eu apanho a sombra amiga. eu sabia que a esfregona branca, tímida, inerte, sossegada, afagada dentro do seu amigo balde, eu sabia que sempre me auxiliaria nos trabalhos em que me embrenhasse, buscando a pulcritude das escadas e das salas. Embora exibindo uma certa tristeza derivada da situação permanente de repouso na escuridão da dispensa, não manifestou indignação pela minha escolha imediata pela sua irmã esfregona, a verde, quando a abandonei, a ela, a branca, encostada à parede, retirada do balde amigo, sem uma explicação, sem uma justificação, sem uma palavra que suavizasse a minha preferência.
Quando será que teremos e poderemos comprar esfregonas que nos confessem os sentimentos, nos atirem com diatribes respondendo aos gestos irresponsáveis de preferências injustas e deselegantes?
Quando será que teremos e poderemos comprar esfregonas que nos confessem os sentimentos, nos atirem com diatribes respondendo aos gestos irresponsáveis de preferências injustas e deselegantes?
sexta-feira, 13 de março de 2015
Acabar com o dinheiro
Começa a surgir a discussão sobre o dinheiro, acabar com as notas e moedas. Vários artigos vão surgindo. Se os querem ler, pesquizem na internet " a Suecia procura acabar com o dinheiro". E leiam o meu livro, editado no meu blog www.sonhoscomsore.blogspot.com em 76 mensagens, editadas entre 10/1/2012 e Junho do mesmo ano. Lá inventei uma das possíveis soluções.
A transição será lenta, com o foi a introdução do dinheiro nos mercados em substituição do sistema de trocas, alguns séculos antes de Cristo. Esse sistema de trocas ainda subsiste em certos casos, como nos mercados e nas feiras.
Mas o que não tenho dúvidas é que, quando o sistema monetário actual desaparecer e for substituído por outro sem recurso a notas e moedas, a pobreza diminuirá. Principalmente porque as crises ligadas ao dinheiro, desde que este existe e sempre que há crises afectando a economia - inflação - falências bencárias, loucuras dos governantes, etc..- os que sempre têm sofrido mais são os mais pobres, de menores recursos, com a consequente aumento .da pobreza nos países onde se verificam.
Espero que a discussão se intensifique e leve a soluções.
E aguardo a vossa crítica.
A transição será lenta, com o foi a introdução do dinheiro nos mercados em substituição do sistema de trocas, alguns séculos antes de Cristo. Esse sistema de trocas ainda subsiste em certos casos, como nos mercados e nas feiras.
Mas o que não tenho dúvidas é que, quando o sistema monetário actual desaparecer e for substituído por outro sem recurso a notas e moedas, a pobreza diminuirá. Principalmente porque as crises ligadas ao dinheiro, desde que este existe e sempre que há crises afectando a economia - inflação - falências bencárias, loucuras dos governantes, etc..- os que sempre têm sofrido mais são os mais pobres, de menores recursos, com a consequente aumento .da pobreza nos países onde se verificam.
Espero que a discussão se intensifique e leve a soluções.
E aguardo a vossa crítica.
quarta-feira, 11 de março de 2015
O nosso destino, talvez.
Perto de subir até ao cume das minhas abstracções, encontrei-me folheando o catálogo das dúvidas com uma capa estranha que me indicava o caminho do inferno. Convenci-me que se tratava da influência da minha leitura da Divina Comédia, de Dante. Sosseguei pensando no final feliz daquela obra, o Paraíso. Qual a dúvida? Quem viveu muitas dezenas de anos tem plena consciência, mesmo que seja o mais santo, dos pecados cometidos, da possibilidade de entrada imediata no inferno para expiação dos mesmos. No entanto a bondade suprema e infinita do Criador sempre triunfa é a esperança de todos os pecadores que acreditam em Deus e na sua bondade. Não esquecendo que os tempos de inferno durante a vida e de purgatório depois dela serão, obrigatórios, como para todo e qualquer mortal, racional ou não.
terça-feira, 10 de março de 2015
A primeira notícia das TVs nos próximos tempos
A principal notícia nas televisões nos próximos dias
dia 11 de março - o caso de Passos Coelho
dia 12 idem
dia 13 idem
dia 14 idem
'
'
'
até 31/12/2015 todos os dias idem
dia 11 de março - o caso de Passos Coelho
dia 12 idem
dia 13 idem
dia 14 idem
'
'
'
até 31/12/2015 todos os dias idem
sexta-feira, 6 de março de 2015
Vou
Sigo reportando os meus pensamentos, esquadrinhando os meus defeitos, e suavizando as minhas angústias.
Duas quadras
Nunca me sobram virtudes
Nem pretendo tolerâncias
Ando por caminhos rudes
Não sustento inconstâncias
Agradeço a quem me ensina
Nesta idade bem madura
A temperar a rotina
Com o sabor da aventura
Nem pretendo tolerâncias
Ando por caminhos rudes
Não sustento inconstâncias
Agradeço a quem me ensina
Nesta idade bem madura
A temperar a rotina
Com o sabor da aventura
quarta-feira, 4 de março de 2015
Receita
Frito as decepções, junto-as às contrariedades, dissolvo os malogros e guardo tudo na geleira das águas passadas..
Amasso as ilusões com o fermento da fantasia, junto uma pitada de sorrisos, e outra de esperança, cozinho a mistura a fogo brando e sirvo como prato único à mesa da vida.
Amasso as ilusões com o fermento da fantasia, junto uma pitada de sorrisos, e outra de esperança, cozinho a mistura a fogo brando e sirvo como prato único à mesa da vida.
Destino
E a ponta dum ramo da palmeirinha chegou ao nível do primeiro andar do prédio à minha frente.
Assim crescemos todos no nosso planeta: para cima.
Ainda não apareceu um animal ou outro ser, sem sequer a toupeira, que crescesse para baixo.
De igual forma a nossa mente deveriá crescer: para cima.
Desde a idade da pedra que a mente da mulher e do homem não para de crescer.
Foram necessárias algumas mutações para que o nosso cérebro atingisse o que é hoje.
Igual ao que era, quando se deu a última mutação.
Parece que mais ou menos há um, dois ou três milhões de anos.
E nesse cérebro novo estavam lá, em potencial, tudo o que a mulher e o homem inventaram até hoje.
Todas, as artes, todas as maquinetas, todas as leis
Mas também todos os vícios, o álcool, as drogas, o jògo
Todas as maldades, a crueldade, a escravidão, o dinheiro
Mas muitas e muitos aprenderam a conquistar a sorte de ser felizes
De saber sorrir, agradecer a vida e amar.
Assim crescemos todos no nosso planeta: para cima.
Ainda não apareceu um animal ou outro ser, sem sequer a toupeira, que crescesse para baixo.
De igual forma a nossa mente deveriá crescer: para cima.
Desde a idade da pedra que a mente da mulher e do homem não para de crescer.
Foram necessárias algumas mutações para que o nosso cérebro atingisse o que é hoje.
Igual ao que era, quando se deu a última mutação.
Parece que mais ou menos há um, dois ou três milhões de anos.
E nesse cérebro novo estavam lá, em potencial, tudo o que a mulher e o homem inventaram até hoje.
Todas, as artes, todas as maquinetas, todas as leis
Mas também todos os vícios, o álcool, as drogas, o jògo
Todas as maldades, a crueldade, a escravidão, o dinheiro
Mas muitas e muitos aprenderam a conquistar a sorte de ser felizes
De saber sorrir, agradecer a vida e amar.
terça-feira, 3 de março de 2015
Vento
O vento, esse descarado senhor vento !
"Palavras leva-as" o vento, diz o povo
E o povo é sempre sábio nos seus ditos
Por isso quando o vento me atinge
Sinto-me rodeado por palavras por todo o lado
Mas não as ouço, não as percebo
São "confettis" ténues, estranhos, atirados à minha cara
Trazem segredos, trazem confissões, trazem alegrias
Ou apenas meras frases, vulgares sensaborias?
E porque é que a hipotenusa une sempre os dois catetos?
"Palavras leva-as" o vento, diz o povo
E o povo é sempre sábio nos seus ditos
Por isso quando o vento me atinge
Sinto-me rodeado por palavras por todo o lado
Mas não as ouço, não as percebo
São "confettis" ténues, estranhos, atirados à minha cara
Trazem segredos, trazem confissões, trazem alegrias
Ou apenas meras frases, vulgares sensaborias?
E porque é que a hipotenusa une sempre os dois catetos?
segunda-feira, 2 de março de 2015
Primavera algarvia
Ontem começou a primavera, no Algarve.
Não embarquem nesse sorriso manhoso, desdenhoso, invejoso.
Não é o calendário que traz a primavera
A minha amiga palmeira agita os ramos na maneira mais alegre
O ceu pintou-se do azulo de Ticiano.
Aquela gorda entrando na frutaria arregaça as mangas, suando.
Uma rapariga chilreia com o namorado, acenando para outro
As gaivotas vão-se entretendo no mar
A vizinha do terceiro esquerdo pendurou três arames de roupa
Há pregões vencendo o ruido das motorizadas
Apareceram andorinhas
Não embarquem nesse sorriso manhoso, desdenhoso, invejoso.
Não é o calendário que traz a primavera
A minha amiga palmeira agita os ramos na maneira mais alegre
O ceu pintou-se do azulo de Ticiano.
Aquela gorda entrando na frutaria arregaça as mangas, suando.
Uma rapariga chilreia com o namorado, acenando para outro
As gaivotas vão-se entretendo no mar
A vizinha do terceiro esquerdo pendurou três arames de roupa
Há pregões vencendo o ruido das motorizadas
Apareceram andorinhas
domingo, 1 de março de 2015
Preocupação
A minha mente vagueia perdida em crepúsculos
Entre as teclas desta máquina onde escrevo
E as perspectivas do almoço que me espera
Acompanhado por alguém que amo e adoro
Que vibra comigo nos bons e nos maus momentos
Com fulgores das lágrimas que sentimos
Ateados por vezes pela chama da paixão
Ou por arroubos que nos traz a indignação
Não é o peixe, o vinho ou os acepipes
Que me ocupam a fonte das preocupações
Nem a beleza daquelas flores aprisionadas
E a morrerem lentamente nessa jarra
Nem sequer a luz deste dia de quase primavera
Que entra em vivos borbotões pela janela
Mas é, sim, o profundo e ledo sentimento
De um dia perder-te, sem poder mais querer-te
Entre as teclas desta máquina onde escrevo
E as perspectivas do almoço que me espera
Acompanhado por alguém que amo e adoro
Que vibra comigo nos bons e nos maus momentos
Com fulgores das lágrimas que sentimos
Ateados por vezes pela chama da paixão
Ou por arroubos que nos traz a indignação
Não é o peixe, o vinho ou os acepipes
Que me ocupam a fonte das preocupações
Nem a beleza daquelas flores aprisionadas
E a morrerem lentamente nessa jarra
Nem sequer a luz deste dia de quase primavera
Que entra em vivos borbotões pela janela
Mas é, sim, o profundo e ledo sentimento
De um dia perder-te, sem poder mais querer-te
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