Meio dia ensolarado no princípio da primavera.
Destacando-se de um grupo de estudantes que regressavam das aulas, Margarida e Francisco dirigiram-se à mesa onde Fernando conversava com Lourenço.
- Senhor Fernando - disse Francisco com ar sorridente - tivemos uma aula de fisico químicas e o professor parecia que tinha escutado a nossa conversa desta manhã!
- Mas porquê, falaram das vossas futuras profissões? Se não estão com pressa sentem-se mais um bocadinho, eu e aqui o senhor Lourenço também aproveirámos o assunto para nos conhecermos e trocarmos algumas considerações...
Margarida interrompeu Fernamdo, dizendo:
- Não nos podemos demorar, temos de ir almoçar e temos aulas às três.
- Mas, só um minuto, o que foi que o vosso professor vos disse, relacionado com a nossa conversa desta manhã?
Francisco, ajeitando a mochila dos livros e utensílios escolares, disse, sem se sentar:
- Ficámos admirados pela coincidência do nosso professor quando se referiu à química, como profissão. Disse que poucos de nós parecíamos interessados na física ou na química e sem que algulm de nós lhe fizesse qualquer pergunta, passou a descrever um viagem que tinha feito após terminar o liceu, à Escocia, a um laboratório na Escócia onde um amigo dos seus pais tinha estagiado muitos anos antes. E que tinha visto um anúncio num jornal da sua escola onde ofereciam trabalho durante as férias do verão. Êle passou lá dois meses e regressou com a decisão de se se matricular numa universidade onde pudesse tirar um curso superior de químicas. Bem, temos de ir, um dia destes conversaremos outra vez..
E despediram-se.
- Vê, senhor Loutenço, estes jovens deram-nos um exemplo dum professor que foge à rotina da simples exposição das matérias que constam do programa das suas disciplinas. Saindo para fora da sua lição, deu aos seus alunos uma ideia que poderá ser muito útil para as suas futuras vidas profissionais. Além de que, com a sua história despertou decerto a atenção da maior parte senão de todos os alunos. Aposto que surgiram perguntas, se aqueles alunos não teem medo de as fazer.
comentários, poemas, situações e circunstâncias da vida, escrtos e da autoria do que escreve neste blog
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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
Conversa...(7)
- Olhe,senhor Lourenço, eu e a minha esposa tambem tivemos problemas de comunicação com os nossos filhos, muitas vezes falávamos no que devíamos dizer-lhes, no que deveríamos ter-lhes dito, no que havia ficado por dizer-lhes. Mas como se deve ter passado consigo os filhos não são iguais, o que dizemos a um e ele nos escuta,pode influenciar alguma coisa no seu comportamento e se dizemos o mesmo a outro filho,o reflexo do que ele nos ouve é completamente diferente,o efeito é muito diferente, dum filho ou duma filha conseguimos que nos atendam, que sigam um conselho, e notamos mesmo quando ainda são crianças, notamos que para outro de nada serviu o que lhes dissémos.
- É isso mesmo, uns filhos são mais dóceis que outros, mais obedientes...l
- E, senhor Lourenço, falando de obediência, mesmo isso é muito relativo...Por vezes pensamos que nos obedecem e estão a rir-se de nós, com ar sério..Aliás, para mim. acho que a obediência não se deve impor, deve ser natural, digamos como que silenciosa, não deve necessitar de palavras de imposição. A minha esposa, não sei se se passa o mesmo com a sua, consegue que os filhos lhe obedeçam, sem dar ordens, sem gritarias. sem guerra, ela consegue-o apenas por sugestçoes não por imposições..
- Mas como é isso senhor Fernando?
- Dou-lhe um exemplo, ela dizia à nossa filha, apenas com cinco anos: Helena, sabes onde estão aqueles teus sapatos azues que não os encontro ? E a Helena, que os tinha descalçado na noite anterior, de imediato ia buscar e trazer os sapatos já calçados. Mas se lhe dissesse "Helena, vai já calçar os sapatos!" a Helena respondia-lhe "oh mamã também não precisas de tanta pressa!
- Ah, os meus filhos estão numa idade que só obedecem quando querem e como querem !
- Julgo que todos os pais passamos por essa fase, numa certa idade dos filhos. Mas os pais tambem foram educados duma certa maneira, os nossos pais doutra geração e os pais dos nossos pais, doutra. O que tenho reparado ao longo da vida é que a violência dos pais contra os filhos, seja física seja apenas nas palavras, raro não traz consequências na mentalidade dos filhos. Embora nesse ponto verifiquemos que uns conservam sequelas nefastas durante toda a vida, outros a vida ensina-os a passar uma esponja.
(continua)
- É isso mesmo, uns filhos são mais dóceis que outros, mais obedientes...l
- E, senhor Lourenço, falando de obediência, mesmo isso é muito relativo...Por vezes pensamos que nos obedecem e estão a rir-se de nós, com ar sério..Aliás, para mim. acho que a obediência não se deve impor, deve ser natural, digamos como que silenciosa, não deve necessitar de palavras de imposição. A minha esposa, não sei se se passa o mesmo com a sua, consegue que os filhos lhe obedeçam, sem dar ordens, sem gritarias. sem guerra, ela consegue-o apenas por sugestçoes não por imposições..
- Mas como é isso senhor Fernando?
- Dou-lhe um exemplo, ela dizia à nossa filha, apenas com cinco anos: Helena, sabes onde estão aqueles teus sapatos azues que não os encontro ? E a Helena, que os tinha descalçado na noite anterior, de imediato ia buscar e trazer os sapatos já calçados. Mas se lhe dissesse "Helena, vai já calçar os sapatos!" a Helena respondia-lhe "oh mamã também não precisas de tanta pressa!
- Ah, os meus filhos estão numa idade que só obedecem quando querem e como querem !
- Julgo que todos os pais passamos por essa fase, numa certa idade dos filhos. Mas os pais tambem foram educados duma certa maneira, os nossos pais doutra geração e os pais dos nossos pais, doutra. O que tenho reparado ao longo da vida é que a violência dos pais contra os filhos, seja física seja apenas nas palavras, raro não traz consequências na mentalidade dos filhos. Embora nesse ponto verifiquemos que uns conservam sequelas nefastas durante toda a vida, outros a vida ensina-os a passar uma esponja.
(continua)
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
Conversa...(6)
Fernando continuou sentado e desdobrou o jornal diário que havia comprado antes de entrar na pastelaria. Quando iniciava a leitura um individuo sentado numa masa próxima disse-lh:
- Estava escutando com muita curiosidade a sua conversa com aqueles estudantes, tambem tenho um filho a acabar o liceu e uma filha no décimo primeiro. E parece-me que com eles se passa o mesmo que com estes jovens que estavam aqui consigo. A vossa conversa despertou-me a vontade de conversar com os meus filhos sobre futuras profissões. Mas suponho que concorda comigo que é muito dificil de falar com os jovens, são de outra geração, pensam em geral noutros assuntos... Mas deixe-me que me apresente, Manoel Lourenço, tambem vivo aqui perto, julgo que passa por mim muitos dias, costumo estar aqui na esplanada aqui abaixo tomando um café.
Fernando estendeu-lhe a mão:
- Fernando Silvestre, muito prazer. Também quando o vi na sua mesa, pareceu-me conhece-lo aqui, do bairro. E quanto aos filhos comigo passou-se o mesmo, tenho tres filhos já formados e trabalhando nas suas profissões. Mas quando terminavam o liceu tivemos algumas conversas, talvez tenham servido de alguma coisa porque o facto é que todos eles gostam da profissão que teem e do trabalho e ocupação que obtiveram.
- Mas eu e a minha esposa temos alguma dificuldade em falar com os nossos filhos sobre o futuro deles. O Gustavo e a Helena levam normalmente o assunto para a brincadeirta e desarmam-nos com facilidade, desviando o tema para as suas aventuras, as suas histórias. E eu, falando com a Maria Helena, a minha esposa, sempre reparamos que nos vemos metidos numa conversa com os filhos totalmente diferente da que pretendíamos.
(continua)
- Estava escutando com muita curiosidade a sua conversa com aqueles estudantes, tambem tenho um filho a acabar o liceu e uma filha no décimo primeiro. E parece-me que com eles se passa o mesmo que com estes jovens que estavam aqui consigo. A vossa conversa despertou-me a vontade de conversar com os meus filhos sobre futuras profissões. Mas suponho que concorda comigo que é muito dificil de falar com os jovens, são de outra geração, pensam em geral noutros assuntos... Mas deixe-me que me apresente, Manoel Lourenço, tambem vivo aqui perto, julgo que passa por mim muitos dias, costumo estar aqui na esplanada aqui abaixo tomando um café.
Fernando estendeu-lhe a mão:
- Fernando Silvestre, muito prazer. Também quando o vi na sua mesa, pareceu-me conhece-lo aqui, do bairro. E quanto aos filhos comigo passou-se o mesmo, tenho tres filhos já formados e trabalhando nas suas profissões. Mas quando terminavam o liceu tivemos algumas conversas, talvez tenham servido de alguma coisa porque o facto é que todos eles gostam da profissão que teem e do trabalho e ocupação que obtiveram.
- Mas eu e a minha esposa temos alguma dificuldade em falar com os nossos filhos sobre o futuro deles. O Gustavo e a Helena levam normalmente o assunto para a brincadeirta e desarmam-nos com facilidade, desviando o tema para as suas aventuras, as suas histórias. E eu, falando com a Maria Helena, a minha esposa, sempre reparamos que nos vemos metidos numa conversa com os filhos totalmente diferente da que pretendíamos.
(continua)
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
Conversa...(5)
- Mas a mim não me seduz a agricultura, penso muito na economia, a minha mãe é economista, conversa muito sobre economia com o meu pai, com os amigos que aparcem lá por casa....
- Margarida, há um rôr de possibilidades para indagar e confirmar o seu gosto pela economia. Começando pela microeconomia, a Margarida tem ocasião de examinar o modo como os seus pais geram as finanças da vossa casa. Olhe que muitas vezes mesmo os grandes economistas se esquecem da microeconomia, da economia familiar, da economia e gestão das miniempresas.
- São coisas muito diferentes...
- Não tenha dúvidas sobre isso. Mas teem pontos comuns muito importantes que, esquecidos, em geral trazaem grandes prejuizos. Por exemplo: se um chefe de família gasta mais do que ganha, acaba por gastar a reserva que tem, pede emprestado, se continua com os mesmos gastos arranja encargos cada vez maiores, acaba por perder o crédito acabando por cortar no que a família mais necessita, na educação, na saude, na mesa e os familiares é que sofrem . E veja que com os paises se passa o mesmo. Quando os seus governos cometem loucuras, gastam no que não devem gastar, gastam mais do que cobram em impostos, o que sempre tem sucedido em todos os tempos é que esses governos ou os seguintes teem que cobrar mais impostos, teem que diminuit despesas essenciais e os que sofrem são sempre os que teem menos para gastar...Porque quem de pouco tira pouco fica muito pouco, quem de muito tira pouco ainda pode ficar muito. É por isso que eu sempre digo que a macroeconimia não pode esquecer a micro.
E quando Pedro se levantava, logo imitado pelo José Manoel, Fernando disse:
-Se quizerem amanhã apareço aqui à mesma hora...
-.Não pode ser - disse Margarida - só neste dia da semana temos esta hora livre.
- Então aparecerei para a semana - respondeu Fernando, levantando-se.
- Margarida, há um rôr de possibilidades para indagar e confirmar o seu gosto pela economia. Começando pela microeconomia, a Margarida tem ocasião de examinar o modo como os seus pais geram as finanças da vossa casa. Olhe que muitas vezes mesmo os grandes economistas se esquecem da microeconomia, da economia familiar, da economia e gestão das miniempresas.
- São coisas muito diferentes...
- Não tenha dúvidas sobre isso. Mas teem pontos comuns muito importantes que, esquecidos, em geral trazaem grandes prejuizos. Por exemplo: se um chefe de família gasta mais do que ganha, acaba por gastar a reserva que tem, pede emprestado, se continua com os mesmos gastos arranja encargos cada vez maiores, acaba por perder o crédito acabando por cortar no que a família mais necessita, na educação, na saude, na mesa e os familiares é que sofrem . E veja que com os paises se passa o mesmo. Quando os seus governos cometem loucuras, gastam no que não devem gastar, gastam mais do que cobram em impostos, o que sempre tem sucedido em todos os tempos é que esses governos ou os seguintes teem que cobrar mais impostos, teem que diminuit despesas essenciais e os que sofrem são sempre os que teem menos para gastar...Porque quem de pouco tira pouco fica muito pouco, quem de muito tira pouco ainda pode ficar muito. É por isso que eu sempre digo que a macroeconimia não pode esquecer a micro.
E quando Pedro se levantava, logo imitado pelo José Manoel, Fernando disse:
-Se quizerem amanhã apareço aqui à mesma hora...
-.Não pode ser - disse Margarida - só neste dia da semana temos esta hora livre.
- Então aparecerei para a semana - respondeu Fernando, levantando-se.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
Atingi as dez mil
Já passam de dez mil as visitas ao meu blog. Não é fantástico mas também não é mau, para quem começou a escrever no blog em Abril de 2009. Com leitores de muitas partes do mundo. Um grande abraço para todos.
E a "Conversa à ,mesa duma pastelaria continua amanhã.
E a "Conversa à ,mesa duma pastelaria continua amanhã.
Conversa ...(4)
- E quanto tempo esteve por lá? - inquiriu Margarida.
- Estive tres semanas. Ainda continuaram a trabalhar por lá dois estudantes espanhois, ficaram a trabalhar nas estufas que o proprietário tinha, colhendo tomates e rosas..
Francisco começou a sorrir, acompanhado nos sorrisos pelos outros companheiros.
- Não se admirem - continuou Fernando - o proprietário, alem de um bom pomar de maçãs, com quinze hectares, tinha dois hectares de estufas onde cultivava tomates e rosas. Era um indivíduo cheio de energia, aliás havia sido jogador de futebol profissional depois de ter sido piloto na batalha aérea de Inglaterra, deixou a aviação terminada a guerra com os alemães, dedicando-se depois durante dez anos. ao futebol. Embora nesse tempo, nos anos quarenta e cincoenta do século passado, os jogadores profissionais de futebol ganhassem muito menos do que hoje ele ganhou o suficiente para investir nesta quinta que os pais exploravam com grandes dificuldades. Conseguiu um pequeno empréstimo, havia tirado um curso prático de agricultura enquanto vivia do futebol .
- Lá não é como cá - disse Pedro - não sei quem é que disse que a agricultura é a arte de empobrecer alegremente!
- Ora, então não sabes que quem disse isso foi o Salazar!
Eu não embarquei noutra discussão e atalhei:
- Pouco importa quem o disse, o importante é que essa frase reflecte um pouco o espírito de quem faz agricultura em Portugal.
- Mas sempre estamos lendo nos jornais notícias sobre o mau estado da nossa agricultura, os inúmeros pedidos de sbsídios para todas as culturas, lá na minha casa os meus pais dizem o mesmo - referiiu Margarida.
A conversa estava fora do assunto das profissões, no entanto, Fernando não resistiu a argumentar. Também, agrónomo que era , tinha feito agricultura:
- São opiniões quanto a mim pouco fundamentadas, disculpem que vos diga. Eu fiz agricultura durante vinte anos e nunca perdi dinheiro, sem receber subsídios.
- E qual foi o seu segredo, tinha uma grande propriedade?
- Mesmo com grandes propriedades há agricultores que perdem dinheiro ou vão vivendo cheios de dificuldades. Uma indústria próspera se passa para mãos incompetentes pode passar por grandes dificuldades ou mesmo ir à ruina. Não faltam casos desses. Não, no meu caso eu e os meus irmãos herdámos uma propriedade de dimensões médias e que me permitiu algumas inovações. Na agricultura, aliás como na indústria e no comércio, quem inova, quem procura soluções diferentes, quem não é daqueles que imita o vizinho e não consegue ter ideias próprias, esses não passam da cepa torta, como antes se dizia.
(continua)
- Estive tres semanas. Ainda continuaram a trabalhar por lá dois estudantes espanhois, ficaram a trabalhar nas estufas que o proprietário tinha, colhendo tomates e rosas..
Francisco começou a sorrir, acompanhado nos sorrisos pelos outros companheiros.
- Não se admirem - continuou Fernando - o proprietário, alem de um bom pomar de maçãs, com quinze hectares, tinha dois hectares de estufas onde cultivava tomates e rosas. Era um indivíduo cheio de energia, aliás havia sido jogador de futebol profissional depois de ter sido piloto na batalha aérea de Inglaterra, deixou a aviação terminada a guerra com os alemães, dedicando-se depois durante dez anos. ao futebol. Embora nesse tempo, nos anos quarenta e cincoenta do século passado, os jogadores profissionais de futebol ganhassem muito menos do que hoje ele ganhou o suficiente para investir nesta quinta que os pais exploravam com grandes dificuldades. Conseguiu um pequeno empréstimo, havia tirado um curso prático de agricultura enquanto vivia do futebol .
- Lá não é como cá - disse Pedro - não sei quem é que disse que a agricultura é a arte de empobrecer alegremente!
- Ora, então não sabes que quem disse isso foi o Salazar!
Eu não embarquei noutra discussão e atalhei:
- Pouco importa quem o disse, o importante é que essa frase reflecte um pouco o espírito de quem faz agricultura em Portugal.
- Mas sempre estamos lendo nos jornais notícias sobre o mau estado da nossa agricultura, os inúmeros pedidos de sbsídios para todas as culturas, lá na minha casa os meus pais dizem o mesmo - referiiu Margarida.
A conversa estava fora do assunto das profissões, no entanto, Fernando não resistiu a argumentar. Também, agrónomo que era , tinha feito agricultura:
- São opiniões quanto a mim pouco fundamentadas, disculpem que vos diga. Eu fiz agricultura durante vinte anos e nunca perdi dinheiro, sem receber subsídios.
- E qual foi o seu segredo, tinha uma grande propriedade?
- Mesmo com grandes propriedades há agricultores que perdem dinheiro ou vão vivendo cheios de dificuldades. Uma indústria próspera se passa para mãos incompetentes pode passar por grandes dificuldades ou mesmo ir à ruina. Não faltam casos desses. Não, no meu caso eu e os meus irmãos herdámos uma propriedade de dimensões médias e que me permitiu algumas inovações. Na agricultura, aliás como na indústria e no comércio, quem inova, quem procura soluções diferentes, quem não é daqueles que imita o vizinho e não consegue ter ideias próprias, esses não passam da cepa torta, como antes se dizia.
(continua)
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
Conversa à mesa duma pastelaria(3)
- E foi?
- Fui, de boleia até Madris e depois de comboio. Perdia muito tempo nas boleias e consegui chegar ao Sussex daí a mais dois dias. Mas o passaporte e a licença,atrasaram-me muito.
- Agora não precisamos nem duma coisa nem doutra, mas à boleia é muito dificil - disse Pedro - e quanto tempo esteve por lá e o que fez?
- Quando lá cheguei, já não contavam comigo, atrasara-me uma semana mas o dono da quinta tinha falta de mão de obra e admitui-me na mesma. Entrei a trabalhar num grupo de quinze rapazes e seis raparigas, todos estudadntes em férias e de diversos paises da Europa. Eu apanhava das sete às doze da manhã, apanhava trinta a quarenta caixas de maçãs e depois do almoço umas vinte ou trinta. Nos fins de semana, aos sábados não se trabalhava, íamos a Londres, de comboio, em meia hora lá chegávamos. Eu aproveiava para conhecer Londres, visitando o que as finanças me permitiam, conversando com quem podia para melhorar o meu fraco inglês e mesmo frequentando, à noite, um ou outro club. Mas estou-me desviando muito do assunto da vossa conversa, sobre as vossas futuras profissões.
Francisco que se mantivera sem se manifestar , disse:
- Mas a mim não me interessa ir colher maçãs, penso em medicina ou farmácia...
- Compreendo mas para todos os ramos profissionais é possivel encontrar nas vossas férias uma actividade que vos mostre e demonstre o interesse pela profissão.
- Suponho que os hospitais não contratem ou convidem estudantes...
- Não contratam, mas admitem voluntários para diversas actividades dentro dos hospitais, em todos os hospitais do nosso país se encontram voluntários. Não para exercer medecina ou farmácia para ajudar, p.ex. no apoio aos doentes quer levando-lhes bandejas com alimentos quer, noutros casos, semplesmente acompanhando-os e conversando com os doentes que lhes indicarem.
Eu também já tenho feito serviço de voluntariado nos hospitais. E creiam, conversar com um doente que está isolado, que não recebe visitas porque não tem família ou amigos que o visitem, creiam que é muito importante. Aliás nos cursos de medecina existe sempre a cadeira de psicologia onde se estuda que um bom médico é sempre um bom psicólogo.
(continua)
- Fui, de boleia até Madris e depois de comboio. Perdia muito tempo nas boleias e consegui chegar ao Sussex daí a mais dois dias. Mas o passaporte e a licença,atrasaram-me muito.
- Agora não precisamos nem duma coisa nem doutra, mas à boleia é muito dificil - disse Pedro - e quanto tempo esteve por lá e o que fez?
- Quando lá cheguei, já não contavam comigo, atrasara-me uma semana mas o dono da quinta tinha falta de mão de obra e admitui-me na mesma. Entrei a trabalhar num grupo de quinze rapazes e seis raparigas, todos estudadntes em férias e de diversos paises da Europa. Eu apanhava das sete às doze da manhã, apanhava trinta a quarenta caixas de maçãs e depois do almoço umas vinte ou trinta. Nos fins de semana, aos sábados não se trabalhava, íamos a Londres, de comboio, em meia hora lá chegávamos. Eu aproveiava para conhecer Londres, visitando o que as finanças me permitiam, conversando com quem podia para melhorar o meu fraco inglês e mesmo frequentando, à noite, um ou outro club. Mas estou-me desviando muito do assunto da vossa conversa, sobre as vossas futuras profissões.
Francisco que se mantivera sem se manifestar , disse:
- Mas a mim não me interessa ir colher maçãs, penso em medicina ou farmácia...
- Compreendo mas para todos os ramos profissionais é possivel encontrar nas vossas férias uma actividade que vos mostre e demonstre o interesse pela profissão.
- Suponho que os hospitais não contratem ou convidem estudantes...
- Não contratam, mas admitem voluntários para diversas actividades dentro dos hospitais, em todos os hospitais do nosso país se encontram voluntários. Não para exercer medecina ou farmácia para ajudar, p.ex. no apoio aos doentes quer levando-lhes bandejas com alimentos quer, noutros casos, semplesmente acompanhando-os e conversando com os doentes que lhes indicarem.
Eu também já tenho feito serviço de voluntariado nos hospitais. E creiam, conversar com um doente que está isolado, que não recebe visitas porque não tem família ou amigos que o visitem, creiam que é muito importante. Aliás nos cursos de medecina existe sempre a cadeira de psicologia onde se estuda que um bom médico é sempre um bom psicólogo.
(continua)
domingo, 17 de fevereiro de 2013
Conversa à mesa duma pastelaria(2)
- Eu tambm o conheço, o senhor não tem um Citroen de cor azul? - indagou Francisco
- Sim é o meu carro. Mas eu não queria interromper a vossa conversa que, segundo suponho era sobre a vossa futura vida profissional. Quando eu tinha a vossa idade e no último ano do liceu tambem falava com os meus amigos, nenhum de nós ainda não se decidira sobre o curso a tirar, naquele tempo para se entrar na universidade técnica rínhamos de fazer um exame de admissão, para cursos de letras, de direito de história, a entrada era livre.
Margarida interrompeu Fernando, dizendo:
- Agora é livre em todas as universidades, só temos de escolher.
- E no fim dos vosssos cursos do liceu, como decidem?
- Há universidades para todos os gostos - disse Francisco, acrescentando - o problema para mim e muitos colegas nossos é a escolha, uns teem alguma informação dos pais ou de amigos mas cá por mim, embora goste mais de ciencias que de letras, ainda não escolhi, ainda não me decidi.
Fernando, terminando de beber a bica que levara para a mesa, disse, sorrindo :
- Exactamente como no meu tempo. Mas suponho que eu tive alguma sorte. Em conversa com os meus amigos resolvemos fazer uma viagem à boleia. Eu já perdera, um ano antes, o meu pai. A minha mãe era uma mulher muito avançada para a idade, tinha a formação duma menina adorada pelo seu pai, que lhe proporcionara aulas de piano, de canto, de pintura e quando eu lhe falei em viajar à boleia disse-me logo que sim. Tinha acabado o curso dos liceus, estava hesitando entre medecina e agronomia, fiz os dois exames de admissão, passei, mas continuei sem me decidir, qual dos cursos frequentaria.
- E como se decidiu - perguntou Margarida
- Olhe, Margarida, um dos meus amigos disse-me que ia apanhar maçãs para Inglaterra, fui à embaixada inglesa, ali na Rua do Salitre e lá disseram-me para preencher uns papeis, nome, bilhete de identidade, número do telefone, autorização da tropa e que dentro de alguns dias me telefonariam dando-me a resposta...
Foi Pedro que interrompeu Fernando:
- Autorização da tropa?
João Manoel, que seguia atentamente o que Fernando dizia, acrescentou:
- O meu pai contou-me que quando terminou o liceu ainda existia o serviço militar obrigatório e que ningem podia sair de Portugal sem uma licença militar.
E Fernando continuou:
- Mas poucos dias depois, telefonaram-me da embaixada informando-me que poderia ir trabalhar para uma quinta no Sussex, uma região de Inglaterra, a partir de quinze de Julho, ganharia dois xelins por caixa de fruta apanhada, os transportes, alojamento e alimentação seriam por minha conta, que era obrigatórioa tirar o passaporte e outras condições.
(continua)
- Sim é o meu carro. Mas eu não queria interromper a vossa conversa que, segundo suponho era sobre a vossa futura vida profissional. Quando eu tinha a vossa idade e no último ano do liceu tambem falava com os meus amigos, nenhum de nós ainda não se decidira sobre o curso a tirar, naquele tempo para se entrar na universidade técnica rínhamos de fazer um exame de admissão, para cursos de letras, de direito de história, a entrada era livre.
Margarida interrompeu Fernando, dizendo:
- Agora é livre em todas as universidades, só temos de escolher.
- E no fim dos vosssos cursos do liceu, como decidem?
- Há universidades para todos os gostos - disse Francisco, acrescentando - o problema para mim e muitos colegas nossos é a escolha, uns teem alguma informação dos pais ou de amigos mas cá por mim, embora goste mais de ciencias que de letras, ainda não escolhi, ainda não me decidi.
Fernando, terminando de beber a bica que levara para a mesa, disse, sorrindo :
- Exactamente como no meu tempo. Mas suponho que eu tive alguma sorte. Em conversa com os meus amigos resolvemos fazer uma viagem à boleia. Eu já perdera, um ano antes, o meu pai. A minha mãe era uma mulher muito avançada para a idade, tinha a formação duma menina adorada pelo seu pai, que lhe proporcionara aulas de piano, de canto, de pintura e quando eu lhe falei em viajar à boleia disse-me logo que sim. Tinha acabado o curso dos liceus, estava hesitando entre medecina e agronomia, fiz os dois exames de admissão, passei, mas continuei sem me decidir, qual dos cursos frequentaria.
- E como se decidiu - perguntou Margarida
- Olhe, Margarida, um dos meus amigos disse-me que ia apanhar maçãs para Inglaterra, fui à embaixada inglesa, ali na Rua do Salitre e lá disseram-me para preencher uns papeis, nome, bilhete de identidade, número do telefone, autorização da tropa e que dentro de alguns dias me telefonariam dando-me a resposta...
Foi Pedro que interrompeu Fernando:
- Autorização da tropa?
João Manoel, que seguia atentamente o que Fernando dizia, acrescentou:
- O meu pai contou-me que quando terminou o liceu ainda existia o serviço militar obrigatório e que ningem podia sair de Portugal sem uma licença militar.
E Fernando continuou:
- Mas poucos dias depois, telefonaram-me da embaixada informando-me que poderia ir trabalhar para uma quinta no Sussex, uma região de Inglaterra, a partir de quinze de Julho, ganharia dois xelins por caixa de fruta apanhada, os transportes, alojamento e alimentação seriam por minha conta, que era obrigatórioa tirar o passaporte e outras condições.
(continua)
sábado, 16 de fevereiro de 2013
Conversa à mesa duma pastelaria
Fernando escutava com curiosidade, a conversa entre quatro jovens, Margarida, Pedro, João
Manoel e Francisco,alunos do liceu próximo. Discutiam, trocavam opiniões sobre as suas prováveis futuras profissões, pelo que ouvia, Fernando situava-os no último ano do liceu. Os quatro demonstravam imaginação e suficiente humor para manterem viva e interessante a conversa, realçando os gostos particulares e os pormenores das suas actividades actuais que relacionavam de forma superficial com as profissões que conheciam.
Embora não gostasse de se meter em seara alheia, o grupo despertou em Fernando interesse suficiente para escutar com atenção o que diziam.
Aproveitando um breve intervalo na conversa dos jovens e notando que a rapariga e um colega o fitavam. Fernando sorriu-lhes e disse:
- Sem querer onvia a vossa conversa e, se não se importam, gostaria de participar, talvez tenha alguma coisa para vos dizer dentro do assunto que debatiam que penso esteja relacionado com as vossas futuras profissões. Mas deixem-me acrescentar que não pretenco dar-vos conselhos, tambem eu, quando tinha a vossa idade, não apreciava nem seguia conselhos, eu dizia sempre : pede um conselho quando não pretendas segui-lo. Mas quase sempre, sentia curiosidade pelas experiências vividas por outrosl. Posso entrar na vossa discussão?
João Manoel respondeu:
- Eu conheço-o, passo todos os dias à sua porta, lá em baixo quando venho para as aulas e quando volto para casa...Suponho que é engenheiro...
- Sim - disse-lhe Fernando - sou agrónomo, estou reformado, eu e a minha família vivemos doze anos em África. Mas, gostaria que retomassem a vossa discussão...Suponho que todos vós tendes uma ideia ou decisão sobre o que estudarão no futuro, se todos querem seguir estudando depois do liceu...
Manoel e Francisco,alunos do liceu próximo. Discutiam, trocavam opiniões sobre as suas prováveis futuras profissões, pelo que ouvia, Fernando situava-os no último ano do liceu. Os quatro demonstravam imaginação e suficiente humor para manterem viva e interessante a conversa, realçando os gostos particulares e os pormenores das suas actividades actuais que relacionavam de forma superficial com as profissões que conheciam.
Embora não gostasse de se meter em seara alheia, o grupo despertou em Fernando interesse suficiente para escutar com atenção o que diziam.
Aproveitando um breve intervalo na conversa dos jovens e notando que a rapariga e um colega o fitavam. Fernando sorriu-lhes e disse:
- Sem querer onvia a vossa conversa e, se não se importam, gostaria de participar, talvez tenha alguma coisa para vos dizer dentro do assunto que debatiam que penso esteja relacionado com as vossas futuras profissões. Mas deixem-me acrescentar que não pretenco dar-vos conselhos, tambem eu, quando tinha a vossa idade, não apreciava nem seguia conselhos, eu dizia sempre : pede um conselho quando não pretendas segui-lo. Mas quase sempre, sentia curiosidade pelas experiências vividas por outrosl. Posso entrar na vossa discussão?
João Manoel respondeu:
- Eu conheço-o, passo todos os dias à sua porta, lá em baixo quando venho para as aulas e quando volto para casa...Suponho que é engenheiro...
- Sim - disse-lhe Fernando - sou agrónomo, estou reformado, eu e a minha família vivemos doze anos em África. Mas, gostaria que retomassem a vossa discussão...Suponho que todos vós tendes uma ideia ou decisão sobre o que estudarão no futuro, se todos querem seguir estudando depois do liceu...
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
Frases minhas
-Posso pesar tudo, menos a sorte ou o azar.
-Quanto mais vivo mais quero viver.
-Sei que cheguei, sei que irei. Mas nunca saberei de donde vim nem para onde irei, depois desta vida.
-Não se perde a saude aos oitenta nas naquelas asneiras dos vinte, dos trinta, doa quarenta...
-Não é por subirmos muito que chegamos ao Céu.
-Vale mais um pássaro a voar que dois na mão.
-Goato de ir. Um dos melhores processos de reencontrar a saudade.
-Uma desculpa nunca compensa o atingido. É uma solução detergente e fácil para a consciência de quem é culpado.
Citações
"A maior parte da riqueza dos milionários americanos começou no dia em que venderam o primeiro jornal ou engraxaram o primeiro par de botas" - de Feernanda de Castro.
"Quantas vezes digo que esta filha não serve para cavalo de cortesias" - de João Quadros, o meu Pai, referindo-se à filha Maria Fernanda.
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
O infinito
Conhecer o infinito é assunto que Deus não partilha nem abdica. E ainda bem.Quando pensamos no infinito associamos logo a ideia do conhecimento adquirido na matemática. Mas existem muitos outros infinitos, além dos infinitos positivos e negativos da matemática: os infinitos da esperança, do amõr, a variedade infinita do que nos pode acontecer, etc...Porém, se tudo fosse infinito, sofreríamos muito mais nesta vida, neste planeta onde nascemos. E Deus,na sua sabedoria e bondade infinitas não o permite e limita muito o que encontramos na vida. As razões só as saberemos mais tarde, nunca nesta vida. Limita-nos a força, limita-nos o saber,limita-nos a inteligència, limita-nos a vida.
Mas não nos atirem com os argumentos do costume, do género "Deus deixa castigar, violentar e matar crianças". Dizem isto os mesmos que dizem não existir infinitos Deus. Como podem atingir, criticar e julgar a imensa sabedoria de Deus? Podemos não nos resignar à nossa pequena condição neste planeta. Mas se admitimos que todos nascemos porque os nossos pais nos geraram e que tudo o que aparece e nasce, tem progenitores, não podemos deixar de admitir que tudo o que existe tem uma origem. Seja pedra, seja alga seja animal.
O nada é que em geral se admite que não tem uma origem. Contudo ninguém, poeta ou sábio, o demonstrou.
domingo, 3 de fevereiro de 2013
Falar algarvio
-Dêxa-me da mão.
-Já agora logo amanhão.
-Doem-me os pêtos.
-Vou-me á da minha mãe.
-Atão tu na vás?
-Vou-me jogar na áuga.
-Mátão na vens?
-Subiram-me os pèdos prá boca!
-Joga-me daí o xalavar!
-Ê cá na quero!
-Tu, mardeçoado!
sábado, 2 de fevereiro de 2013
Escravaturas
A escravatura, do homem e da mulher pelo homem e pela mulher, terminou nos fins do século dezanove, ainda que se mantenha sob formas dibersas, mais ou menos sofisticadas. E começou há mais de um milhão de anos, durando portanto mais de um milhão de anos. Libertámo-nos portanto do que constituia então o pior mal da humanidade.
Actualmente, o pior mal da humanidade, o dinheiro, dura apenas há vinte e cinco séculos, ou pouco mais. Muitos não concordarão, porque não lhes sofrem os efeitos. Muitos não concordavam com a abolição da escravatura, porque não lhes tocavam, nem sofriam os efeitos, muitos beneficiavam dela, sem qualquer esforço.
Tal como hoje, muitos não querem discutir o dinhero, porque não sofrem os efeitos desse mal, muitos beneficiam dele sem qualquer esforço.
Durará o dinheiro um milhão anos ?
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