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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Conversa ...(4)

                      - E quanto tempo esteve por lá? - inquiriu Margarida.
                      - Estive tres semanas. Ainda continuaram a trabalhar por lá dois estudantes espanhois, ficaram a trabalhar nas estufas que o proprietário tinha, colhendo tomates e rosas..
               Francisco começou a sorrir, acompanhado nos sorrisos pelos outros companheiros.
                      - Não se admirem - continuou Fernando - o proprietário, alem de um bom pomar de maçãs, com quinze hectares, tinha dois hectares de estufas onde cultivava tomates e rosas. Era um indivíduo cheio de energia, aliás havia sido jogador de futebol profissional depois de ter sido piloto na batalha aérea  de Inglaterra, deixou a aviação terminada a guerra com os alemães, dedicando-se depois durante dez anos. ao futebol. Embora nesse tempo, nos anos quarenta e cincoenta do século passado, os jogadores profissionais de futebol ganhassem muito menos do que hoje  ele ganhou o suficiente para investir nesta quinta que os pais exploravam com grandes dificuldades. Conseguiu um pequeno empréstimo, havia tirado um curso prático de agricultura enquanto vivia do futebol .
                         - Lá não é como cá - disse Pedro - não sei quem é que disse que a agricultura é a arte de empobrecer alegremente!
                         - Ora, então não sabes que quem disse isso foi o Salazar!
             Eu não embarquei noutra discussão e atalhei:
                         - Pouco importa quem o disse, o importante é que essa frase reflecte um pouco o espírito de quem faz agricultura em Portugal.
                         - Mas sempre estamos lendo nos jornais notícias sobre o mau estado da nossa agricultura, os inúmeros pedidos de sbsídios para todas as culturas, lá na minha casa os meus pais dizem o mesmo - referiiu Margarida.
                A conversa estava fora do assunto das profissões, no entanto, Fernando não resistiu a argumentar. Também, agrónomo que era , tinha feito agricultura:
                          - São opiniões quanto a mim pouco fundamentadas, disculpem que vos diga.  Eu  fiz agricultura durante vinte anos e nunca perdi dinheiro, sem  receber subsídios.
                          - E qual foi o seu segredo, tinha uma grande propriedade?
                          - Mesmo com grandes propriedades há agricultores que perdem dinheiro ou vão vivendo cheios de dificuldades. Uma indústria próspera se passa para mãos incompetentes pode passar por grandes dificuldades ou mesmo ir à ruina. Não faltam casos desses. Não, no meu caso eu e os meus irmãos herdámos uma propriedade de dimensões médias e que me permitiu algumas inovações. Na agricultura, aliás como na indústria e no comércio, quem inova, quem procura soluções diferentes, quem não é daqueles que imita o vizinho e não consegue ter ideias próprias, esses não passam da cepa torta, como antes se dizia.
(continua)
                        

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