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domingo, 17 de fevereiro de 2013

Conversa à mesa duma pastelaria(2)

        - Eu tambm o conheço, o senhor não tem um Citroen de cor azul? - indagou Francisco
        - Sim é o meu carro.    Mas eu não queria interromper a vossa conversa que, segundo suponho era sobre a vossa futura vida profissional. Quando eu tinha a vossa idade e no último ano do liceu tambem falava com os meus amigos, nenhum de nós ainda não se decidira sobre o curso a tirar, naquele tempo para se entrar na universidade técnica rínhamos de fazer um exame de admissão, para cursos de letras, de direito de história, a entrada era livre.
        Margarida interrompeu Fernando, dizendo:
              - Agora é livre em todas as universidades, só temos de escolher.
              - E no fim dos vosssos cursos do liceu, como decidem?
              - Há universidades para todos os gostos - disse Francisco, acrescentando - o problema para mim e muitos colegas nossos é a escolha, uns teem alguma informação dos pais ou de amigos mas cá por mim, embora goste mais de ciencias que de letras, ainda não escolhi, ainda não me decidi.
         Fernando, terminando de beber a bica que levara para a mesa, disse, sorrindo :
               - Exactamente como no meu tempo. Mas suponho que eu tive alguma sorte. Em conversa com os meus amigos resolvemos fazer uma viagem à boleia. Eu já perdera, um ano antes, o meu pai. A minha mãe era uma mulher muito avançada para a idade, tinha a formação duma menina adorada pelo seu pai, que lhe proporcionara aulas de piano, de canto, de pintura e quando eu lhe falei em viajar à boleia disse-me logo que sim. Tinha acabado o curso dos liceus, estava hesitando entre medecina e agronomia, fiz os dois exames de admissão, passei, mas continuei sem me decidir,  qual dos cursos frequentaria.
               - E como se decidiu - perguntou Margarida
               - Olhe, Margarida, um dos meus amigos disse-me que ia apanhar maçãs para Inglaterra, fui à embaixada inglesa, ali na Rua do Salitre e lá disseram-me para preencher uns papeis, nome, bilhete de identidade, número do telefone, autorização da tropa e que dentro de alguns dias me telefonariam dando-me a resposta...
        Foi Pedro que interrompeu Fernando:
               - Autorização da tropa?
         
        João Manoel, que seguia atentamente o que Fernando dizia, acrescentou:
               - O meu pai contou-me que quando terminou o liceu ainda existia o serviço militar obrigatório e que ningem podia sair de Portugal sem uma licença militar.
         E Fernando continuou:
                - Mas poucos dias depois, telefonaram-me da embaixada informando-me que poderia ir trabalhar para uma quinta no Sussex, uma região de Inglaterra, a partir de quinze de Julho, ganharia dois xelins por caixa de fruta apanhada, os transportes, alojamento e alimentação seriam por minha conta, que era obrigatórioa tirar o passaporte e outras condições.
(continua)            

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