Lamentos pelo que fazemos
Nada faço
lamentando o trabalho que tenho. Tudo me agrada fazer desde os
trabalhos caseiros, aos normais da vida. Sempre me habituei a
faze-los sem esforço, embora por vezes fique a suar, sem
sentir obrigação. Se são ocupações que fogem à rotina da vida
mas que sinto a necessidade de os efectuar, de imediato penso
que terá de ser como tantas outras coisas ou actos a que me
habituei: tomar banho todos os dias, vestir-me e calçar-me,
respirar, andar, etc. que um dia, no passado, começaram a ser para
mim uma ocupação natural de parte do meu tempo. O que oiço a muita
gente dizer, que lá em casa, que maçada, todos os dias teem que
lavar a louça, um dia por semana lavar a escada com a
esfregona, todos os dias ou umas tantas vezes por semana ir ao
supermercado comprar isto ou aqueloutro que faz falta na dispensa,
que chatice hoje é o dia de visitar aquela familia, são
frases que me parecem ridículas, porque essas mesmas pessoas todos
os dias andam dum lado para o outro, todos os dias se vestem e
atam os sapatos, todos os dias dão a comida ao gato ou ao cachorro,
muitos dias limpam o cócó destes no tapete da sala, todos os dias
fazem uma data de coisas sem sentirem que a vida as obriga mais ou
menos, sem se lamentarem nem sequer pensarem no que custa fazer.
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