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Não gosto de quartos fechados
De caixas, tumbas, gavetas,
De armários, sarcófagos, pirãmides
Esses hoteis da escuridão
Adoradores do negro
Residências das ausências
De compartimentos secretos
De coisas entregues
Aos tribunais do abandono
Esquecidas, sem afagos nem ternuras
Sem abraços de ninguém
Sem luz, de ares viciados
Dos algodões apodrecendo
Das lãs encardecendo
Das rendas desfiando ilusões
E de outras coisas que não tinham
Outro sítio onde cair
Muita gente é viciada no guardar
Em muitas lhes surge o gosto de esconder
Poucos guardam os desejos de fantasia
E muitos cessam de sonhar
São os que guardam
São os que escondem
São os que ocultam
São os que escurecem
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