É fácil acomodar-nos dentro do nosso sobretudo sobre uma camisola de lã, o termómetro da sala nos vinte e dois graus, um pratinho ao lado com o petisco e segurando o copo com o tinto escolhido.
É fácil esquecer o que refere com profusão a escritora Svetlana Aleksievitch, no seu livro "O fim do homem soviético". É fácil, quando o comodismo em que vivemos empalidece, esquece e borra completamente todos os horrores que o homem em feito sofrer muitos homens do seu país, todas as torturas que tem permitido e provocado sob a capa da legitimidade política ou da ditadura obtida pelo populismo oportuno, por sufrágios falsificados, pelo ilusório, cínico e hipócrito amor pátrio. e
É muito diferente e difícil, suportarmos vinte graus negativos, na rua, sem abrigo, tendo por camisa e calças apenas umas folhas de jornal e ao lado os cadáveres da família assassinada.
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