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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Vícios

Quando tinha dez ou onze anos, na grande caixa de lata, com plateia,geral e balcão, que era o antigo cinema de Portimão, passei horas à porta do cubículo onde o projector do filme emitia as imagens e o som para o "ecran" da sala. Ficava ali, hipnotizado, vendo a película a desenrolar-se na bobina superior da máquina. A minha melhor brincadeira eram os bocados de filmes que eu passava em casa, num projector de lata que nada projectava, e onde com uma pequena manivela, enrolava na bobina de baixo(com uns cinco ou seis centímetros de diâmetro) o filme previamente enrolado na bobina colocada por cima. Assim passava um metro de filme ou pouco mais, retirado das sobras das colagens, que o operador do cinema me oferecia de vez em quando .
O vício durou alguns anos. Acabou, passados que foram os seis anos de colégio,mais os cinco da universidade,em Lisboa. As carradas de matérias dos estudos com que preenchi e por vezes intoxiquei a memória, as dores de barriga dos exames, os namoros, os bailaricos de São João e dos carnavais,os verões a torrar na Rocha , acabaram com todos os vícios ingénuos dos primeiros anos de vida.
E assediaram-me outros, alguns muito piores e mais dificeis de lhes resistir e apagar.

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