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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Duas pedras

           Nunca passo duas vezes pelo mesmo pensamento
           Há sempre qualquer pequena diferença
           A mesma que existe entre duas pedras da calçada
           Ou entre estas duas brancas e polidas pelo mar
           Que vieram parar aqui à minha frente, imperturbáveis.
           Encontrei-as juntas passeando pela praia,
           As ondas vinham morrer em cima delas
            Rolando-as a polindo-as um pouco mais
            Batiam uma contra a outra e cantavam
            Uma canção que se unia à canção do mar
            Apanhei-as num intervalo sem ondas
            Trouxe-as no bolso direito das calças
             Parece-me que ficaram quentes e incomodadas
             Pelo cheiro do dinheiro que saía das moedas
             Tão diferente do cheiro do mar e da maresia.
             Mas quando repararam onde as pousei
             Num sítio que escolhi, não em qualquer lado,
             Ficaram quietas e suspiraram de brilho e de alívio
             Por eu não as ter metido e condenado
             Por muitos anos, p'ra dentro dum betão armado.

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