A uma prima irmã da minha Mãe, há uns oitenta anos, em casa dos seus pais, ouvia eu dizer:" hoje temos branduras de Agôsto, o figo vai ficar bom!"
- Oh tio João - eu que nessa casa passei muitos dias de alguns verões, tinha muitas conversas com o meu tio-avô João Ramos - o que é isso das branduras de Agôsto que a tia Neva está falando?
- As branduras, Ghés, (êle tratava-me sempre por Ghés um dia explicarei porquê), são as névoas húmidas de algumas manhãs de Agôsto. Tu já viste como se secam os figos, naquelas esteiras de canas e que se põem ao sol com o figo espalhado por cima, não viste?
- Sim, tio João, mas porque é que o figo fica bom?
- O figo fica bom, se não há branduras, o figo não fica tão bom.
E eu, com a expontaneidade de criança, continuava o interrogatório:
- Porquê, tio Joâo?
- Porque sem branduras o figo fica seco em poucos dias e não fica tão bom.
êste meu tio avô João foi o que me ensinava quadros brejeiras, como esta:
"Homem môrto é um defunto
Prato rachado é um caco
Pé de pôrco é um presunto
E o olho do cú um buraco"
e mais esta, para que os meus descendentes as possam conhecer e ensiná-las aos seus netos:
" Sou soldado valoroso
Fui à guerra do Buçaco
Apanhei um tiro nas costas
Inda cá tenho o buraco"
Desconheço os autores, já tentei encontrá-los, o que não consegui.
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