O meu Pai, um conversador muito apreciado, nas refeições de família, referia-se muito, pelo meio das suas histórias, aos subordinados e aos inimigos. E, nas primeiras aulas de português do segundo ano do curso de liceu, grande foi a minha admiração quando o professor se referiu às orações subordinadas adversativas. Na minha inteligência ainda pouco desenvolvida custava-me a entender e aceitar que duas orações podiam ser subordinadas e ao mesmo tempo adversativas, contrárias , opostas, adversárias, inimigas, só assim o explicava o mestre. Ora o meu Pai, o meu Deus lá em casa, é que falava certo, um subordinado não podia ser inimigo, um subordinado obedece ao seu superior, um inimigo só obedece ao seu superior.
A grande diferença é que o meu Pai, para explicar o que dizia, contava histórias que todos percebíamos, o professor de português apresentava-nos palavras, tais como subordinado ou como adversativa, apenas nos dando os significados respectivos. Só até aí chegavam as suas lições.
E nas aulas de história passava-se o mesmo. O professor lia o livro de história adoptado nesse tempo, uma sucessão árida de factos, datas e acontecimentos sem qualquer história ou desenvolvimento, interessante para alunos adolescentes, dêsses factos.
Por isso o professor Hermano Saraiva, falecido há poucos dias, será sempre recordado. Conseguiu, pelos seus programas na televisão, durante mais de trinta anos, despertar em muita gente desde analfabetos aos mais cultos, conseguiu despertar ou aumentar o interesse pela nossa história, pela história de Portugal. Um arquivo valiosíssimo de programas que decerto serão muito recordados e retransmitidos no futuro.
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