*Visita inesperada - 14 -
O Frederico, entretido com o smartfone nem um monossílabo disse mais. Tem quinze anos. Quando eu tinha aquela idade ainda era mais calado, entretido comigo, afastado dos mais velhos. Raramente, contam-se pelos dedos apresentava, aos mais velhos. questões, dúvidas, preocupações. Por isso não estranho nele, a falta de comunicação comigo. Decerto terei de ser eu a incentivar as conversas com ele. Porque os avós também aprendem alguma coisinha com os netos.
E a imagem do cilindro dourado surgiu-me de novo, Esqueci o inquérito à família, a mente derivou, sem inflexão alguma, para Jesus. Nela radicou-se a certeza de nova aparição. E dessa certeza parti para mais reflexão, mais imperativa, mais contundente, como suplemento obrigatório. E suspeito que Jesus não volte a visitar-me por aguardar, sabendo o que vai no meu pensamento, que a razão me auxilie o espírito de maneira a compreender, abranger e aprender tudo o que me dirá, que esteja preparado para aceitar sem reservas, reagir da forma mais útil e aplicar sem demora o que me recomende.
Essa sua primeira visita ou aparição - aparição lembra qualquer coisa de sagrado até aí não vou - ou apresentação, penso que foi no sentido de me tirar o medo, o receio como se receia um fantasma aparecido na forma tradicional dos fantasmas, um lençol esvoaçante voando à nossa volta definindo um corpo no interior.
A voz plácida serena, insinuante, num português correcto, sem nota discordante, afastou-me da surpresa, suprimiu-me as dúvidas, imprimiu-me a convicção sem reservas de que era um ser pensante e real que estava presente.
Penso que o outro Jesus falava dessa maneira para os seus acólitos. E fiquei a desejar uma nova visita deste outro Jesus, aparecido no século vinte e um.
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