A vidinha que levámos constou de sucessos, alegrias, prazeres entremeados de alguns desaires, azares, problemas. Mas se formos honestos teremos de concordar que disfrutamos do que dispusemos, nos anos que decorreram desde que nascemos até hoje, de incontáveis benesses, inúmeras situações felizes, incontáveis acontecimentos favoráveis. Pouco sabemos agradecer a quem cá nos colocou, ao sabor das condições do planeta que o destino nos presenteou para vivermos.
No entanto não podemos esquecer, assobiar para o lado, encolher os ombros perante as agruras por que passam tantos que nos acompanham por cá, menos contemplados pelo destino. É muito fácil dizer "elas e eles que se desenrasquem, não tenho nem sinto culpa das diferenças, se a elas ou eles a vida lhes corre mal, o Senhor lá terá as suas razões, são imperscrutáveis os seus desígnios, talvez noutra vida estejam melhor. E outras "plaisanteries" semelhantes. Não. Eu não esqueço nem me sinto indiferente sobre todos os que estão pior do que eu, dos que passaram pior do que eu, dos que sofrem do frio da fome, de torturas de injustiças. Embora encontre as tais justificações para tantas diferenças, embora encontre muitas razões que podem justifica-las, embora o comodismo tente levar-me para uma indiferença insensível, sempre procuro encontrar razões para tantas diferenças.
Uma das conclusões a que sempre chegue, procurando que não me ofusque a honestidade devida, uma das razões é a de que tem sido o homem a criar as condições nefastas que tocam tantos dos seus semelhantes. A mulher e o homem das cavernos, pelo que sabemos ou imaginamos das suas vidas, tinha uma vida saudável, o seu emprego resumia-se ao aproveitamento dos recursos naturais para
se alimentar e abrigar. As famílias cresciam, nasciam as desavenças, os conflitos, as guerras. E a partir daí, os humanos forma inventando mais e mais motivos para desavenças, para conflitos, para guerras.
É o que nos conta toda a história .
Mas que não chega para justificar o tal encolher de ombros.
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