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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Falei com o Yaga

Recebi há pouco uma mensagem do meu cão, o Yaga, que morreu atropelado por um tractor, há uns anos, com três meses de idade. Não estranhem, não fiquem admirados. A saudade faz destas coisas, é a varinha mágica que nos permite comunicar  com os que, com a morte, perderam o seu corpo aqui, na Terra.
O Yaga, um fila brasileiro nascido em Portugal, desta vez falou-me  da sua condição de cão. Das diferenças entre a sua e a humana.
             - Que, todos os da sua espécie, nunca esquecem o dono, mesmo aqueles que os abandonam ou entregam para abate.
             - Que além do faro apurado, muito superior ao dos humanos, tem outros sentidos que desconhecemos: p.ex. o que os leva a uma lealdade constante até à morte, para quem os adopta.
             - Que desconhecem, como todas as outras espécies de animais, exceptuando a dos humanos, o suicídio. Eu tentei explicar-lhe porque os homens, mais raramente as mulheres, se suicidam. Contra os argumentos que apresentei só me respondia que quem nos põe na Terra é quem tem esse poder, o de decidir a nossa morte.
             - Que, quando peguei nele após ser atropelado, e me lambia a mão pouco antes de morrer, que, o fazia para que não me esquecesse dele. Um gesto que em todas as espécies significa gratidão.(Ao contrário dos humanos. Nestes, esse gesto pode ter muitos significados, alguns dele pouco dignificantes).
             - Que as manifestações de alegria, em todos os animais, significam isso mesmo: alegria pura, contentamento sincero, prazer imenso. 
             - Que um cão, como todos os irracionais,  não mata por prazer. Só o homem e mais raramente a mulher, o faz. E por outras razões desconhecidas para as outras espécies: por avareza, por ódio, por paixão, pela fé em Deus, pela escravatura, por obsessões variadas (política, dinheiro, poder).   

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