Um meu irmão, Afonso Teles de Castro Quadros, irmão germano, passou a maior parte da sua vida em Moçambique - julgo que desde os dezassete anos de idade. Ali casou, ali criou dez filhos. Quase sempre no interior da colónia, apenas vivendo na capital nos últimos anos de vida. Tinha um caracter forte, era destemido, não se interessou muito pelas promoções na sua condição de funcionário administrativo, mantendo-se na categoria de chefe de posto até que foi colocado em Lourenço Marques( Maputo), nos últimos anos de carreira. Na última vez que esteve em Portimão, se não estou em erro, em 1972, confessou-me que nunca lhe interessou a promoção na carreira porque tinha uma família numerosa, o vencimento era muito escasso e tinha de o completar com a venda da caça. Contou-me algumas histórias. De caça, mostrou-me uma foto extraordinária de um leão, no ar, depois de ser baleado. E outra, de um dia, julgo que ofendido pelo que um metropolitano referia, sobre um cunhado, um metropolitano que fazia parte da comitiva dum visitante ilustre, ele, um defensor intransigente da família, não se conteve e atirou o ofensor ao mar, de cima do molhe que percorriam.
Mas e só hoje, conheci um outro facto importante da sua vida, relatado por uma sua filha a Isabel Quadros, no face-book,, do salvamento de trinta mulheres e crianças num rio de Moçambique: um batelão que atravessava o rio - infestado de crocodilos - virou-se. E o Afonso não hesitou, atirou-se ao rio e salvou toda aquela gente. Recebeu uma medalha pelo feito, mas muito mais importante que a medalha foi a coragem e abnegação que revelou.
Não sei se imprensa da época relatou esse feito, mas hoje deveria ser recordado pela actual.
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