Número total de visualizações de páginas

sábado, 4 de fevereiro de 2017

*   
  Vou ver se me entendo 
 
 Vou ver se me entendo. Procurarei saber um pouco mais  de latim, alguma coisa de indu e de grego, não e por saber papaguear uma ou dias declinações, o rosa rosae, um ou dois aforismos dos mais conspícuos, que poderei afirmar que sou um homem culto, sagaz, com sabedoria suficiente para alardear conselhos, recomendar leis, afirmar presunções inabaláveis. A vida também nos traz proveitos, consolações, prazeres quando expomos uma teoria, quando argumentamos baseados na firmeza da opinião, no prestígio dos autores citados, na bondade da ideia que pretendemos se r aceite.  Afirmar que sabemos porque somos doutores é o mesmo que dizer que o que comemos é bom porque temos paladar, que uma pintura é bela porque as tintas são de boa qualidade.
    Mas, feitas as contas, ainda não me entendi. Isto de um se entender tem muito que se lhe diga. Para entender a anatomia própria, terei de voltar à juventude, o que o nosso sistema vital ainda não permite, Para entender o meu espírito, terei de fazer uma revisão dos filósofos que estudei, ou antes de cujos escritos passei pela rama, sem estudo aturado e persistente, Para entender a minha vida  terei de abandonar a fantasia, a vaidade e o orgulho.
      O mais simples é pedir ao leitor que diga o que entende de mim. 

Sem comentários:

Enviar um comentário