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domingo, 26 de fevereiro de 2017

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            Atingi uma idade em que começo a descobrir, a renovar e a disfrutar de alguns dos prazeres cuja descoberta iniciámos  pouco depois de nascermos, conservando na memória algum do espanto então sentido e ainda buscando, com avidez, outros espantos por outras coisas ou por factos inusitados: uma nuvem que nos recorda aquele primeiro invento da imaginação, um estrondo que imita a surpresa do primeiro trovão ouvido, um sorriso sincero como o da minha Mãe, quando me acariciava, afagando-me a roupa, depois de me deitar.
             Hoje atingi os noventa anos e uma semana, de idade. E, quando tinha dezassete e estudava as matemáticas gerais, duvidava que pudesse viver até ao século vinte e um.

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