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quarta-feira, 14 de dezembro de 2016
Essa minha tia
Aquela mulher, viva, irreverente, destinada a ser bonita, não tinha 47 anos, nenhuma mulher tem 47 anos. De homem com 47, diz o seu biógrafo que, com 47 , estaria na plenitude da vida um Cesar, um Alexandre, um Napoleão. Duma senhora com 47 anos nada consta, não foi uma Cleópatra, Joana d'Arc, uma Tatcher, Nenhuma mulher, hoje viva, nasceu em 1969, nenhuma. Mesmo as mais reles, se alguma o é. Mesmo as mais bonitas, quase todas. Porque antes de morrer qualquer mulher enterra a sua idade, nenhuma diz que já teve 47, outras, muito mais velhas que elas, todas sentem a mocidade, todas são casadas com um marido muito mais novo que 47 . E assim , assim, caramba, assim é que está certo. Qual é o marido decente que é casado com uma mulher de 47 anos? Nem sequer há um homem casado com uma mulher de 47 primaveras. Os números não se inventaram para referir a idade duma senhora, nem a duma mulher, poucas gostam de ser chamadas de senhoras, todas apreciam que as chamem, familiarmente, pelo nome que consta do cartão de identidade. A não ser que seja um nome duma antepassada, posto à nascença, um nome irreverente, que dizem cómico, impróprio para o gosto da própria, Como uma tia minha que no cartão de identidade se chamava Ermengarda, o nome duma célebre minha tia avó. E que só queria que lhe chamassem Mimi. Faleceu com noventa anos, mas nunca teve 47. E com razão. Foi sempre bonita.
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