Fingimentos
Que coisa mais absurda
Dizer que uma coisa é preta
De cor preta, negra, azeviche, carvão,
Dizer que uma coisa é preta
De cor preta, negra, azeviche, carvão,
Eu sei cá lá que mais.
Mas no liceu ensinavam-nos
Que o branco é soma das cores
E o negro ausência delas
Então é cor ou não é?
Dizem: pintaram-me de negro a parede
Pintaram-na duma cor ou não?
Se é assim que falamos, então
Quando digo que barra é de ferro
É de ferro ou não é?
E se o ferro é preto, não tem cor?
Mas isto que escrevi não é verso?
Será poesia se não tem verso?
Ou serão versos sem poesia?
Pessoa teve razão: um poeta é um fingidor,
Finge que às vezes escreve versos,
Versos que nem versos são
Mas no liceu ensinavam-nos
Que o branco é soma das cores
E o negro ausência delas
Então é cor ou não é?
Dizem: pintaram-me de negro a parede
Pintaram-na duma cor ou não?
Se é assim que falamos, então
Quando digo que barra é de ferro
É de ferro ou não é?
E se o ferro é preto, não tem cor?
Mas isto que escrevi não é verso?
Será poesia se não tem verso?
Ou serão versos sem poesia?
Pessoa teve razão: um poeta é um fingidor,
Finge que às vezes escreve versos,
Versos que nem versos são
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