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Essa parede espessa que por vezes me pára o pensamento é como um comboio de mercadorias interminavel e emenso que desfila à minha frente na passagem de nivel, o ruido impertinente, constante e sincopado das rodas nos carris atira-me para uma resignação feroz traduzida no desejo assassino do descarrilamento da composição substituido pela implosão implacavel do muro irreal que me prejudica o juizo. Mas, paciência, a vida sem buracos não tem piada não presta, tal como o queijo.
Todavia, nos seis anos vividos por qualquer criança não há buracos que lhe perturbem o pensamento, nem muros espessos de betão armado que lhe ofusquem a realidade e comboios, só de brinquedos desejados no sapatinho do Natal.
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